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Renda fixa: o que é e como investir

Renda fixa: o que é e como investir

No mercado de capitais existem diversos tipos de modalidade de investimentos. Estes compreendem uma extensa gama voltada aos mais diversos tipos de investidores, que vão desde aquele que possui o perfil mais conservador até aquele que possuem um perfil mais agressivo, ou seja: que estão dispostos a aceitar uma parcela a mais de risco em troca de uma possibilidade maior de rentabilidade. Dentre os investimentos, está a renda fixa.

É claro que os investidores com perfil mais agressivo partirão para o investimentos em renda variável. Com seus altos e baixos, o investidor pode aplicar seu capital em ações de empresas, acreditando na rentabilidade delas e na capacidade que têm de oferecer bons dividendos aos seus acionistas.

Mas há aqueles investidores que preferem não correr tanto risco e preferem alocar seu capital em investimentos mais conservadores e moderados, embora ofereçam uma capacidade menor de ter uma rentabilidade mais avantajada.

É neste contexto que entram os investimentos de renda fixa. Eles não correm o risco de uma renda variável, mas em troca, os investidores podem auferir retornos mais garantidos.

Além disso, a renda fixa é vista muitas vezes como uma espécie de “porto seguro” para momentos de volatilidade e tensão no mercado, casos em que as ações tendem a cair de forma acentuada, levanto junto seus investidores que preferiram alocar recursos em renda variável.

Falando em tempos de volatilidade, a renda fixa é considerada uma das melhores opções na hora de diversificar a carteira de investimentos. Por meio da ampliação do leque de investimentos, a pessoa pode se proteger contra ambientes hostis aos investimentos, como no recente caso da pandemia da covid-19 ou então na guerra na Ucrânia, cujos primeiros dias provocou quedas intensas nas bolsas de todo o mundo e causou uma disparada nos preços internacionais do petróleo, elevando em questão de dias o barril do petróleo.

No caso da pandemia, a insegurança foi causada pelo fechamento geral de fábricas e pela interrupção da produção de insumos. Muitas matérias primas importantes para a fabricação de uma grande gama de produtos ficou afetada. Conclusão: ações de algumas empresas despencaram, fazendo com que o investidor que aportou recursos na renda variável sofresse perdas.

Mas vamos entender melhor esse tipo de investimento antes de prosseguirmos. Como o próprio nome já define, renda fixa é um tipo de aplicação na qual a rentabilidade do título é definida no próprio momento em que o investidor faz sua aplicação. E isso significa que o retorno é limitado, pois quem adquire um título desse tipo já sabe qual será o rendimento a ser auferido, bem diferente da renda variável, por exemplo.

Porém, também diferente do exemplo da renda variável, possui um grau menor de risco. Assim ele costuma ser mais voltado para investidores com perfis de investimentos considerados moderados a conservadores, ou seja: muitas vezes tem como alvo aquele investidor que prefere não correr muitos riscos, preferindo a segurança de uma renda menor porém estabelecida com mais precisão.

Resumindo: existem diversos tipos de renda fixa que veremos mais adiante: e em muitos deles, consiste em um tipo de “empréstimo”, que o investidor faz a quem está emitindo um título de renda fixa. Um grande exemplo disso, é o Tesouro Direto, onde a pessoa, ao adquirir um título deste, está, na prática, emprestando dinheiro ao governo emissor desse tipo de papel. Com isso, propõem-se alguma condições predefinidas para que o investimento seja realizado e para que o investidor seja convencido a “apostar” nesse tipo de aplicação.

Entre as condições expostas estão a taxa de juros, o prazo da aplicação, a existência ou não de carência, entre outros pontos.

Não só governos podem emitir títulos de renda fixa, mas também banco e empresas, quando estes pretendem usar o dinheiro para alocar em algum tipo de projeto. Mas independentemente de quem seja o emissor, esses títulos funcionarão de forma semelhante. Na verdade, as modificações estão no grau de risco envolvido.

Com relação ao Imposto de Renda (IR), a maioria dos títulos de renda fixa possuem incidência sobre os seus rendimentos. Nesse caso, as alíquotas seguem a tabela regressiva do IR, da seguinte forma:

Prazo   Alíquota IR

Até 180 dias – 22,5%

De 181 a 360 dias – 20%

De 361 a 720 dias – 17,5%

Acima de 720 dias – 15%

Renda fixa: quais são os investimentos em renda fixa?

