Nas altas e baixas do Ibovespa desta sexta-feira (21), MBRF (MBRF3) e Minerva (BEEF3) lideram as altas após os Estados Unidos retirarem a tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, incluindo carne bovina e café — medida que recoloca o Brasil em condições anteriores à guerra comercial.
No lado oposto, a Totvs (TOTS3) concentra o principal recuo do dia, pressionada pela alta dos juros futuros e do dólar, que afetam empresas de tecnologia.
Altas e baixas: Frigoríficos puxam altas; TIM, MRV e Azzas sobem mesmo sem gatilhos diretos
A MBRF e a Minerva puxam as altas e baixas do dia. As ações repercutem a decisão de Washington de remover a tarifa extra de 40% sobre uma série de produtos brasileiros, com efeito retroativo sobre itens que entram nos EUA desde 13 de novembro e previsão de reembolso das tarifas cobradas nesse intervalo.
A medida reverte parte do tarifaço imposto durante o governo Donald Trump e melhora a competitividade da carne brasileira no mercado norte-americano, reacendendo expectativas de margem e volume melhores para o setor.
A TIM (TIMS3) ocupa a terceira posição entre as maiores altas do Ibovespa mesmo sem gatilhos corporativos recentes. O papel mantém trajetória forte em 2025, acumulando valorização próxima de 70% no ano, o que segue atraindo fluxo comprador.
A MRV (MRVE3) também opera em alta, contrariando o ambiente macro mais pesado. A alta reflete um ajuste pontual após forte valorização acumulada no ano — perto de 60% — que mantém o papel no radar dos investidores.
A Azzas 2154 (AZZA3) sobe, combinando reação a notícias recentes e leitura de que a companhia mantém espaço para crescimento com disciplina financeira.
A empresa convocou Assembleia Extraordinária para 9 de dezembro, na qual pretende propor aumento do limite de capital autorizado para R$ 5 bilhões, ante os atuais R$ 3 bilhões, abrindo potencial de até R$ 2,6 bilhões a R$ 2,7 bilhões em novas emissões, algo próximo de 45% do valor de mercado atual.
O movimento é visto pelo mercado como flexibilização de caixa para eventuais M&As ou licenciamento de marcas, ao mesmo tempo em que a empresa mantém alavancagem em torno de 1,5x dívida líquida ajustada/Ebitda, nível ainda confortável.
Além disso, o Conselho aprovou a distribuição de R$ 180 milhões em dividendos, equivalentes a R$ 0,89219207032 por ação, com data-base até hoje (21), ações passando a ser negociadas ex-dividendos a partir de 24 de novembro e pagamento em 1º de dezembro.
Maiores altas
- Marfrig (MBRF3): +1,49%
- Minerva (BEEF3): +1,53%
- TIM (TIMS3): +1,36%
- MRV (MRVE3): +0,97%
- Azzas 2154 (AZZA3): +0,74%
Totvs lidera quedas com juros em alta; petróleo derruba Brava e Embraer cai com ambiente macro
Na ponta negativa das altas e baixas, a Totvs lidera as perdas do dia. A alta dos juros futuros e do dólar torna o ambiente macroeconômico mais desafiador para empresas de tecnologia, que dependem de ciclos mais longos de investimento e costumam ser mais sensíveis ao aumento do custo de capital. Sem novos fatos corporativos relevantes, o movimento é de reprecificação de risco em um pregão mais defensivo.
A Brava (BRAV3) é pressionada pela forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional. As cotações do Brent e do WTI recuam em um ambiente de maior pressão diplomática dos Estados Unidos por um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, o que poderia aumentar a oferta global e aliviar prêmios de risco.
Por volta das 12h11, o petróleo Brent opera a US$ 62,16, queda de 1,92%, enquanto o WTI gira a US$ 57,65, baixa de 2,29%, movimento que pesa sobre papéis ligados à cadeia de óleo e gás.
