Se você tem um patrimônio considerável, provavelmente já ouviu mil vezes que “diversificação é tudo“. Mas quando se fala de Renda Fixa para alta renda, essa frase ganha um significado bem diferente do que você pode imaginar.
No Brasil atual, com juros reais que se destacam no contexto global, a Renda Fixa deixou de ser apenas a alternativa conservadora dos investimentos. Ela virou protagonista mesmo, especialmente para quem já passou da fase de construir patrimônio e agora quer preservá-lo (e ainda fazer ele render bem).
Elias Wiggers, assessor de investimentos especializado em Wealth Management e Private da EQI Investimentos, vai direto ao ponto:
“A palavra mágica é diversificação — e, junto com ela, a diluição de riscos”. Mas calma, não é aquela diversificação básica que todo mundo comenta…
Elias Wiggers, assessor de investimentos da EQI
Além do FGC: expandindo horizontes de segurança
Para quem já acumula patrimônio na casa dos milhões, manter-se restrito à proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) pode ser insuficiente. O fundo garante até R$ 1 milhão por CPF distribuído entre quatro instituições (R$ 250 mil em cada), o que significa que o restante do capital permanece desprotegido.
Pense assim: você tem R$ 10 milhões e o FGC protege apenas R$ 1 milhão (distribuído em até quatro bancos). Sobram R$ 9 milhões “descobertos”. “Não faz muito sentido tentar proteger só 10% do seu patrimônio”, alerta Wiggers.
A jogada inteligente aqui é bem diferente do que a maioria faz. Em vez de ficar procurando onde “encaixar” mais R$ 1 milhão protegido pelo FGC, a estratégia é espalhar o risco em diferentes emissores, setores variados e prazos distintos.
Se você chegou nesse patamar, não é possível fazer isso apenas no “olhômetro”.
“Vale contratar uma equipe profissional que faça esse acompanhamento. Isso vai trazer mais segurança e fará toda a diferença”, diz o especialista.
Um fator que faz toda a diferença quando se possui um patrimônio elevado: o mindset. Quem ainda está na fase de “precisar dobrar o dinheiro rapidamente” provavelmente não alcançou esse nível. Mas quem já chegou até lá, sabe que a mentalidade é completamente diferente.
“A absoluta maioria tem foco na preservação do patrimônio, muitas vezes já pensando na sucessão ou no usufruto do capital na velhice”, conta Wiggers. E faz todo sentido, já que essas pessoas já passaram por desafios e assumiram grandes riscos para chegar onde chegaram. Muitas, inclusive, já deixaram organizados todos os temas da herança, sendo devidamente assessorados.
O objetivo, neste estágio, então, é assegurar que os recursos estejam disponíveis quando necessário — seja para viabilizar viagens internacionais, manter um estilo de vida mais sofisticado ou garantir uma aposentadoria financeiramente estável. Afinal, poucos desejam chegar aos 70 anos e perceber que o patrimônio acumulado ao longo da vida foi comprometido por crises ou decisões de investimento equivocadas.
Cenário atual: pós-fixados em destaque
Com o cenário atual marcado por juros elevados e sinais do Banco Central sobre um possível início do ciclo de afrouxamento monetário — ainda sem prazo definido —, a recomendação do especialista é clara: priorizar os investimentos pós-fixados.
De acordo com Wiggers, a falta de previsibilidade exige cautela.
“Por mais que haja sinalização do Banco Central no sentido de que possamos começar um ciclo de afrouxamento monetário, ainda não há clareza sobre quando isso vai ocorrer”, afirma.
A alocação sugerida para 2025 segue uma estrutura de diversificação com predominância dos pós-fixados, que ocupam entre 60% e 70% da carteira. O restante — entre 30% e 40% — é distribuído entre títulos prefixados e atrelados ao IPCA. Os papéis indexados à inflação continuam relevantes, especialmente os de prazo mais longo, compondo de 15% a 20% da carteira total.
A estratégia busca proteção contra a inflação, com potencial de valorização em um eventual corte nos juros.
Segundo Wiggers, o foco da gestão patrimonial é evitar apostas excessivamente arriscadas. “Não somos pagos para tentar antecipar o mercado. Se você acerta, vira o gênio. Mas se erra, pode dilapidar o patrimônio de uma família inteira”, conclui.
“Há muitas incertezas. Ainda não se sabe se o Congresso estará disposto a criar esse precedente político e social delicado”, pondera. A avaliação é de que eliminar incentivos fiscais em um momento em que o país necessita de capital de longo prazo pode ser contraditório.
Mesmo que a proposta avance, o impacto deve ser moderado. A alíquota sugerida de 5% ainda seria inferior à aplicada sobre outros ativos já tributados. Além disso, a mudança pode provocar uma valorização dos papéis adquiridos antes da vigência da nova regra, devido ao necessário reajuste nas taxas de remuneração.
