A Itaúsa (ITSA4) apresentou resultados sólidos no 2º trimestre de 2025, com avanço expressivo no lucro e redução relevante do endividamento.
Para Nícolas Merola, analista que acompanha a companhia e participou da teleconferência de resultados, o desempenho reforça a atratividade da holding e abre espaço para dividendos mais robustos ou futuras aquisições.
Lucro robusto e avanço das investidas
No acumulado do semestre, a holding registrou lucro próximo de R$ 8 bilhões, sustentado principalmente pelo Itaú (ITUB4), mas também pelo crescimento de outras empresas do portfólio.
“Praticamente todas as métricas foram boas, vieram fortes e salutares para a companhia. É um resultado limpo, que mostra a força das investidas e a eficiência da gestão”, afirma Merola.
O analista explica que o lucro foi impulsionado não apenas pelo Itaú, mas também por outros projetos que cresceram na casa dos dois dígitos. Segundo Merola, essas participações menores, que representam cerca de 5% do portfólio, geraram sozinhas um resultado equivalente a todas as despesas da holding, fazendo com que os lucros do Itaú cheguem “limpos” para os acionistas.
Endividamento em queda e folga no caixa
De acordo com o analista da EQI Research, a gestão tem trabalhado há pelo menos três anos para reduzir a alavancagem, com uma política consistente de pré-pagamento de dívidas.
“A Itaúsa vem aproveitando sua geração de caixa para pré-pagar dívidas de forma recorrente, e a dívida líquida caiu para algo próximo de R$ 500 milhões”, destaca o analista.
Ele considera essa uma posição “extremamente confortável” para uma empresa desse porte. Merola acrescenta que o perfil da dívida foi ajustado para que não haja pagamentos relevantes nos próximos anos, o que, em sua visão, é uma situação rara que dá à holding uma enorme folga estratégica.
Próximos passos: dividendos ou aquisições
Com essa posição financeira robusta, a administração vê espaço para ampliar a distribuição de proventos ou buscar novas aquisições, embora o cenário econômico atual ainda limite movimentos mais agressivos.
“Uma holding como a Itaúsa tem duas alternativas claras quando está com caixa e endividamento controlados: ou aumenta a distribuição de dividendos, ou volta a investir”, pontua Merola.
O analista ainda observa que, embora a empresa acredite ser capaz de fazer as duas coisas, não há investimentos evidentes no radar no momento. No entanto, quando o cenário macroeconômico melhorar, setores como infraestrutura e agronegócio podem se tornar alvos.
Eficiência tributária e desconto de holding
Merola também destacou que a companhia espera capturar ganhos anuais de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em eficiência tributária a partir de 2027, devido a ajustes no PIS/Cofins — um fator que pode contribuir para reduzir o desconto de holding, que hoje está próximo de 25%.
“O desconto de holding da Itaúsa está historicamente alto, e a própria empresa reconhece que não há justificativa para ele estar nesse nível”, comenta o analista.
Segundo Merola, a futura eficiência tributária, embora não vá transformar o resultado, é um reforço adicional que pode ajudar o mercado a reprecificar o ativo e reduzir a diferença entre o valor de mercado e o valor do portfólio.
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Visão de investimento
Para o analista, o conjunto de fatores apresentados no balanço reforça o potencial de valorização da ação, especialmente se o desconto de holding recuar e a companhia mantiver a disciplina na alocação de capital.
“A Itaúsa vem mostrando evolução consistente em seus fundamentos, reduzindo dívida, melhorando a performance das investidas menores e mantendo um portfólio sólido”, avalia Merola.
Para o analista, existe um grande potencial para o fechamento do desconto de holding. Enquanto isso não ocorre, o investidor pode se beneficiar de uma política de dividendos atrativa. Merola conclui que a tese de investimento faz sentido tanto para quem busca renda quanto para quem foca na valorização a longo prazo.
O lucro da Itaúsa foi impulsionado principalmente pela performance do Itaú (ITUB4), mas também pelo crescimento de outras investidas do portfólio, que tiveram um crescimento na casa dos dois dígitos.
A holding está com uma posição “extremamente confortável”. A gestão tem trabalhado para reduzir a dívida, que atualmente está próxima de R$ 500 milhões, e ajustou o perfil dos pagamentos para que não haja valores relevantes nos próximos anos.
Com um caixa robusto e endividamento controlado, a administração da Itaúsa tem duas alternativas principais: aumentar a distribuição de dividendos aos acionistas ou buscar novas aquisições.
O “desconto de holding” representa a diferença entre o valor de mercado da Itaúsa e o valor total do seu portfólio de investidas. Atualmente, o desconto está em 25%, e a própria empresa reconhece que esse patamar é historicamente alto, o que sugere um potencial de reprecificação do ativo.
Segundo o analista, a tese de investimento faz sentido para ambos os perfis. Enquanto o desconto de holding não diminui e as ações se valorizam, o investidor pode se beneficiar de uma política de dividendos atrativa.