É hora de fazer investimentos no agronegócio em 2023? O que dizem os especialistas da EQI Investimentos?
Saiba agora onde estão as oportunidades do ano, de acordo com o seu perfil de investidor!
Investimentos no agronegócio: o que considerar hoje?
Para responder a essa questão, é preciso observar a fase do ciclo econômico. Atualmente, vivemos um cenário de juros e inflação altos, que não são propícios para os negócios, conforme observa Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos.
“Nessa fase, o empreendedor pega uma taxa de juros absurda que, talvez, não consiga pagar. Isso reduz muito o número de negócios realizados e também limita muito a valorização dos ativos”, pondera.
Se o ciclo econômico atual ainda é de juros lá em cima, quem pensa em ganho de capital, precisa aguardar o momento de queda, que pode ocorrer ainda em 2023 ou somente em 2024. Já quem pensa em renda, pode acessar boas oportunidades já disponíveis.
“Com a queda dos juros, os ativos de renda variável vão começar a se valorizar mais. Por enquanto, eles estão bons para renda fixa”, analisa.
O que dá mais dinheiro no agronegócio?
Porém, conforme lembra Wiese, o agronegócio corre por fora, fugindo um pouco desse ciclo econômico brasileiro, em razão das commodities, balizadas pelo mercado internacional.
Contudo, ele lembra que o mundo inteiro está em um ciclo econômico negativo e mais devagar, com os juros mais altos.
“Nesse ambiente de juro alto, a gente vê uma baixa valorização dos ativos, mas, em contrapartida, ativos muito descontados. Tem muita coisa que está barata, com grandes oportunidades de compra”, reitera o estrategista.
Investimentos no agronegócio: como lucrar na prática?
Indiscutivelmente, o Brasil é uma grande potência mundial no agronegócio, garantindo posição de destaque.
Com tamanha pujança, independentemente do ciclo econômico, as aplicações financeiras do segmento são bastante atrativas aos investidores, seja na renda fixa ou renda variável.
Veja agora algumas opções de investimentos no agronegócio.
Saiba mais sobre LCA, CRA, Fiagro e ações!
O que é uma LCA?
A LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) é um recurso captado por uma instituição financeira com finalidade destinada ao agronegócio, com o objetivo de desenvolver e expandir esse setor no país.
Inclui-se aí o financiamento de maquinário de produção, construção de silos, aquisição de insumos como fertilizantes, entre outros.
Como funcionam as LCAs?
As LCAs funcionam de forma semelhante a qualquer outro investimento de renda fixa.
Após um determinado tempo previamente combinado, o recurso aplicado pelo investidor é devolvido com um acréscimo de uma taxa de juros.
Normalmente, essa taxa pode ser pré ou pós-fixada e, em alguns títulos, pode ser até mesmo híbrida.
Vale destacar também que a LCA é isenta de Imposto de renda.
Quem garante LCA? Como funciona essa garantia?
Quem garante os investimentos em LCA é o FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
Todos os investidores que aplicam até R$ 250 mil por instituição financeira estão protegidos contra qualquer eventualidade que venha a ocorrer, como problemas de insolvência da instituição, por exemplo.
Quanto rende LCA?
A rentabilidade das LCAs seguem basicamente três tipos de remuneração: prefixadas, pós-fixadas e com rentabilidade atrelada à inflação.
Os rendimentos das letras de crédito podem variar de acordo com diversos fatores como referencial do CDI e risco do emissor, que são os bancos.
Os produtos de renda fixa ligados ao agronegócio incluem investimentos indicados para perfis conservadores e moderados.
LCA: vale a pena investir hoje?
O estrategista da EQI Investimentos, lembra que a LCA é um investimento ideal para quem tem um perfil mais conservador.
“É um título emitido por um banco, no qual a instituição utiliza o recurso para emprestar dinheiro para o agronegócio. Como o devedor não é o agricultor e sim o banco que emitiu, é garantido pelo FGC, por isso, é bastante seguro”, observa.
Ele destaca que no momento atual de juros altos, tanto os títulos pré-IPCA, como pós, estão bons. “Para quem tem perfil conservador, vale a pena investir em LCA hoje”, observa.
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O que é CRA
Um CRA significa Certificado de Recebíveis do Agronegócio. Trata-se de um título do mercado de renda fixa com origem no crédito privado.
Isso quer dizer que os emissores desses papéis são companhias da iniciativa privada que atuam no agronegócio, com o objetivo de captar recursos para ampliar a produção e lucratividade dessas empresas.
O CRA também é um investimento isento de IR.
Como funciona um CRA?
