Em tempos de juros baixos, um mercado que vem se destacando é o de renda variável.
Isso porque a queda a taxa básica de juros do país (Selic) afeta diretamente os rendimentos das aplicações de renda fixa, que é o principal tipo de investimento feito no Brasil.
Diante desse cenário, muitos se perguntam o que fazer para continuar tendo bons rendimentos.
A resposta pode estar na renda variável, segmento ainda pouco explorado pelos investidores brasileiros. Principalmente os iniciantes que, por medo, acabam deixando passar ótimas oportunidades de aumentar seu patrimônio.
Pensando nisso, o Eu Quero Investir preparou este guia completo sobre como investir em renda variável com segurança e rentabilidade.
O que são investimentos de renda variável
Especialistas definem a renda variável como uma classe de ativos em que não é possível dimensionar o retorno no momento da aplicação.
É exatamente o contrário do conceito de renda fixa. Nesta modalidade, o investidor conhece a regra de remuneração do ativo antes mesmo de aplicar o seu dinheiro.
Assim, como os retornos não podem ser previstos ao longo do tempo, muitas pessoas acabam classificando a renda variável como de alto risco. Portanto, indicada apenas para investidores de perfil mais agressivo.
No entanto, muito se engana quem acredita que pessoas de perfil conservador devem se manter longe da renda variável.
Na realidade, a diversificação de uma carteira de investimentos envolve justamente a compra de ativos tanto de renda fixa quanto de renda variável.
Principais características dos ativos
Uma das características principais da renda variável é a volatilidade que os títulos possuem.
Dessa forma, você pode adquirir uma ação no início do dia por um valor. E vender no final do dia por outro valor totalmente diferente, seja maior ou menor.
Tal situação acontece porque o preço de cada ativo é influenciado por uma série de fatores, como:
- A empresas envolvida e o seu setor de atuação;
- O ativo principal (como imóveis, moedas, commodities);
- O cenário político e econômico do país e do mundo.
Como essas características mudam ao longo do tempo, o que é considerado lucrativo hoje pode não ser tão lucrativo daqui a um dia, uma semana, um mês ou mesmo um ano.
É por isso que muitos investidores utilizam a renda variável como um ativo de médio e longo prazo, pois o risco envolvido é maior no curto prazo.
Quais são os principais títulos?
Quem decide investir em renda variável encontra uma série de títulos à venda no mercado. Cada um tem as suas características e rentabilidade.
Um dos mais procurados nesse segmento, sem dúvida, são as ações.
Uma ação nada mais é que uma fração de uma empresa. Ela é vendida no mercado com o objetivo de captação de recursos.
O dinheiro que as empresas conseguem por meio da venda de ações permite que essa organização realize investimentos. Além disso, pode pagar suas contas e desenvolver produtos e serviços.
Desta forma, as empresas podem crescer e se valorizar ainda mais no mercado. Isso tende a aumentar a sua distribuição de dividendos entre os investidores.
Além das ações, outros títulos de renda variável que estão disponíveis no mercado são:
- Câmbio;
- Commodities;
- Contratos de Futuros;
- Derivativos;
- ETFs (Exchange Traded Fund);
- Fundos de Ações;
- Fundos Imobiliários;
- Fundos Multimercado;
- Opções.
Além dos títulos descritos na lista acima, os especialistas no mercado ainda podem incluir outros tipos de ativos, tal como as criptomoedas. No entanto, esses são os mais procurados no Brasil.
Rentabilidade dos ativos de renda variável
Apesar de não ser possível prever qual será a rentabilidade de um título de renda variável, alguns fatores podem influenciar o seu retorno.
Entre esses fatores estão:
- As expectativas do mercado;
- O desempenho da empresa;
- A oferta e a procura pelo ativo;
- A taxa de juros do país;
- A taxa de câmbio;
- A inflação do país; e
- O Produto Interno Bruto (PIB) do país.
É por esse motivo que investir em renda variável é algo que requer tempo e dedicação da parte do investidor. Em outras palavras, é preciso estudar o mercado financeiro para fazer escolhas mais acertadas.
Vale a pena investir?
Muitas pessoas ficam com receio de investir em renda variável devido aos riscos envolvidos.
Mesmo assim, especialistas em investimentos defendem que todas os investidores deveriam ter uma pequena parcela de sua carteira em ativos de renda variável a título de diversificação.
Em tempos de juros baixos no mercado, a renda variável é uma excelente forma de aumentar a expectativa de retorno do patrimônio investido.
No entanto, o investidor deve estudar bastante antes de mergulhar de cabeça nesse mercado.