Segundo Wiggers, esse movimento pode representar uma oportunidade: “Quem tiver oportunidade de comprar esses ativos até o final do ano pode se beneficiar.”
Caso a tributação seja efetivamente implementada, a seleção de ativos deverá ser ainda mais criteriosa. A razão é simples: as empresas emissoras podem encontrar mais dificuldades para captar recursos a custos competitivos.
Em um exemplo prático, uma empresa que hoje emite um CRI isento de imposto, caso precise realizar nova captação com tributação de 5%, enfrentará um aumento no custo do dinheiro. Isso pode representar um desafio adicional, especialmente para emissores que já enfrentam pressões financeiras.
“É fundamental verificar se essas empresas têm condições não apenas de honrar a dívida atual, mas também de suportar um refinanciamento futuro em um cenário mais exigente”, alerta Wiggers.
Portanto, a análise não deve se limitar à capacidade de pagamento atual, mas considerar também a resiliência do emissor diante de um ambiente de crédito mais caro.
A diversificação na Renda Fixa vai além de distribuir recursos CDBs e LCIs. Envolve estratégias mais sofisticadas que consideram indexadores diversos (como pós-fixados, prefixados e atrelados ao IPCA), emissores de diferentes, setores econômicos e prazos variados, de forma a evitar concentração de vencimentos.
A recomendação prática é compor carteiras com 15 a 25 ativos, alocando de 1% a 3% por papel — idealmente, cerca de 2% em cada.
“Se houver problemas com um ativo que representa apenas 1% da carteira, o impacto será muito menor do que se a exposição for de 20%”, afirma o especialista.
A lógica segue o princípio clássico de não concentrar riscos excessivamente, preservando a solidez da carteira mesmo diante de imprevistos.
Exposição internacional: proteção contra riscos locais
A alocação internacional também faz parte da estratégia para preservação patrimonial. De acordo com Wiggers, entre 20% e 30% do patrimônio de alta renda deveria estar exposto ao mercado externo, como forma de se proteger do chamado “risco Brasil” e de obter exposição a moedas mais estáveis.
“O dólar, embora também sujeito à inflação, tende a apresentar um índice historicamente menor e mais previsível”, explica. Essa exposição pode ser feita por meio de contas em bancos internacionais, estruturas offshore, ou via PICs (empresas criadas com finalidade patrimonial específica).
Embora os retornos médios em mercados desenvolvidos sejam menores — em torno de 3% a 4% ao ano —, o ganho está na estabilidade e na proteção contra choques locais.
A recomendação de Wiggers é clara: esses produtos devem ocupar entre 5% e 15% do portfólio, dependendo do perfil de tolerância ao risco do investidor.
“O objetivo é buscar um retorno acima da média, sem comprometer a estratégia de preservação patrimonial”, explica.
Os FIDCs, por serem estruturados como fundos, permitem a diluição dos riscos entre os cotistas e contam com gestão profissional. Entretanto, costumam ter liquidez mais restrita, o que exige planejamento em caso de necessidade de resgate.
Erros comuns a evitar
Entre os erros mais frequentes está o foco exclusivo na rentabilidade, desconsiderando o risco. A promessa de rendimentos acima da média — como 200% do CDI — pode atrair, mas muitas vezes esconde fragilidades.
Wiggers observa que esse comportamento é recorrente entre investidores com alto patrimônio, que acabam expostos a oportunidades supostamente únicas, como projetos milagrosos de criptomoedas ou negócios disruptivos sem fundamentos sólidos.
Quando o capital envolvido é significativo, uma perda pode comprometer não apenas a rentabilidade, mas o padrão de vida e a segurança da família. “Talvez o investidor já tenha vendido a empresa que construiu e não tenha mais aquele gerador de oportunidades”, alerta.
A recomendação é clara: analisar o risco com profundidade é mais importante do que buscar retornos extraordinários.
Embora existam fundos previdenciários de Renda Variável, o uso da previdência como instrumento sucessório se justifica pela previsibilidade e segurança que a Renda Fixa oferece aos herdeiros.
Além da previdência, estruturas offshore também são recomendadas para quem deseja diversificar geograficamente e proteger o patrimônio em moedas mais estáveis.
“A previsibilidade é justamente a grande vantagem de se investir em renda fixa com foco sucessório”, pontua Wiggers.
A lógica é a de uma estrutura planejada com antecedência, onde os processos já estão organizados e prontos para execução.
Mensagem final: equilíbrio e perspectiva
Por fim, a mensagem central gira em torno da clareza de objetivos e da consciência sobre o momento de vida de cada investidor. Para quem está em fase de construção de patrimônio, assumir mais riscos pode fazer sentido. Já para aqueles que já acumularam recursos, a preservação ganha prioridade.
“Com juros historicamente altos, nem sempre vale a pena assumir volatilidade. Muitas vezes, após 10 anos, o retorno obtido na renda variável se aproxima ao da renda fixa, mas com muito mais desconforto no caminho”, observa Wiggers.
