Nas altas e baixas do Ibovespa desta quarta-feira (19), a Braskem (BRKM5) lidera as altas após a aprovação, no Senado, do programa de incentivos Presiq, enquanto a MBRF (MBRF3) concentra o principal recuo do dia ao devolver parte dos ganhos recentes após o primeiro balanço pós‐combinação entre BRF e Marfrig.
Braskem puxa altas com Presiq; Hapvida segue volátil e GPA, Marcopolo e Rumo avançam
A Braskem sobe forte nas altas e baixas depois que o Senado aprovou, na véspera, o projeto que cria o Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq), visto como um alívio relevante para a petroquímica em meio ao ciclo prolongado de baixa dos spreads globais.
O papel também continua sensível às expectativas sobre o desfecho da venda da fatia da Novonor na companhia.
A Hapvida (HAPV3) também aparece no campo positivo das altas e baixas, avançando após dias de forte volatilidade causada pelo balanço do 3TRI25 e pelas compras de ações feitas pelo CEO Jorge Fontoura Pinheiro Koren de Lima e pela própria companhia.
O Morgan Stanley adotou visão mais conservadora para preços, crescimento e margens, mas manteve recomendação overweight (compra) com preço-alvo de R$ 25, o que implica potencial de valorização próximo de 45% diante do nível atual, avaliando que a queda recente foi exagerada.
Com os juros futuros operando mistos, o GPA (PCAR3) se destaca entre as altas mesmo sem notícias corporativas relevantes, refletindo ajuste técnico após forte correção dos últimos meses.
A Marcopolo (POMO4) mantém a tendência positiva iniciada na véspera, quando anunciou dois proventos robustos referentes a 2025: juros sobre capital próprio de R$ 0,09 por ação e dividendos de R$ 0,69 por papel, ambos com registro em 24 de novembro e pagamento a partir de 15 de dezembro, e ações passando a ser negociadas ex‐direitos a partir de 25 de novembro. A combinação de JCP e dividendos reforça o apelo da empresa como história de retorno ao acionista.
A Rumo (RAIL3) avança após se recuperar da forte queda do início da semana, quando o mercado reagiu ao balanço do 3TRI25. A companhia havia divulgado lucro líquido ajustado de R$ 733 milhões, recuo de 7,6% na comparação anual, e Ebitda ajustado de R$ 2,31 bilhões, alta de 4,5%. Casas de análise enxergam um quadro misto: volumes fortes e melhora de eficiência de custos, mas pressão sobre tarifas e projeções de safra mais cautelosas do que as da empresa, o que mantém visão equilibrada para o papel.
Maiores altas do dia
| Nome | Último (R$) | Variação (R$) | Var. (%) |
|---|---|---|---|
| Braskem PN (BRKM5) | 8,35 | +0,35 | +4,38% |
| Hapvida ON (HAPV3) | 17,35 | +0,35 | +2,06% |
| Pão de Açúcar ON (PCAR3) | 3,85 | +0,07 | +1,85% |
| Marcopolo PN (POMO4) | 7,42 | +0,14 | +1,92% |
| Rumo ON (RAIL3) | 15,68 | +0,27 | +1,75% |
MBRF lidera quedas; Minerva, Cemig, Taesa e TIM recuam
Na ponta negativa das altas e baixas, a MBRF (MBRF3) lidera as perdas ao devolver parte do rali recente, após uma sequência de sessões fortes desde a divulgação do 3TRI25, que trouxe receita de R$ 42 bilhões, Ebitda ajustado de R$ 3,5 bilhões e programa adicional de recompra de ações. O movimento de hoje é majoritariamente de realização de lucros, em um pregão de aversão a risco.
Sem notícias corporativas novas, Minerva (BEEF3), Cemig (CMIG4), Taesa (TAEE11) e TIM (TIMS3) completam o grupo das maiores quedas do Ibovespa, refletindo a combinação de correção técnica e o ambiente de Bolsa fraca, com investidores reduzindo risco em empresas defensivas e de utilities após recentes ganhos.