Por ser emitido por uma organização que está interessada no levantamento de recursos para investi-los, a empresa faz a emissão do título, antecipando um fluxo financeiro que só aconteceria no futuro.
No entanto, não é possível fazer todo esse procedimento diretamente com os investidores no mercado financeiro. É preciso que haja a intermediação de, pelo menos, dois entes do Sistema Financeiro Nacional.
O primeiro deles é uma securitizadora, que é responsável por “empacotar” os recebíveis futuros em um título que possa ser negociado no mercado.
O segundo participante da operação são os distribuidores de títulos: bancos e as corretoras de valores.
“Os CRAs são como um ‘pool’ de recebíveis. O investidor se torna dono de um conjunto, que estão lastreados em operações do agronegócio e com garantias de terras, maquinário, também provenientes do agronegócio”, explica o estrategista da EQI Investimentos.
Qual o risco do CRA?
Como se trata de uma emissão executada por empresas privadas, não há suporte do FGC. No caso da quebra de uma empresa emissora, o investidor fica sem a proteção dada por esse mecanismo.
“Não tem a cobertura do FGC, pois as garantias são outras. Então, vamos dizer que o risco é um pouco maior, porque em caso de não pagamento, será preciso liquidar as garantias e isso acaba demorando, às vezes, e sendo um pouco mais burocrático”, comenta Denys Wiese.
- Leia também: quais são os riscos da renda fixa?
Quanto rende um CRA?
O estrategista reforça que o CRA tem um risco a mais, mas o retorno também é maior.
“Por exemplo, a LCA rende com a taxa de juros atual de 13% ao ano. Um CRA rende 16%, 17%, 18% ao ano. Portanto, de 3 a 5 pontos percentuais acima”, esclarece.
Por que investir em CRA?
Na comparação com a LCA, os CRAs são o segundo título mais conservador.
“A diferença para a LCA é quanto ao risco e retorno. A LCA tem um banco por trás, que faz sua emissão e tem o FGC. No CRA, se está emprestando diretamente para o agricultor ou diretamente para uma empresa do agronegócio”.
Vale a pena investir em CRA hoje?
Wiese destaca que investir em CRAs é uma boa alternativa, principalmente, para o investidor que não é tão conservador.
“Minha dica é fazer uma carteira com vários CRAs e não ficar só com um, justamente para pulverizar o risco”, orienta.

O que é Fiagro?
O Fiagro (Fundo de Investimento das Cadeias Agroindustriais) é um tipo de aplicação criado com o objetivo de abrir portas para que pessoas físicas, jurídicas e estrangeiras invistam no agronegócio brasileiro.
Os Fiagros visam melhorar a captação de recursos do setor, que antes tinham basicamente apenas os bancos como agentes financiadores. Este investimento é uma adaptação rural dos Fundos Imobiliários (FIIs).
Como funciona o Fiagro?
Os Fiagros ficam à disposição do investidor para serem adquiridos por meio de cotas. O recurso captado serve para aumentar a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Como os Fiagros configuram uma categoria de fundo de investimento imobiliário, eles podem investir também em imóveis ligados ao agronegócio, como terras e galpões logísticos de armazenamento de grãos.
Na prática, um gestor ou instituição financeira fica responsável pela decisão de onde investir os valores.
Quanto rende Fiagro?
O cotista do Fiagro pode ter uma série de possibilidades de obter rendimentos com:
- o aumento nos preços dos imóveis do fundo, o que gera a valorização por conta do aumento do patrimônio;
- a receita do investimento – que é periodicamente distribuída para os cotistas.
Tributação e vantagens Fiagro
O Fiagro e os Fundos Imobiliários compartilham da mesma base legal e regime tributário.
Em ambos os casos, existe a isenção do Imposto de Renda sobre rendimentos distribuídos por esses fundos a pessoas físicas.
Para o investidor, existe a vantagem de receber dividendos mensais advindo dos aluguéis e operações de compra e venda desses imóveis.
Por que investir em Fiagro?
Entre as principais vantagens do Fiagro estão a diversificação dos tipos de ativos no mercado agrícola, como por exemplo imóveis rurais, participação em sociedades e ativos financeiros que integram a cadeia produtiva agroindustrial.
A facilidade é outro aspecto bastante positivo. Isto porque é possível investir nas cadeias produtivas sem realizar a compra de um imóvel rural, por exemplo.
O conjunto de tarefas relacionadas ao imóvel fica a cargo dos profissionais responsáveis que irão buscar todos os trâmites de compra e venda, manutenção e cobranças de impostos.
O estrategista da EQI reforça como ponto forte do Fiagro o acesso a empreendimentos que não teria normalmente. “Às vezes o investidor normal não tem R$ 50 milhões para comprar uma fazenda, mas pode comprar uma cota de um Fiagro que tem uma fazenda”, destaca.