O contexto brasileiro também contribui: enquanto a renda fixa local entrega cerca de 15% ao ano, o retorno anualizado da bolsa americana gira em torno de 8%. Isso coloca o Brasil em uma posição incomum, em que a renda fixa oferece rentabilidade superior à de ativos de risco em economias desenvolvidas.
A conclusão, segundo o especialista, é objetiva: “Antes de buscar maiores retornos, é essencial proteger o que já foi conquistado.” Para ele, uma rentabilidade de 110% a 120% do CDI já é suficiente para manter o poder de compra e garantir a solidez patrimonial.
“Empresas não crescem da noite para o dia. Elas crescem com base sólida, entrega de valor e gestão eficiente — o mesmo vale para o patrimônio pessoal”, conclui.
Leia a entrevista na íntegra!
EuQueroInvestir: O que caracteriza uma boa estratégia de renda fixa para investidores de alta renda?
Elias Wigger: Quando a gente fala sobre o que caracteriza uma boa estratégia de renda fixa para investidores de alta renda, basicamente a palavra mágica é diversificação — e, junto com ela, a diluição de riscos.
Para quem tem bastante capital, não faz muito sentido ficar pensando apenas no FGC, o Fundo Garantidor de Crédito. Se a pessoa se limita a aplicar só em ativos que contam com essa proteção, ela acaba restrita, principalmente, aos ativos bancários. E nem todos, né? Os mais comuns são CDB, LC, LCA, entre outros. Eles têm cobertura do FGC, mas até um limite: R$ 1 milhão, distribuídos em até quatro instituições diferentes.
Então, se você tem, por exemplo, R$ 10 milhões, não faz sentido tentar proteger só 10% do seu patrimônio. É claro que os outros 90% também são extremamente importantes, e você vai precisar ser diligente com eles.
Não é que a gente imagine que vão quebrar, simultaneamente, os quatro bancos nos quais você alocou aquele milhão protegido. Não é esse o ponto. A questão é que, ao focar só nisso, você fica muito limitado, olhando apenas para um único fator.
Por isso, o mais inteligente é diversificar, diluir bem os riscos, distribuir entre emissores, entre empresas, e ter um monitoramento realmente eficiente dessas posições e do mercado como um todo. Em muitos casos, vale, inclusive, contratar uma equipe profissional que faça esse acompanhamento para você. Isso vai te trazer mais segurança e, certamente, fará toda a diferença no processo.
Porque, no fim, a renda fixa já carrega naturalmente essa característica de proteção. Mas, principalmente para quem busca preservação de patrimônio, o ponto de partida sempre deve ser esse: proteger o patrimônio. Essa é a premissa inicial — e só depois faz sentido começar a olhar para taxas ou focar exclusivamente na rentabilidade.
EuQueroInvestir: Quais são os principais objetivos desse público ao investir em renda fixa? Preservação, diversificação, proteção, retorno?
EW: Em geral, essa já é mesmo uma característica da maior parte dos clientes — eu diria que da absoluta maioria: o foco está na preservação do patrimônio. Muitas vezes, isso já é pensado até sob a ótica da sucessão, ou do usufruto desse capital mais adiante, na velhice, por exemplo.
São pessoas que trabalharam muito, assumiram muitos riscos para acumular esse patrimônio. Algumas já fizeram a partilha dos bens em vida, resolveram a questão com os herdeiros, e agora o objetivo é preservar esse capital para garantir uma velhice mais tranquila. Ou então, mesmo que a ideia seja consumir esse dinheiro ao longo da vida, o foco ainda é garantir que ele esteja disponível para viajar, aproveitar, gastar com hobbies — enfim, para usufruir com tranquilidade.
Parte-se do pressuposto de que esse dinheiro precisa ser preservado. E, para isso, é necessário encontrar as melhores estratégias. A renda fixa entra justamente nesse ponto, como um instrumento de segurança, que reduz a oscilação do patrimônio e traz uma dinâmica mais previsível para o futuro.
Essa previsibilidade é fundamental para que os projetos e sonhos possam ser realizados lá na frente. Ou, no caso de quem já está nesse momento de usufruto — que já resolveu sua vida, já atingiu certa idade —, o objetivo passa a ser gastar esse dinheiro de forma consciente, garantindo que ele não seja consumido de forma abrupta por alguma crise financeira ou evento fora do seu controle. E para que isso não aconteça, é essencial fazer o acompanhamento da taxa de juros, da inflação, das condições econômicas. Caso contrário, a pessoa pode se programar para usar esse patrimônio em dez anos, mas, dependendo do cenário, ele pode não durar esse tempo todo.
Por isso, há um foco muito grande na preservação. E isso é natural, principalmente entre os clientes brasileiros. São pessoas que, como eu disse, assumiram muitos riscos ao longo da vida para acumular esse patrimônio — e, por isso, tendem a ter um perfil mais conservador. A lógica é proteger esse capital ao longo do tempo.