Maiores quedas do dia
| Nome | Último (R$) | Variação (R$) | Var. (%) |
|---|---|---|---|
| Marfrig Global Food (MBRF3) | 21,86 | -1,68 | -7,14% |
| Minerva ON (BEEF3) | 6,56 | -0,24 | -3,53% |
| Cemig PN (CMIG4) | 11,14 | -0,32 | -2,79% |
| Taesa Unit (TAEE11) | 43,12 | -1,29 | -2,90% |
| TIM ON (TIMS3) | 24,40 | -0,62 | -2,48% |
Altas e baixas: contexto do mercado
O movimento local reflete um ambiente de maior cautela global, com investidores à espera da ata do Federal Reserve (Fed), do relatório oficial de emprego (payroll) dos Estados Unidos e do balanço da Nvidia, que sai após o fechamento em Nova York.
No câmbio, o dólar comercial sobe para a faixa de R$ 5,33, enquanto os juros futuros oscilam perto da estabilidade, com leves ajustes em linha com os Treasuries.
Na abertura, o índice já mostrava fraqueza e chegou a renovar mínimas próximas de 155,8 mil pontos. A pressão vem sobretudo do recuo do petróleo no mercado internacional, que pesa sobre as ações da Petrobras. A baixa da estatal ajuda a puxar o índice para baixo desde os primeiros negócios.
Do lado oposto, Vale (VALE3) oscila em leve alta, amparada pela recuperação dos preços do minério de ferro na China, o que contribui para limitar parcialmente as perdas do Ibovespa.
O setor bancário também contribui para o viés negativo. Ações de Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) recuam de forma moderada, em meio às discussões sobre o impacto da liquidação extrajudicial do Banco Master e da prisão de seu controlador, Daniel Vorcaro, sobre a indústria financeira.
No radar, permanecem as incertezas quanto à fatia que cada grande banco poderá aportar ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC), em um momento em que o aplicativo do fundo lidera os rankings de downloads após a corrida de investidores atingidos pela quebra do Master.
Os desdobramentos do caso seguem no noticiário: o Banco de Brasília (BSLI4) anunciou a contratação de auditoria externa para apurar operações relacionadas à investigação da Polícia Federal na Operação Compliance Zero, enquanto o governo do Rio de Janeiro e o Rioprevidência seguem sob escrutínio por aportes ligados ao Master.
E no exterior
No cenário internacional, o humor é ligeiramente melhor do que na véspera, mas ainda cercado de incertezas. Em Nova York, os principais índices se recuperam após uma sequência de quedas de ações de tecnologia: Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançam em meio à expectativa pelo balanço da Nvidia, que se tornou um dos principais termômetros da aposta global em inteligência artificial.
Os números da companhia, que serão divulgados após o fechamento dos mercados, podem redefinir o apetite por risco no curto prazo, especialmente em empresas ligadas à IA e no próprio segmento de big techs.
A agenda americana ainda reserva, nesta quarta-feira, a divulgação da ata da última reunião do Fed, documento que deve detalhar o grau de divisão interna sobre o ritmo de cortes de juros após o recente afrouxamento de 0,25 ponto percentual.
O mercado monitora sinais sobre como a autoridade monetária enxerga inflação e atividade à frente, em um contexto em que as apostas para um novo corte em dezembro seguem divididas.
Amanhã, o foco se desloca para o payroll de setembro, que foi adiado pelo shutdown do governo federal e ganhou peso adicional por ser a primeira leitura mais completa do mercado de trabalho após semanas de “apagão” de dados.
No mercado de commodities, o petróleo do tipo WTI e o Brent recuam, pressionados por aumento de estoques nos EUA e por declarações recentes da Rússia descartando novos cortes de produção, enquanto o minério de ferro em Dalian sobe, apoiado por demanda firme na China.
Na Europa, as bolsas operam de forma mista, com investidores divididos entre a cautela com o setor de tecnologia e a leitura de dados de inflação e atividade. As últimas projeções indicam que o Banco Central Europeu pode manter os juros estáveis por um período prolongado, com inflação mais próxima da meta e crescimento moderado.
Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente em baixa, ainda repercutindo a correção recente das ações ligadas à inteligência artificial e tensões geopolíticas na região, enquanto o índice do dólar (DXY) volta a subir, refletindo o fortalecimento da moeda americana frente a pares fortes e emergentes.
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