A partir de agora, vamos conhecer mais a fundo quais são os tipos de renda fixa disponíveis no mercado financeiro. Citamos anteriormente o Tesouro Direto como exemplo de título. E de fato, ele é um dos mais conhecidos e um dos mais procurados, principalmente no que diz respeito à diversificação na carteira de investimentos.

Tesouro Direto

Esse título de renda fixa é considerado por analista do mercado como sendo a aplicação de maior segurança. Isto porque o emissor desses títulos é o próprio governo federal. Portanto, é baixo o risco do investidor possuir algum tipo de risco nesse investimento. A não ser que ocorra alguma contingência política ou crise econômico-institucional, como a que ocorreu na Argentina há alguns anos. Se ocorrer algum calote de pagamento por parte do governo, esse tipo de título também sofre com o calote.

Em relação à remuneração, podem ser prefixados ou pós-fixados híbridos. Para quem tem como objetivo formar uma reserva de emergência, costuma-se recomendar a aplicação no Tesouro Selic, pois ele possui uma liquidez diária e é indexado às variações da taxa Selic.

Por sua vez, para que busca um investimento ou aplicação de mais longo prazo e quer obter rendimentos que possam “ganhar” da inflação – em outras palavras, acompanhar a inflação – o recomendável é optar pelo Tesouro Prefixado ou Tesouro IPCA+. Nota-se que o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – é o índice inflacionário considerado oficial do governo, pois ele é usado para as metas de inflação do governo e também para balizar os títulos do Tesouro Nacional.

CDB

Outros tipos de títulos de renda fixa são os conhecidos e bem divulgados Certificados de Depósito Bancário (CDBs). Estes são emitidos por instituições financeiras, como bancos, para captação de recursos. Na prática, ao adquirir um CDB, o investidor estará emprestando dinheiro à instituição financeira em questão em troca de uma remuneração.

A grande vantagem desse título é que ele possui a proteção dada pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que dá um suporte aos investidores em caso de falência do emissor dos títulos de CDB. Isso vale para até R$ 250 mil por CPF.

Renda fixa

Ao lado do Tesouro Selic o CDB é considerado um dos mais utilizados para a reserva de emergência, embora também seja possível encontrar CDBs de prazos mais longos e com taxas mais elevadas.

LCI e LCA

Entramos agora no campo nas letras de crédito. LCI é a sigla para Letras de Crédito Imobiliário. Enquanto isso, a LCA significa Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Estes também são emitidos por instituições financeiras, mas diferentemente do CDB, a destinação dos recursos têm de ser, obrigatoriamente, os mercados imobiliários – no caso da LCI – ou no agronegócio – no caso da LCA. Com isso, financiam-se projetos imobiliários ou voltado para o segmento agropecuário.

Uma vantagem desses dois tipos de títulos é que ambos são isentos do IR sobre os rendimentos. Assim, seu rendimento acaba sendo, na média, superior ao dos títulos de renda fixa do mesmo grau de risco. Porém, o grande ponto negativo desse tipo de investimento é a falta de liquidez imediata, possuindo uma carência mínima de 90 dias para ambos os títulos antes de que o investidor consiga fazer o resgate da aplicação em caso de necessidade.

CRI e CRA

Bem semelhantes ao LCI e a o LCA são os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs). A exemplo dos títulos anteriormente destacados, estes também se destinam ao financiamento de atividades do setor imobiliário e do agronegócio. A grande diferença é que quem emite não são instituições bancárias, mas as empresas securitizadoras, que são lançam os papéis no mercado por solicitação de empresas destes dois segmentos de negócios que precisam levantar recursos para seus projetos.

Basicamente, uma securitizadora adquire créditos para transformá-los em recebíveis e vendê-los a investidores. Vamos a um exemplo hipotético para entender melhor como funciona o mecanismo de um CRI e de um CRA: considere que uma determinada construtora possua recebíveis de clientes e deseje fazer a antecipação destes recebíveis para fazer caixa. Ela procura então uma securitizadora, que adquire esses recebíveis e os coloca à venda no mercado. Dessa forma, quem passa a ter o direito sobre os valores a receber passa a ser o cliente que adquiriu esses títulos.