EuQueroInvestir: Diante do atual cenário de juros elevados — e com uma sinalização do Banco Central de interrupção do ciclo de alta, embora sem clareza sobre quando começará um corte —, quais tipos de títulos de renda fixa fazem mais sentido hoje? Prefixados, IPCA+ ou pós-fixados?
EW: De um modo geral, a gente tem mantido o direcionamento das carteiras muito focado em pós-fixados. Por mais que haja uma sinalização positiva do mercado — e também do próprio Banco Central — no sentido de que, em breve, possamos começar um ciclo de afrouxamento monetário, com redução da taxa de juros, ainda não há muita clareza sobre quando isso, de fato, vai ocorrer. Isso porque o nível de insegurança, tanto local — com questões relacionadas ao próprio governo e ao processo eleitoral que vem pela frente —, quanto no cenário externo, está muito alto. O ambiente lá fora está extremamente instável. Às vezes, basta um tweet ou uma escalada em algum conflito geopolítico para mudar completamente o humor do mercado. São riscos que todo mundo está vivenciando e que tornam muito difícil qualquer antecipação mais precisa dos movimentos.
E aí volto a um ponto importante: quando somos contratados pelos clientes para proteger e preservar patrimônio, não somos pagos para tentar antecipar o mercado. Porque, se você acerta, ótimo, vira o gênio. Mas, se você erra, corre o risco de dilapidar aquele patrimônio e até comprometer os planos de uma família inteira.
Por isso, nossa abordagem tem sido mais cautelosa. Seguimos priorizando o pós-fixado. Mesmo com as taxas começando a ceder marginalmente, elas ainda estão altas e devem permanecer assim por um bom tempo.
Obviamente, dentro do conceito de diversificação — que não é só diversificar emissores ou produtos, mas também os indexadores —, mantemos uma parcela em pré-fixados, aproveitando que ainda há uma “gordura” nas taxas. Então, mesmo que a Selic eventualmente suba um pouco, se você carrega, por exemplo, um pré-fixado a 17%, ainda há uma margem de segurança razoável. E dificilmente esse juro subiria rapidamente para algo como 18%, o que permite fazer alocações também nesse tipo de ativo.
À medida que tivermos mais sinalizações claras do mercado, aí sim podemos avaliar travar mais capital para garantir um carrego de juros em patamares mais altos.
Além disso, o IPCA+ sempre faz parte da estratégia, especialmente nos ativos mais longos. Porque são esses ativos que precisam proteger contra a corrosão do poder de compra ao longo do tempo. Por isso, normalmente, alocamos entre 15% e 20% das carteiras em ativos atrelados à inflação. Essa classe, além de ajudar na preservação do patrimônio, também se beneficia num cenário de queda de juros, pois tende a gerar ágio na venda antecipada. Isso acontece principalmente nos papéis mais longos — acima de 10, 15 anos —, que costumam estar indexados ao IPCA. Então, essa diversificação não se limita apenas ao tipo de ativo, mas também aos indexadores da carteira.
Para dar um exemplo prático, as carteiras, hoje, seguem mais ou menos essa composição: cerca de 60% a 70% em pós-fixados, e os outros 30% a 40% divididos entre pré-fixados e IPCA+. Na prática, se forem 40%, ficaria mais ou menos 20% para cada um; se forem 30%, então, 15% para cada. Isso pensando em uma carteira exclusivamente de renda fixa, voltada para aquele cliente mais conservador.
EuQueroInvestir: Ainda faz sentido apostar em títulos longos atrelados ao IPCA? Ou o momento pede mais cautela nos prazos?
EW: Eu acho que sim, o momento pede cautela em relação aos prazos. A gente não está muito confortável em assumir prazos longos. De todo modo, essa postura também está vinculada à ideia de diversificação dos indexadores. Por isso, sempre há espaço para títulos IPCA+ nas carteiras.
No momento em que tivermos sinais mais claros, e os dados — não só a taxa de juros, mas outros indicadores econômicos — convergirem para o que entendemos ser um ambiente favorável para cortes na Selic, esses títulos IPCA+ podem se valorizar bastante.
Hoje, se você analisar qualquer papel com prazo acima de 10 anos — ou, pelo menos, a absoluta maioria deles —, verá que estão atrelados ao IPCA. Dentro desse cenário, para tentar capturar a queda dos juros que, naturalmente, deve acontecer em algum momento, esses ativos fazem bastante sentido. E, quanto mais longos os títulos, melhor. Porém, reforço que temos sido bastante cautelosos para não assumir prazos muito longos nem travar demais o capital da carteira do cliente.
EuQueroInvestir: Historicamente, os ativos isentos de IR, como CRIs, CRAs e Debêntures Incentivadas, sempre foram bastante atrativos para investidores de alta renda por conta da eficiência tributária. Diante do projeto de lei que propõe tributar esses produtos a partir de 2026, como vocês estão olhando para eles hoje? Ainda fazem sentido?