As pessoas que têm lucro em renda variável são aquelas que desenvolvem as melhores estratégias de investimento e que têm paciência para esperar os melhores momentos de compra e venda de ativos.
Em 2019, o principal índice deste mercado, o Ibovespa, atingiu o seu maior patamar histórico e ultrapassou os cem mil pontos.
Com a crise do coronavírus, em 2020, as bolsas de valores de todo o mundo enfrentam desafios. Isso porque uma turbulência mundial pressiona os preços para baixo no curto prazo.
No entanto, o investidor de renda variável deve ter em mente um horizonte de longo prazo para investir. Ou seja, a ideia é investir sem pensar em fazer resgates em momentos de emergência.
Desta forma, os preços podem se recuperar ao longo do tempo, e o investidor ainda colhe os frutos dos rendimentos apesar das flutuações momentâneas.
Em outras palavras, jamais coloque sua reserva de emergência neste tipo de ativo. Mas sim planeje colocar uma parcela da sua carteira nesta modalidade, para melhorar o retorno no longo prazo.
Vantagens e desvantagens
Assim como em qualquer segmento do mercado financeiro, os ativos de renda variável possuem as vantagens e desvantagens.
Entre as principais vantagens da renda variável está a liquidez de seus títulos.
Isso significa que você poderá operar em qualquer prazo, até mesmo em um dia, como no chamado “day trade”.
Outra vantagem é que todas as operações podem ser realizadas totalmente online. Ou seja, você não precisa ir até um banco quando quiser realizar qualquer tipo de operação.
Isso porque a responsabilidade de cuidar dos seus ativos será de uma corretora de valores. São essas instituições que são responsáveis pela intermediação entre o investidor e a Bolsa de Valores.
Outra vantagem que você pode obter investindo em renda variável é o recebimento de dividendos, que funcionam como uma espécie de “participação nos lucros” paga pelas empresas aos seus acionistas.
Você também pode se tornar sócio de grandes empresas ao adquirir ações ordinárias, pois garantem direito a voto nas assembleias gerais das companhias.
Já entre as desvantagens, a principal é mesmo o risco que envolve o mercado de renda variável, uma vez que podem ocorrer muitas oscilações, principalmente no curto prazo.
No entanto, mesmo com o risco envolvido, isso não deve ser um motivo para fugir da renda variável.
Saber o momento certo de comprar e vender, ter paciência e escolher uma boa corretora de valores são fatores que podem te ajudar a mitigar os riscos e ter sucesso nesta área.
Principais diferenças entre renda variável e renda fixa
Na tabela abaixo você confere quais sãos as principais diferenças entre renda fixa e renda variável:
Renda Fixa | Renda Variável | |
Risco | Baixo | Alto |
Retorno | Previsível | Imprevisível |
Potencial de retorno | Menor | Maior |
Estudo | Exige poucas horas | Exige muitas horas |
Variedade de ativos | Pouca | Grande |
Perfil de investidor | Conservador | Agressivo |
Garantias | Alguns ativos garantidos pelo FGC | Sem garantias |
Medição do retorno | CDI | Ibovespa |
O nosso canal no YouTube também possui um vídeo com maiores detalhes acerca dessa diferença, confira:
Como começar a investir
Estudos realizados pela Bolsa de Valores brasileira (B3) mostram que a quantidade de investidores no mercado de renda variável aumentou consideravelmente nos últimos anos.
Em julho de 2019, a B3 alcançou 1 milhão de investidores em produtos desta categoria. Menos de um ano depois, dobrou o número de CPFs que investem na bolsa. Em dezembro de 2020, o total de pessoas físicas com recursos na depositária de renda variável da B3 chegou a 3,2 milhões.
Mesmo assim, o volume ainda é pequeno se comparado a países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos.
Dessa forma, se você ainda tem alguma insegurança ou medo de começar a investir em renda variável, então está na hora de perdê-los.
Ao começar a estudar sobre esse mercado, você verá que ele pode ser tão simples quanto o de renda fixa.
Se você nunca investiu em ações e não sabe por onde começar, saiba que o primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de valores.
Qual é o investimento certo para você? Dicas
Uma das maneiras mais eficientes de determinar qual é o investimento mais indicado para uma pessoa é fazendo um teste de perfil de investidor.
Vale lembrar que a tolerância ao risco é algo fundamental para quem deseja investir em renda variável.
Caso você seja do tipo conservador, ainda assim poderá investir nesta modalidade como uma maneira de diversificar os seus investimentos e garantir melhores retornos.
(Texto publicado originalmente por Kesia Rodrigues)