Porém, por não serem emitidas por instituições bancárias, os CRIs e os CRAs. E por esse motivo, possuem um grande de risco mais elevado do que os demais tipos de aplicações de renda fixa. Além disso, outro ponto a ser levado em conta é que eles são títulos de longo prazo, justamente por financiarem projetos de longa maturação. No entanto, oferecem taxas, em média, superiores às te outros títulos da categoria.

Debêntures

Ainda dentro do campo da renda fixa, há os debêntures. Funcionam à semelhança de compra de ações de uma empresa, pois com estes papéis as companhias podem captar recursos, seja para financiar novos projetos, pagar dívidas e financiar sua operação. A diferença é que, quando adquire uma ação, o investidor passa a ser sócio da empresa, e tem alguns direitos como o recebimento de dividendos, por exemplo.

Já para quem compra as debêntures, as regras são outras. O investidor, em vez de ser sócio, passa a ser credor da companhia. Pois as debêntures também são um tipo de empréstimo que as empresas contraem no mercado de capitais mediante o pagamento de juros aos debenturistas.

Outras diferença com relação às ações é que, que compra uma debênture, que quase sempre possui um valor unitário, recebe um prazo de vencimento para o resgate desse valor. Assim, vencido esse prazo, o investidor recebe todo o dinheiro investido de volta acrescido de determinados juros estabelecidos na oferta de emissão. E quando recebe esse dinheiro, encerra seu vínculo financeiro com a empresa.

Outro tópico é que as debêntures possuem prazos de vencimento muitas vezes de médio a longo prazo. Existem papéis com vencimentos de três anos, mas na maioria dos casos, estes possuem vencimentos de cinco anos em diante.

As debêntures também não contam com a garantia do FGC. Dessa forma, o risco do investimento é a capacidade de pagamento da empresa emissora. Por isso, é importante o investidor ficar de olho em relatórios de agências de rating para saber como tem sido a capacidade da empresa fazer frente às suas dívidas, qual o perfil da dívida, alavancagem e se ela consegue pagar suas despesas de forma que não causem prejuízos nos balanços trimestrais.

Qual é o investimento que oferece maior rentabilidade em renda fixa?

A resposta a essa pergunta é: depende. Da mesma forma como existem diversos tipos de títulos de renda fixa, também existem diferentes formas rentabilidade. Na maioria das vezes, a rentabilidade estão ligadas aos juros de pagamento oferecidos pelos emissores. Daí ocorre que podem existir rentabilidade em modalidade prefixada ou pós-fixada.

Renda fixa prefixada

A modalidade prefixada é considerada a mais simples de entender. Quando um investidor faz aplicação sobre um título, já sabe de antemão qual será a taxa de juros que incidirá sobre o título. E portanto, qual será também seu rendimento ao longo do tempo em que o dinheiro será aplicado.

Renda fixa pós-fixada

No caso oposto, há a modalidade pós-fixada. Isso significa que o investidor não consegue saber de antemão qual será a rentabilidade até seu resgate. Uma série de fatores aqui são considerados, pois os pós-fixados muitas vezes são atrelado a alguma taxa, seja a taxa básica de juros da economia, a Selic, o CDI, ou ainda a algum índice, sendo mais comumente a inflação medida pelo IPCA, como abordamos anteriormente.

A renda fixa pós-fixada é considerada mais defensiva do que a prefixada. Por exemplo, se você investe em um CDB atrelado ao CDI, o seu dinheiro acompanhará exatamente a variação da taxa de juros. O mesmo ocorre quando o título é atrelado à Selic ou ao IPCA.

O Tesouro IPCA+ é um grande exemplo desse tipo de investimento. Nessa situação, o seu dinheiro não perderá valor com a alta dos preços, pois será corrigido pelo índice mede a inflação oficial brasileira. Ao contrário da popular caderneta de poupança que possui uma taxa de rentabilidade já fixada e por ser muito baixa, acaba sendo corroída pela inflação.