Como investir no Fiagro
Além do investimento em propriedades rurais, como fazendas e indústrias do agronegócios, existem outros caminhos para quem quer investir no Fiagro.
Entre estas alternativas, estão: a participação em sociedades que exploram a atividade agroindustrial e a atuação nos direitos creditórios dentro do agronegócio.
Também pode ser feito na compra de ativos financeiros como títulos de créditos ou valores mobiliários emitidos por pessoas físicas e jurídicas.
Por último, pode ser feito investimento nas cotas de fundos de investimentos que apliquem mais de 50% do patrimônio em ativos do agronegócio.
Qual Fiagro investir?
Wiese observa que os Fiagros são para investidores moderados, uma vez que as cotas são negociadas na B3. Sendo assim, a oscilação, exigirá ter uma certa paciência do investidor.
Sobre a melhor escolha, o estrategista aponta oportunidades em várias modalidades.
“Existem Fiagros de papel, que vão comprar os CRAs, o que é muito bom pela questão da pulverização. Tem Fiagro que compra fazendas, que vão fazer o plantio ou vão fazer o arrendamento, o que neste último caso, vai render aluguel. Tem Fiagros que compram empreendimentos e empresas do setor”, explica.
Qual Fiagro escolher?
Quer saber entender melhor? Assista o vídeo:
Fiagro: vale a pena investir hoje?
Para Carol Borges, analista de Fundos Imobiliários da EQI Research, alguns pontos devem ser considerados pelo investidor.
Segundo a especialista, apesar de serem bem parecidos com os FIIs de papel, é importante lembrar que as garantias são bem distintas em termos de execução e liquidez.
“Os FIIs de papel investem primordialmente em CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários), dando em garantia, às vezes, um imóvel performado ou até mesmo a própria obra. Os Fiagros, por enquanto, investem em CRAs, que podem, inclusive, financiar o próprio produtor, com garantias mais complicadas para execução, como uma safra, por exemplo”.
Ela avalia que, de maneira geral, os Fiagros possuem CRAs com duration mais curta do que os CRIs e indexados ao CDI. Em caso de queda da Selic, os altos rendimentos de agora serão impactados.
“No médio e longo prazos, podem ser interessantes para diversificação, por serem isentos de IR nos proventos e financiarem o setor mais importante do nosso PIB. Mas, é importante conhecer bem a dinâmica e ressaltar que ainda não passamos por momentos de ‘estresse’ nessa indústria”, observa.
Quais os riscos do Fiagro?
Carol observa a importância do setor agro na economia, contudo o momento exige atenção. “Eu diria para o investidor buscar os Fiagros mais conservadores, com um bom nível de garantias e boa diversificação interna também. Assim, em um eventual problema, a renda não seria tão impactada”, orienta.
Já para o analista de Fundos Imobiliários da Monett, Felipe Paletta, o alinhamento ao perfil investidor é a melhor estratégia para o sucesso no investimento.
“É preciso ter um perfil mais arrojado, porque, se trata de uma atividade que, naturalmente, é mais sazonal e volátil, além de depender de muitas variáveis, como valor das terras, cenário econômico, expectativa de produção de grãos e onde a terra está exposta geograficamente”, analisa.
O analista destaca que todos esses fatores acabam afetando a qualidade do inquilino, o risco de inadimplência e a longevidade dos contratos de terras agrícolas.
“Tanto é que a maior parte dos Fundos costumam já ter antecipação de pagamento de aluguel justamente para garantir que essa volatilidade de fluxo de caixa dos inquilinos não afete demasiadamente o proprietário da terra”, comenta.
Potencial de valorização Fiagro
Paletta aponta que, como contrapeso, o risco dos Fiagros é refletido em um potencial de valorização maior.
“Por exemplo, a taxa Selic está hoje perto dos 14%, o IFIX deve pagar para o investidor alguma coisa perto de 12% ao ano. Os Fiagros devem pagar mais próximo desses 14% até 15% ao ano de dividendos”.
Momento pede cautela
No entanto, Paletta observa que o cenário atual é mais arriscado para o investimento do que o vivido no ano passado.
“A gente passou nos últimos dois anos por um ciclo de forte alta da dos grãos, muito por conta da pandemia, depois teve a guerra na Ucrânia. Isso fez com que, consequentemente, o valor em sacas de soja por hectare passasse por um boom exponencial. Agora, podemos ver uma correção em 2023”, considera.
Quais os melhores FIIs agro? Como balancear a carteira?
Se o setor exige mais cautela do investidor, é preciso selecionar bem os ativos para a carteira. Para Paletta, existem oportunidades, mas o investidor deve ponderar o peso.