EW: É importante destacar que, em relação à possível alteração do regime tributário dos ativos isentos, ainda muita coisa vai acontecer. Isso depende de várias questões a serem analisadas, como leis complementares, entre outras, e nem se sabe ao certo se o Congresso estará disposto — ou será amistoso com o governo — para criar esse precedente político e social delicado.
Isso porque a retirada da isenção desses papéis ocorre num momento em que não só o Brasil, mas o mundo todo — e principalmente o Brasil — depende do capital de longo prazo para estimular a economia. Esse capital vem dos poupadores, das pessoas que têm dinheiro guardado e que, através do mercado financeiro, do mercado de capitais, chega para quem precisa de crédito.
Quando há bastante poupança de longo prazo, fica mais barato e viável para uma empresa captar recursos para fazer investimentos — como compra de máquinas, expansão de fábricas, enfim, para o crescimento do PIB e outros impactos positivos na economia.
Se essa isenção for retirada, todo esse ecossistema sofre um impacto. Por isso, é importante frisar que ainda não temos convicção plena de que essa mudança será definitiva. Provavelmente, o tema precisará de mais análise e discussão no futuro.
De todo modo, ainda faz sentido alocar nesses ativos. Mesmo com a previsão de um imposto de 5% sobre o rendimento, essa alíquota é menor do que a dos outros ativos, que já não eram isentos e têm impostos maiores que esses 5%.
Além disso, no momento em que essa nova tributação for implementada, haverá um ajuste positivo no preço dos ativos atuais. Isso acontece porque será necessário recalcular a taxa já considerando o desconto do novo imposto de renda.
Quando se ajusta a taxa para refletir o imposto, o preço unitário do papel (PU) tende a se valorizar. Portanto, quem tiver oportunidade de comprar esses ativos até o final do ano pode se beneficiar, pois provavelmente haverá um ganho efetivo no momento da implementação dessa nova tributação.
EuQueroInvestir: Sabemos que, mesmo com a isenção de IR — ou até 2026, caso a proposta de tributação avance —, produtos como CRIs, CRAs e Debêntures Incentivadas não estão livres de riscos. Quais são os principais cuidados que o investidor precisa ter na hora de escolher esses ativos? E esse risco passa a ser ainda mais relevante com a possibilidade de perder o benefício fiscal no futuro?
EW: Bom, em relação a esses ativos isentos — lembrando que LCI e LCA, por serem ativos bancários, também são isentos e entram nessa nova questão tributária —, nesse caso eles contam com a proteção do FGC. Mas volto a frisar que, para investidores de alta renda, não faz muito sentido focar no FGC, porque isso limita demais as opções.
Sobre CRI, CRA e os ativos incentivados, não há um impacto direto imediato dessa nova tributação em relação ao risco desses papéis. O impacto é mais indireto, como mencionei anteriormente. Se a isenção for retirada, a poupança de longo prazo pode diminuir, tornando mais caro e difícil para pequenas empresas obterem crédito barato no mercado.
Se os juros ficarem altos por muito tempo e a empresa tiver algum problema no fluxo de caixa, ela pode precisar emitir uma nova dívida — por exemplo, um novo CRI ou CRA —, mas agora com custo maior, porque o ativo não será mais isento. Para empresas com caixa comprometido e dificuldade para pagar a dívida atual, se os juros estiverem baixos, tudo bem — elas podem trocar a dívida por uma mais barata. Mas se os juros se mantiverem altos ou diminuírem pouco, mesmo assim não compensará o aumento do imposto de 5% sobre o rendimento. Assim, a dívida pode ficar mais cara.
Isso cria um efeito dominó, ou um castelo de cartas, que pode gerar um problema maior no futuro. Por isso, é mais importante do que nunca analisar a saúde financeira dos tomadores de dívida, ou, na perspectiva do investidor, dos emissores desses papéis. É fundamental verificar se eles têm condições não apenas de honrar a dívida atual, mas também de suportar uma dívida futura dentro das novas condições do mercado.
EuQueroInvestir: Caso essa tributação sobre os ativos isentos avance no Congresso, você acredita que haverá uma mudança estrutural na forma como o investidor de alta renda monta sua carteira de renda fixa? Para onde poderiam migrar esses recursos?
EW: De verdade, no nosso entendimento, provavelmente vai mudar muito pouco a dinâmica de alocação dos clientes de alta renda. Porque, na síntese, na íntegra, pouca coisa vai mudar. Eles vão continuar precisando analisar risco de emissor, risco de sacado, risco de mercado, enfim, dentro de um contexto de diversificação. Obviamente, não deveriam estar muito expostos a uma única empresa, segmento ou emissor.
Então, acho que a dinâmica não muda. O que pode ocorrer é que, como não vai mais ter tanto estímulo para aquelas rendas fixas isentas, talvez alguns outros ativos não isentos, mas que têm predicado de segurança maior, não sejam mais preteridos.