Passos importantes para escolha de um título de renda fixa

Ok, o investidor já conhece como funcionam os títulos de renda fixa, como eles rendem e de que forma pode aplicar. Mas até que o dinheiro seja alocado em alguns desses tipos de investimentos, é necessário seguir alguns passos antes da decisão final.

Indexador

Muito importante nesse caso, a escolha pelo título de renda fixa mais adequado começa pelo indexador do papel. Ele refletirá a forma de rendimento para o capital empregado.

Como dito, existem as alternativas: prefixado, pós-fixado e híbrido, que é uma mistura dos dois anteriormente citados.

A escolha entre essas três opções é de grande importância porque está diretamente ligado à curva de juros vivida no momento. Alguns títulos se beneficiam de um dado cenário, enquanto outros se dão melhor em outras condições.

Quando, por exemplo, há um cenário de ciclo de alta na taxa de juros, os papéis pós-fixados tendem a ter um melhor desempenho. Por outro lado, nesse mesmo cenário os papéis prefixados podem não ser boa escolha, pois seu modelo de funcionamento pode acarretar prejuízos para o investidor caso seja feito o resgate antecipado nessas condições.

Não é difícil perceber que os prefixados são a melhor escolha para um ciclo de baixa nas taxas de juros, assim como os títulos híbridos, que contém uma parcela de rendimento na modalidade prefixada.

Vencimento

Outro ponto importante a ser considerado é o vencimento. Após feita a escolha a respeito do indexador, chega o momento de optar pelo vencimento. Quando falamos em renda fixa, as aplicações em títulos têm um prazo de vencimento determinado.

Para uma escolha em um papel pós-fixado, a data de vencimento não é tão importante, pois qualquer um desses títulos terá sua rentabilidade atrelada à algum indexador.

No entanto, vale observar que quanto menor for esse vencimento, melhor será a saída do papel. O investidor deve considerar essa possibilidade porque eventualmente melhores oportunidades podem surgir.

Um bom exemplo é uma queda acentuada da bolsa de valores. Isso faz com que vários ativos bons sejam negociados a preços descontados. Pode ser que valha a pena investir nesses títulos em algum momento.

Por outro lado, se a escolha seguir um título prefixado ou híbrido, é fundamental saber que a variação no capital empregado será tão maior quanto mais longo for o vencimento.

Emissor

Finalmente, chegamos ao último passo da escolha: o emissor do título de renda fixa. Nesse caso, são três as opções na mesa: as instituições financeiras (bancos majoritariamente), empresas privadas e títulos públicos (Tesouro Direto).

Em instituições financeiras, dois pontos principais precisam ser levados em conta. O primeiro é a qualidade do banco. Instituições de menor porte e de maior risco tendem a apresentar títulos com rentabilidade maior, porém são mais arriscados.

Por isso é importante o investidor recorrer aos balanços para fazer uma análise da saúde financeira do banco em questão. Daí, dá para saber se ele é confiável na emissão dos papéis.

O segundo ponto a considerar é que não há marcação a mercado em papéis bancários. Isso quer dizer que a eventual saída de um investimento pode ser prejudicada.

O mesmo ocorre com as emissões de títulos feitas por empresas privadas. Para se desfazer de um papel assim, deve-se encontrar um interessado. Isso é difícil de conseguir e, quando ocorre, o valor pago não é lá muito satisfatório.

Outro ponto importante nas emissões privadas é o prazo de vencimento. Como o lançamento de CRIs, CRAs e debêntures incentivadas é caro e muito burocrático, os vencimentos são longos, podendo chegar a 10 anos.

Tá, e aí? O que isso significa para o investidor?

Dito tudo isso, o investidor sabe que podem contar com um leque bem diverso de opções quando o assunto é investir em títulos de renda fixa. E esse tipo de aplicação se torna cada vez mais importante em tempos onde a volatilidade tem sido um fator de preocupação no mercado. E ainda mais em tempos de escassez de determinadas matérias-primas – como produto da pandemia da covid-19 -, juros em alta entre outros fatores.

Assim, quando o assunto é proteger o dinheiro, sem dúvida, a renda fixa passa a ser uma das melhores senão a melhor opção no mercado com o qual o investidor pode contar.