O Ibovespa disparou nesta sexta (22), com alta de 2,57%, após o presidente do Fed, Jerome Powell sugerir a possibilidade corte de juros já em setembro. O mercado projeta queda de 25 pontos-base.
Apenas uma ação do índice teve recuo: a Arezzo (ARZZ3). A Natura (NATU3) liderou o Ibovespa, subindo 8,29%, refletindo o otimismo em relação ao varejo com a expectativa de um ambiente de juros mais benigno.
Maiores altas
- NATU3: +8,29% — R$ 9,14
- COGN3: +7,72% — R$ 2,93
- BEEF3: +7,08% — R$ 5,75
- CYRE3: +6,74% — R$ 26,13
- MRVE3: +6,69% — R$ 7,50
Maiores quedas
- ARZZ3: -0,08% — R$ 48,65
Altas e baixas: contexto do mercado
No Brasil, a agenda foi esvaziada. Divulgada ontem, a arrecadação federal de julho somou R$ 254,221 bilhões, alta real de 4,57% em relação ao mesmo mês de 2024, alcançando recorde histórico para o período. No acumulado do ano, a receita chega a R$ 1,680 trilhão, 4,41% acima do observado em 2024. Do total, R$ 239,0 bilhões vieram de recursos administrados pela Receita (+5,75% em julho na comparação anual), enquanto receitas geridas por outros órgãos caíram 11% no mês, acumulando R$ 75,968 bilhões até julho.
No campo político, repercute a pesquisa Genial/Quest, que mostrou o presidente Lula à frente em todos os cenários de primeiro turno para as eleições de 2026, mantendo também a liderança em eventuais disputas de segundo turno contra adversários como Tarcísio de Freitas.
Além disso, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro por suposta coação de autoridades no processo que investiga tentativa de golpe de Estado.
No corporativo, a Petrobras (PETR3; PETR4) elegeu Bruno Moretti como novo presidente de seu conselho de administração, em substituição a Pietro Mendes, que havia renunciado nesta semana.
No setor de varejo, a Lojas Renner (LREN3) aprovou aumento de capital de R$ 1,6 milhão em decorrência do exercício de opções de ações de seu plano de remuneração.
Já no setor financeiro, o Banco de Brasília – BRB (BSLI3; BSLI4) avançou na aquisição do Banco Master. A operação, que transformará o BRB em um conglomerado prudencial nacional, já conta com a aprovação do Cade e a sanção do governador do DF, e agora aguarda análise final do Banco Central.
Cenário internacional
No cenário internacional, todas as atenções se voltaram para o Simpósio de Jackson Hole, onde o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursou, indicando a possibilidade de um corte de juros na reunião do Fed marcada para os dias 16 e 17 de setembro, mas ressaltando que os próximos dados sobre emprego e inflação serão determinantes para a decisão.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o discurso de Powell foi mais dovish do que o mercado esperava, sinalizando a possibilidade de um corte de juros já em setembro — movimento que, segundo ele, já vinha sendo precificado na curva futura.
“Não foi uma sinalização definitiva de corte, até porque esse não é o papel dele. Mas, dentro do que poderia ser dito, ele deu todos os sinais de que, caso o próximo relatório de emprego (payroll) mostre uma nova deterioração ou mantenha a fraqueza observada nas revisões anteriores, o corte em setembro se torna bastante provável”, avaliou.
A fala de Powell ocorre em meio a divisões internas no Fomc, além da pressão política vinda do presidente Donald Trump.
Ainda no plano global, Estados Unidos e União Europeia emitiram declaração conjunta para avançar em um acordo comercial. Ficou estabelecido que tarifas sobre a maioria dos produtos da UE exportados aos EUA não ultrapassarão 15%, incluindo itens farmacêuticos, semicondutores e madeira, enquanto a União Europeia reduziu tarifas sobre automóveis americanos. Entretanto, produtos como vinhos e bebidas destiladas continuam fora do acordo.
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