Hoje, acontece o seguinte: você olha dois riscos que são muito parecidos, mas, no caso A, o ativo não é isento, e no caso B, ele é isento, e as taxas são semelhantes. Normalmente, o investidor vai para o isento, porque a taxa é parecida, só que ele não paga imposto, então ganha mais. Essa preferência ocorre, mesmo que o ativo isento tenha um risco maior envolvido.
Com a cobrança do imposto adicional, isso terá que ser repensado. Você vai olhar para o outro ativo, que não é isento, mas que tem risco menor e paga uma taxa um pouco mais baixa. A taxa tem relação com o risco, porque quem tem mais risco precisa pagar mais para atrair compradores. Às vezes, as taxas são próximas porque o ativo não isento paga um pouco a mais pela falta de isenção. Agora, o investidor poderá ser mais analítico nesse sentido. Então, sim, há um aspecto de melhoria na análise que pode ser observado a partir dessa nova dinâmica tributária.
De um modo geral, acredito que as apostas continuarão sendo diversificação e desindexação — não ficar 100% em IPCA+ nem 100% em renda variável, mas construir uma carteira realmente diversificada pensando na preservação do patrimônio.
Isso porque, no Brasil, ainda temos uma das taxas de juros reais mais altas do mundo — talvez até a mais alta atualmente, ou, pelo menos, entre as cinco maiores. Portanto, nas economias desenvolvidas, o cenário é diferente.
Então, realmente faz muito sentido no Brasil alocar em renda fixa, porque o retorno compensa. Por exemplo, o ganho anualizado médio da bolsa americana gira em torno de 8% ao ano. Aqui, a taxa de juros está em torno de 15%. Mesmo que você ganhe 10% ou 12% na renda fixa, isso ainda supera o risco da renda variável nos Estados Unidos.
Lá, a renda variável tem menor oscilação porque é uma economia mais desenvolvida. Algumas ações americanas oscilam menos do que certos títulos de renda fixa marcados a mercado aqui no Brasil ou em outros países emergentes.
Mas, voltando à dinâmica da alocação no Brasil, não há muito para onde fugir: os ativos estão aí. O que o investidor vai precisar fazer são algumas métricas para entender que, com a cobrança do imposto, talvez a rentabilidade não seja a mesma de antes — mas isso faz parte do processo natural de evolução dos mercados.
EuQueroInvestir: Como vocês trabalham a diversificação dentro da própria renda fixa? É por setor, por prazo, por tipo de indexador ou por qualidade de crédito?
EW: Eu acho que já respondi boa parte desse item em outros áudios. A gente trabalha com indexação múltipla — IPCA, pré-fixado, pós-fixado, ou até eventualmente outros indexadores, que são mais raros, mas às vezes aparecem. Por exemplo, fundos imobiliários que têm alguma indexação internacional ou ligados ao setor da construção civil, como o INCC.
Essa diversificação por múltiplos indexadores é básica para as carteiras. Claro que há uma dinâmica de atuação conforme o cenário — às vezes você está mais exposto a pré, outras vezes a pós ou a IPCA. Isso é natural.
Mas, independente do cenário, pensar em diversificação por setores, por empresas, por emissores, por títulos — e, no caso dos bancos, também por instituições — é fundamental. Isso porque, se você tiver um problema, como um default, ou atraso no pagamento de um investimento que representa 1% da carteira, isso é muito melhor do que acontecer o mesmo problema com 20% da carteira.
Por isso, é muito comum que as carteiras aqui estejam mais pulverizadas, com o risco bem diluído. Também é importante frisar que não adianta ter 50 ativos na carteira, porque aí fica difícil monitorar tudo. Por outro lado, também não dá para ter só 5 ou 10 ativos. O ideal é ter algo em torno de 15, 20, eventualmente até 25 ativos, para distribuir bem, pulverizar o risco e manter uma exposição equilibrada.
Em geral, a recomendação é que a alocação em cada um desses papéis fique entre 1% e 3%, com preferência para cerca de 2% por ativo.
EuQueroInvestir: O investidor de alta renda deve considerar ativos no exterior dentro da sua parcela de renda fixa? Isso faz sentido na sua visão?
EW: Sim, dentro da nossa visão, faz sentido pensar na alocação global e expor uma parte do patrimônio dessas famílias — justamente pensando no contexto de perpetuação e proteção patrimonial. Faz sentido, sim, investir no exterior, porque é uma forma de se expor a uma moeda forte.
A tendência, até pelo fato de o Brasil ter juros mais altos e uma economia mais problemática — vamos dizer assim —, é que a nossa inflação seja sempre mais alta. E a inflação, inevitavelmente, corrói poder de compra. Já o dólar, embora hoje também esteja com uma inflação um pouco mais alta, historicamente tem uma inflação muito menor e tende a continuar mais baixa, justamente porque os juros nos Estados Unidos são estruturalmente mais baixos e há muito mais estabilidade econômica.