A Embraer (EMBJ3) opera em baixa, em ajuste ao ambiente macro mais duro, com dólar e juros mais altos reduzindo o apetite por ativos cíclicos ligados ao cenário global, apesar da perspectiva ainda positiva no longo prazo para aviação comercial e defesa.
A Rumo (RAIL3) recua 2,68%, a R$ 15,27, com o mercado ainda repercutindo o balanço do 3TRI25 e ajustando expectativas para os próximos trimestres.
A companhia reportou:
- lucro líquido ajustado de R$ 733 milhões, queda de 7,6% na base anual;
- Ebitda ajustado de R$ 2,31 bilhões, alta de 4,5% a/a;
Analistas destacam um cenário misto: de um lado, volumes fortes de transporte e eficiência maior em custos; de outro, tarifas pressionadas e projeções de safra mais otimistas por parte da companhia do que estimativas de consultorias e bancos internacionais. Morgan Stanley e Goldman Sachs mantêm visão neutra sobre o papel, apontando que as projeções da empresa para produção e exportações de soja e milho em 2026 ainda parecem acima de cenários mais cautelosos.
Segundo compilação da Reuters, 7 casas recomendam compra e 4 manutenção das ações.
A CVC Brasil (CVCB3) fecha o grupo das maiores quedas, recuando 2,03%, a R$ 1,93, em um ambiente de juros mais altos e maior aversão a risco, que tende a pesar sobre empresas de viagens e consumo discricionário.
Maiores baixas
- Totvs (TOTS3): −3,75%
- Brava (BRAV3): −2,63%
- Embraer (EMBR3): −2,58%
- Rumo (RAIL3): −2,68%
- CVC (CVCB3): −2,03%
Altas e baixas: contexto do mercado
Os investidores acompanham uma agenda carregada no cenário político e fiscal. A principal novidade veio de Washington: os Estados Unidos retiraram a tarifa adicional de 40% sobre uma série de produtos brasileiros — como café, carne, frutas, castanhas e especiarias. A medida vale para itens que entraram no país desde 13 de novembro, e o governo americano afirmou que reembolsará as tarifas cobradas nesse intervalo.
A decisão reverte parte do tarifaço imposto por Donald Trump e recoloca o Brasil em condições similares às de antes da guerra comercial.
No campo político, o foco recai sobre a confirmação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF). A indicação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve enfrentar resistência significativa no Senado, já que a Casa legislativa tinha preferência pelo ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para assumir a vaga — posição que contraria diretamente o atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP).
O mal-estar ficou evidente ao longo da quinta-feira: Alcolumbre evitou comentar publicamente a indicação, mas enviou um recado político contundente ao anunciar que colocará em votação, na próxima semana, um projeto que cria aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde, medida com impacto bilionário nas contas públicas.
Ainda nesta sexta-feira, os investidores aguardam o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, que trará o novo valor da contenção de gastos do governo federal.
E no exterior
No exterior, o ambiente permanece negativo após os investidores encerrarem a véspera fugindo de ativos de risco. O relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll, mostrou criação de vagas acima das projeções e desemprego em alta, um sinal misto que reduziu a probabilidade de corte de juros pelo Fed na reunião de dezembro.
Nesta sexta-feira, o foco se divide entre:
- participações públicas de dirigentes do Fed, incluindo John Williams;
- divulgação dos indicadores PMI de atividade;
- dados de confiança do consumidor e expectativas de inflação,
que podem reorientar as apostas do mercado sobre os próximos passos da política monetária americana.
As bolsas globais operam sem direção única. Na Ásia, os índices registraram fortes perdas, pressionados por temores de intervenção cambial no Japão e pela aceleração da inflação local. Na Europa, os mercados recuam em bloco, acompanhando a fraqueza do setor industrial e à espera de novos dados macroeconômicos.
Nos EUA, os futuros dos principais índices oscilam entre leves altas e quedas, ainda refletindo a correção das ações de tecnologia e o aumento da cautela sobre valuations após a reação morna ao balanço da Nvidia (NVDA; NVDC34).
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