O Ibovespa mostra sinais de recuperação, enquanto o Ifix continua em queda. O que está acontecendo com o mercado no Brasil? E como investir com tal cenário?
Para esclarecer as principais dúvidas dos investidores, a EQI Research realizou, na noite de quarta-feira (5), uma live exclusiva, apresentando um panorama macroeconômico e as melhores opções de alocação no momento.
Carolina Borges, analista de Fundos Imobiliários (FIIs) e head de research, e Felipe Reis, estrategista de ações, destacaram que o cenário doméstico segue inalterado, com desafios persistentes especialmente para a renda variável, devido ao risco fiscal e às taxas de juros elevadas. Na última decisão do Banco Central, a Selic foi elevada para 13,25%, com indicação de que atingirá 14,25% em março. Ainda não há previsão clara de quando os juros voltarão a cair.
Já no cenário internacional, a política de tarifas sobre importados do presidente americano Donald Trump pode ter melhorado a percepção do investidor estrangeiro em relação ao Brasil. Isso se reflete nos aportes estrangeiros na Bolsa, de mais de US$ 6 bilhões em janeiro, após quedas sucessivas no final de 2024.

No entanto, essa tendência se aplica apenas ao mercado de ações, pois os FIIs não atraem significativamente investidores estrangeiros — dois terços dos investidores de FIIs são pessoas físicas brasileiras.
Felipe Reis avalia que a atratividade do Brasil decorre do fato de o país não ser uma prioridade na taxação de Trump, uma vez que tem papel menos expressivo no comércio internacional.
Dessa forma, o Brasil se apresenta como uma alternativa diante de outros mercados emergentes mais expostos a disputas tarifárias. “Brinco que é como estar em uma floresta, sendo perseguido por um leão. Você não precisa correr mais rápido do que o leão, apenas mais rápido do que seu amigo”, exemplifica.
Atualmente, o fluxo comercial brasileiro com os Estados Unidos representa apenas 5% do PIB, enquanto para o México esse percentual é de 50% e, para o Canadá, 43% (veja gráfico).

Como investir: qual a alocação recomendada no cenário atual?
Para fevereiro, a EQI Research sugere a seguinte alocação por perfil de investidor:
- Conservador: 85% em renda fixa e 15% no exterior.
- Moderado: 65% em renda fixa, 15% no exterior, 15% em FIIs e 5% em ações.
- Arrojado: 50% em renda fixa, 15% no exterior, 20% em FIIs e 15% em ações.
Carolina Borges explica que não houve mudança significativa no cenário macroeconômico que justificasse uma alteração na estratégia de alocação. Os ajustes foram feitos apenas na composição da renda fixa, alterando a proporção entre títulos prefixados e indexados à inflação.
Como investir: carteira de renda fixa
Na renda fixa, agora, a recomendação é priorizar títulos prefixados, reduzindo a exposição aos atrelados ao IPCA.

Como investir: carteira de ações
Já na carteira de ações, são privilegiadas empresas com baixa alavancagem, resultados positivos no curto prazo e benefícios de um dólar forte. A carteira segue composta por:

“Com os desafios internos ainda presentes, mas já mapeados — inflação acima da meta, expectativas inflacionárias deterioradas, juros em alta e poucas medidas fiscais efetivas — acreditamos que os 120.000 pontos do Ibovespa sejam um piso razoável no momento”, avalia Reis.
Como investir: carteira de FIIs
O momento atual pode ser promissor para investidores de longo prazo no setor de FIIs. Como dito, esses fundos não se beneficiaram dos aportes estrangeiros em janeiro e, além disso, sofreram impacto negativo devido ao veto do presidente Lula à isenção de impostos sobre a receita dos fundos.
O impacto desse veto — estimado entre 8% e 11% na receita dos FIIs — ainda não está totalmente claro, pois depende de como será repassado entre inquilinos e cotistas. Contudo, representantes do agronegócio e do setor imobiliário já se mobilizam para negociar com o governo e manter a isenção – que é, no momento, a expectativa dominante no mercado.
Caso a isenção seja mantida, há espaço para uma valorização dos FIIs, embora parte desse movimento já esteja precificada.
O que está concretamente disponível hoje são descontos históricos nos fundos, os maiores em nove anos. O índice IFIX registrou um Preço sobre Valor Patrimonial (P/VP) de 0,83x, um desvio padrão abaixo da média histórica de 0,91x.
Além disso, a remuneração adicional dos FIIs em relação aos títulos públicos alcançou 3,23 pontos percentuais, superando a média de 2,12 p.p., reforçando a tese de que estão descontados. “A atual assimetria do mercado de FIIs cria uma janela de oportunidade para quem deseja construir uma carteira de renda passiva com preços atrativos”, conclui Carolina Borges.
Os segmentos mais promissores no atual cenário são os de papel, galpões logísticos e Fundos de Fundos (FOFs), que apresentam grande potencial de recuperação. Veja a carteira recomendada:

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