Portanto, sob a ótica de proteção, faz muito sentido. Eu diria que, hoje, algo entre 20% e 30% do patrimônio de quem realmente está no segmento de alta renda deveria estar exposto a mercados globais.
E essa exposição pode ser feita de diversas formas: por meio de um banco nos Estados Unidos, nas Ilhas Cayman, em Luxemburgo, na Europa… enfim, onde fizer mais sentido para o cliente. Pode ser também através de uma estrutura offshore, como uma PIC (Private Investment Company), que é uma empresa constituída especificamente para esse tipo de finalidade. Existem várias formas de estruturar isso.
E eu diria que essa diversificação é bastante desejável, inclusive na renda fixa. Claro, lá fora você não vai encontrar as mesmas taxas que temos no Brasil — é natural. Aqui se ganha muito mais dinheiro em renda fixa, justamente pelo risco maior do país. Lá, você precisa se acostumar com taxas muito mais próximas de 3%, 4% ao ano.
Se for para investir em renda variável, aí naturalmente os retornos podem ser bem maiores, mas, pensando exclusivamente em preservação de patrimônio, mesmo que se ganhe menos, o investidor entende que está exposto a uma moeda forte, globalizada, e isso oferece vantagens competitivas importantes no longo prazo.
EuQueroInvestir: Nos últimos anos, vimos um crescimento de produtos como Notas Comerciais e FIDCs. Eles fazem sentido dentro da renda fixa para alta renda? Qual o papel deles na carteira?
EW: Nesse contexto mais amplo, as notas comerciais e os FIDCs fazem bastante sentido dentro das carteiras de alta renda, especialmente dentro da categoria de investimentos alternativos. Eles também fazem parte do universo da renda fixa, pois estão ligados aos mesmos indexadores — como IPCA, CDI, entre outros.
Os fundos de direitos creditórios (FIDCs), por exemplo, são veículos com um nível de risco maior, mas que também têm um retorno projetado mais elevado e mais diluído. É onde você, eventualmente, pode colocar uma “pimentinha” na carteira, buscando retornos acima de 120%, 130% do CDI — algo que dificilmente se encontra em papéis tradicionais de renda fixa.
É verdade que esses produtos envolvem mais risco, mas, por serem estruturados como fundos, o investidor está mais diluído junto aos outros cotistas. Um FIDC pode ser composto por dezenas de recebíveis — 40, 50, 100 ou até mais — e conta com uma equipe de gestão profissional dedicada exclusivamente ao monitoramento desses ativos.
Dentro da linha de alternativos, a gente costuma considerar que mesmo uma carteira conservadora pode ter de 5% a 10% alocados nesses ativos. Em alguns casos, até 15%, dependendo do perfil do investidor e dos objetivos da carteira. O objetivo é buscar um retorno um pouco acima da média, sem comprometer a estratégia de preservação patrimonial.
Ainda assim, é importante ter cuidado com os prazos. Esses fundos, em geral, têm liquidez mais restrita. Então, o ideal é aproveitar o potencial de retorno, mas sem se comprometer demais em relação ao tempo de resgate.
EuQueroInvestir: Existe algum erro comum que investidores de alta renda costumam cometer na renda fixa?
EW: Em geral, o principal erro do investidor de alta renda na renda fixa é olhar apenas para a taxa. É continuar analisando o patrimônio da mesma forma que fazia quando ainda estava construindo esse patrimônio — e são momentos completamente diferentes.
Quando você está no início da jornada, construindo patrimônio, é comum ser mais agressivo. Muitas vezes, o investidor é mais jovem, tem mais tempo pela frente. Mesmo que perca tudo, ainda há tempo para recomeçar. Naturalmente, espera-se que quem é mais novo tenha mais tempo de vida — então, faz sentido assumir mais risco nesse estágio.
Além disso, dobrar R$ 1 milhão para R$ 2 milhões é difícil, mas ainda viável. Muita gente diz que o primeiro milhão é o mais difícil — depois, as oportunidades aparecem com mais facilidade, a escala favorece o crescimento. Agora, se você tem R$ 10 milhões, R$ 20 milhões ou até R$ 100 milhões, a base já é muito maior. Dobrar R$ 100 milhões não é simples — se fosse, teríamos muita gente rica só esperando o patrimônio dobrar.
E é aí que entra o risco da negligência. Quando o patrimônio é muito alto, o investidor começa a buscar outras alternativas — e aí aparece o “videozinho esquisito”, o amigo pedindo dinheiro emprestado, ou aquela promessa de negócio que será “a próxima grande revolução”. É nesse momento que, muitas vezes, se olha só para a taxa de retorno — e se esquece do risco.
Muitos desses investidores acabam se deparando com situações críticas. Perdem uma parte significativa do patrimônio porque negligenciaram a análise de risco. E, nesse patamar, perder 50% pode significar muito: se você tem R$ 30 milhões e perde metade, está com R$ 15 milhões. Só que, talvez, você já tenha vendido a empresa que construiu, já não tem mais aquele gerador de oportunidades. E, agora, os R$ 15 milhões restantes talvez não sejam suficientes para manter seu padrão de vida.