“O ideal é não ter uma exposição muito grande dentro do segmento. Por exemplo, dentro do patrimônio que o investidor teria em FIIs, pode-se alocar 20%, 30% dessa parcela, no máximo, caso tenha um perfil mais arrojado”, completa.
LCA, CRA ou Fiagro: qual melhor investimento no agronegócio?
O estrategista da EQI Investimentos, Denys Wiese, aponta que a melhor composição para a carteira deve respeitar o perfil do investidor.
“Para o investidor conservador, a LCA. Para o investidor moderado, uma carteira de CRAs. Uma LCA vai render 12% ou 13% ao ano, uma carteira de CRAs vai render 15%, 16%. Para o investidor mais sofisticado, o Fiagro, já que pode ter uma oscilação maior, mas também vai ter um rendimento de 16%, 17%, com boa liquidez”, destaca.
Investimentos no agronegócios: ações
Por fim, as ações de empresas listadas na bolsa são uma outra forma de investimentos no agronegócio.
Seja na produção agrícola ou na pecuária, as principais ações do agronegócio são:
- Brasil Agro (AGRO3);
- Agrogalaxy (AGXY3);
- Raízen (RAIZ4);
- São Martinho (SMTO3);
- Boa Safra (SOJA3);
- Três Tentos (TTEN3);
- M.Dias Branco (MDIA3);
- Camil (CAML3);
- BRF (BRFS3).
Ações agro: mercado reage à “vaca louca”
Como ponto de atenção dentro do cenário atual, a informação de suspeita, agora confirmada, de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (popularmente conhecida como “vaca louca”) no Pará pesou imediatamente sobre as ações dos frigoríficos, conforme observa o analista Felipe Paletta.
“De bate pronto, a gente já viu a reação no mercado. Minerva e JBS, naturalmente, sofrem mais por ter uma exposição a bovinos maior na sua pauta de exportação. Inclusive, a Minerva já anunciou que pretende fazer vendas de cabeças de gado por meio das suas subsidiárias na Argentina e no Uruguai. A JBS também tem uma exposição muito grande fora do Brasil”, analisa.
Para ele, diante do impacto de mais de 6% já observado em cada uma dessas empresas, é possível entender que grande parte desses riscos já foram colocados no preço.
“Dentre todas as empresas desse setor, acredito que essas duas sofreriam mais. Acho que a Minerva até um pouco mais, pela diversificação um pouco maior da JBS”, pontua Paletta.
Ações do agronegócio ou Fiagros: qual investir agora?
Diante dos últimos acontecimentos, ainda não é possível saber a extensão dos impactos.
“Até onde nós sabemos, esse caso, pontualmente, afetou uma cabeça de gado mais velha, de 7 a 8 anos, que é onde se tem essa propagação mais facilitada”, ressalta o analista da Monett.
O especialista pondera que como o acordo comercial entre Brasil-China implica uma paralisação das exportações, com certeza, o caso afetará bastante a ações dos frigoríficos.
Contudo, os reflexos nos Fiagros não necessariamente são muito grandes no curto prazo. De acordo com ele, é preciso aguardar os desdobramentos para entender os reflexos de médio e longo prazo, uma vez que a oferta se move à medida que o ciclo de preço vai acontecendo.
“Se você tem uma retração, como a que vimos lá atrás com a gripe aviária, que durou muito tempo, isso começa a afetar as novas ofertas. Ou seja, a composição de novas cabeças de gado. Portanto, vai impactando o ciclo como um todo, principalmente, de grãos, que são utilizados para alimentação de gado. Isso começa a mexer com a cadeia global de produção de alimentos, que já vem constrangida nos últimos anos”, avalia.
De acordo com ele, no longo prazo, o episódio poderia sim, fazer com que o preço dos grãos caísse no mercado, caso haja mais oferta que demanda.
“Isso faria com que o valor das terras tivesse uma depreciação. Também, por outro lado, haveria uma piora de capacidade de pagamento por parte dos inquilinos dessas propriedades. Isso aumenta o risco para o investimento em Fiagro. Mas, não dá para saber agora o impacto”, reitera.
Gripe aviária é ponto de atenção
Paletta também reitera a discussão sobre uma nova gripe aviária que já tem afetado a Argentina, Uruguai e que pode afetar o Sul do Brasil – que produz quase 60% do total de aves do país, que são voltadas para exportação.
“Tem muita coisa ainda sendo discutida, não dá pra saber o que virá pela frente, mas eu diria que, olhando só o macro que tínhamos antes desses fatos, o momento exige acompanhamento do investidor”, pondera.
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