Ou seja: o principal erro é acreditar que basta dobrar o retorno. Todo mundo quer ganhar mais, claro — mas esse ganho precisa ser consistente com a realidade de mercado e com o risco envolvido. Para quem está pensando em sucessão e perpetuação patrimonial, o foco precisa estar na gestão do risco: diluição, diversificação por emissor, por setor, por tipo de produto, controle da exposição máxima… Isso é o que deveria orientar as decisões de alocação. Quem olha apenas para taxa, em geral, está deixando de olhar para tudo isso.
EuQueroInvestir: Pensando em sucessão e planejamento patrimonial, como a renda fixa se encaixa? E produtos como previdência ou estruturas offshore entram nesse contexto?
EW: Aqui é bem simples: a estrutura pode ser feita de várias maneiras, mas, sim, dentro do contexto de renda fixa, pensando em sucessão patrimonial, a previdência faz muito sentido.
Claro que previdência, por si só, não é sinônimo de renda fixa — você pode ter um fundo previdenciário de ações, de renda variável, como é muito comum no Brasil. Mas, nesse caso, o investidor fica à mercê das oscilações do mercado e dos riscos de cada segmento.
Então, quando a ideia é montar uma previdência mais estável, voltada para segurança e sucessão, faz todo sentido pensar em alocações com ativos de renda fixa, utilizando a previdência como veículo sucessório.
Já na parte offshore, como comentei em áudios anteriores, também faz bastante sentido — principalmente quando se pensa em perpetuação patrimonial, exposição à moeda forte e acesso a mercados globais. É uma maneira de sair um pouco do risco Brasil, do risco-país.
E essa exposição pode se dar tanto via renda fixa internacional quanto por meio de participações em outras estruturas, sempre com um pouco mais de previsibilidade.
No meu entendimento, essa é justamente a grande vantagem de se investir em renda fixa com foco sucessório — seja por meio de uma estrutura doméstica, seja via offshore: a previsibilidade que esses instrumentos oferecem.
EuQueroInvestir: Por fim, que mensagem você deixaria para investidores de alta renda que hoje estão excessivamente conservadores ou, ao contrário, buscando risco fora da renda fixa?
EW: Para finalizar, acho que o principal recado é uma síntese de tudo o que falei até aqui: é importante analisar onde você está e onde espera — ou planeja — chegar. Com isso, você também entende o que vai precisar para percorrer esse caminho e quais são as condições atuais de mercado e cenário econômico.
Se o momento for mais favorável, com uma economia aquecida, empresas vendendo bem, aí sim faz sentido buscar um pouco mais de risco na carteira, tentando capturar rendimentos acima da média. Agora, se o cenário não é tão positivo — ainda mais no Brasil, onde temos juros historicamente mais altos e que devem continuar assim por mais tempo —, nem sempre vale a pena assumir risco para lidar com muita volatilidade. Muitas vezes, depois de 10 anos, o que se colhe é um retorno muito próximo ao da renda fixa, mas com muito mais desconforto no caminho.
A renda fixa, nesse sentido, traz mais tranquilidade e previsibilidade. Então, a principal análise é: você ainda é jovem? Tem tempo e energia para recomeçar se algo der errado? Então talvez faça sentido se expor mais, assumir um pouco mais de risco.
Agora, se você já está em uma fase de usufruto, transferindo patrimônio, organizando a sucessão… o foco precisa mudar. O objetivo passa a ser preservação e perpetuação do capital, e aí, naturalmente, a carteira vai ser muito mais conservadora, com foco em renda fixa. Em resumo: entenda onde você está, onde quer chegar e o que tem em mãos — cenário, oportunidades e riscos — para se posicionar da melhor forma.
E, acima de tudo, se você já tem um bom patrimônio, é hora de parar de olhar só para rentabilidade, só para taxa. Pensa que, antes de ganhar mais, é preciso preservar o que já foi conquistado. Afinal, nenhuma empresa cresce da noite para o dia — ela cresce com uma base sólida, com entrega de valor, gestão eficiente e sem se perder no caminho. Esse mesmo raciocínio vale para o seu patrimônio.
Liquidez, gestão cuidadosa, preservação de capital… Tudo isso importa. E se o cenário não está favorável, tudo bem: você não precisa buscar 150% do CDI ano após ano. Ganhar o CDI, ou algo como 110%, 115%, 120% ao ano, já é suficiente para proteger o poder de compra, manter o rendimento real e preservar o patrimônio.
No fim, o que faz diferença mesmo é ter uma análise consistente de risco, um olhar diligente para a diversificação — tanto de emissores quanto de indexadores. É isso que, com absoluta certeza, a gente observa na prática nas carteiras de alta renda: quem foca em diluição de risco e estrutura bem sua estratégia colhe os melhores resultados no longo prazo.