Nas altas e baixas do Ibovespa desta terça-feira (18), a Marcopolo (POMO4) lidera as altas após anunciar uma combinação robusta de proventos — JCP e dividendos — antecipados para o exercício de 2025, enquanto a Hapvida (HAPV3) concentra o maior recuo do dia, estendendo a tendência de queda após o tombo de cerca de 45% registrado na semana passada com a divulgação do 3TRI25.
Marcopolo lidera altas com anúncio de JCP e dividendos; Cogna, Azzas e Auren acompanham
A Marcopolo dispara e assume a liderança das altas e baixas do dia após comunicar ao mercado duas distribuições significativas de proventos referentes ao exercício de 2025.
A companhia aprovou:
- Juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 0,09 por ação, com retenção de IR, registro em conta em 24 de novembro de 2025 e pagamento a partir de 15 de dezembro.
- Dividendos de R$ 0,69 por ação, totalizando R$ 169,8 milhões, também com registro em 24 de novembro e pagamento a partir de 15 de dezembro.
Ambas as distribuições serão realizadas com ações passando a ser negociadas ex-direitos a partir de 25 de novembro. O conjunto de proventos movimenta o mercado pela antecipação, volume elevado e impacto direto no retorno ao acionista.
A Cogna (COGN3) também figura entre as maiores altas do Ibovespa após divulgar o protocolo de registro para a 15ª emissão de debêntures simples, no total de R$ 1 bilhão, destinada exclusivamente a investidores profissionais. A oferta segue o rito automático da Resolução CVM 160 e será alocada via bookbuilding.
A Azzas 2154 (AZZA3) sobe após a aprovação de R$ 180 milhões em dividendos, equivalentes a R$ 0,89219207032 por ação, com data-com e pagamento em 1º de dezembro. As ações ficam ex-dividendos a partir de 24 de novembro.
A Auren (AURE3) completa o grupo de destaques positivos, acompanhada pela Minerva (BEEF3), ambas sustentadas por fluxo comprador em meio ao dia negativo da Bolsa.
Maiores altas do dia
| Nome | Último (R$) | Variação (R$) | Var. (%) |
| Marcopolo PN (POMO4) | 7,31 | +0,28 | +3,98% |
| Cogna ON (COGN3) | 3,55 | +0,13 | +3,80% |
| Azzas 2154 ON (AZZA3) | 30,12 | +1,08 | +3,72% |
| Auren ON (AURE3) | 11,51 | +0,42 | +3,79% |
| Minerva ON (BEEF3) | 6,84 | +0,18 | +2,70% |
Hapvida intensifica quedas; Braskem, BB, MRV e CSN recuam com mercado em correção ampla
No lado negativo das altas e baixas, a Hapvida volta a liderar as perdas e aprofunda a trajetória de queda que começou na semana passada, quando os papéis chegaram a despencar cerca de 45% após a divulgação do balanço do 3TRI25.
O resultado registrou:
- Lucro líquido de R$ 338 milhões
- Prejuízo contábil de R$ 57 milhões
- EBITDA recorrente 20% menor
- Sinistralidade mais alta
Analistas classificaram o trimestre como um dos mais difíceis já reportados pela companhia.
A pressão permanece mesmo após a revelação, via Bloomberg, de compras relevantes do CEO Jorge Fontoura Pinheiro Koren de Lima, que teria adquirido cerca de R$ 250 milhões em ações, além de cerca de R$ 500 milhões comprados pela própria empresa — informações fornecidas por fontes sob anonimato.
Outras empresas recorrem ao movimento de correção da Bolsa:
- Braskem (BRKM5) cai acompanhando o mau humor geral.
- Banco do Brasil (BBAS3) recua sem catalisadores corporativos.
- MRV (MRVE3) acompanha a sensibilidade do setor à alta dos juros futuros.
- CSN (CSNA3) cai mesmo com minério em alta no exterior, refletindo o ajuste amplo do mercado.
Maiores quedas do dia
| Nome | Último (R$) | Variação (R$) | Var. (%) |
| Hapvida ON (HAPV3) | 17,36 | −0,64 | −3,56% |
| Braskem PN (BRKM5) | 7,73 | −0,13 | −1,65% |
| Banco do Brasil ON (BBAS3) | 22,06 | −0,44 | −1,96% |
| MRV ON (MRVE3) | 8,39 | −0,15 | −1,76% |
| CSN ON (CSNA3) | 8,23 | −0,12 | −1,44% |
Altas e baixas: contexto do mercado
O mercado doméstico segue como reflexo direto do cenário internacional, mas com algumas tensões internas ampliando a aversão ao risco. Os juros futuros voltam a subir acompanhando o avanço dos Treasuries, e o fluxo estrangeiro permanece negativo, reforçando a pressão sobre o Ibovespa.
A cena local é influenciada pelos desdobramentos envolvendo o Banco Master, após o Banco Central decretar liquidação extrajudicial da instituição e a Polícia Federal prender o principal acionista do grupo, Daniel Vorcaro.
No câmbio, o dólar se mantém firme, refletindo tanto o movimento externo quanto o comportamento da renda fixa local, que precifica um cenário global mais duro para cortes de juros em 2026. O avanço dos DIs ocorre mesmo com o crescimento econômico doméstico apresentando sinalizações mistas — como a leitura estável do Monitor do PIB da FGV, divulgada hoje.
E no exterior
O exterior segue como o principal vetor para os ativos locais. Investidores globais aguardam dois eventos que concentram as atenções nesta semana:
- o balanço da Nvidia, que será divulgado amanhã, e
- os dados de emprego dos EUA (payroll), que saem na quinta-feira, após ficarem represados durante o shutdown de 43 dias.
Com a volta dos indicadores americanos, cresce o debate sobre a persistência dos juros elevados no país. As apostas no Fed se reconfiguraram: hoje, cerca de 53% do mercado projeta manutenção da taxa, segundo o FedWatch, enquanto a probabilidade de corte vem diminuindo.
As bolsas globais operam em queda generalizada. Na Ásia, o recuo foi liderado pelo Nikkei (-3,22%), pressionado por tecnologia. Na Europa, índices como STOXX 600, DAX e CAC 40 também refletem a aversão a risco, enquanto nos EUA os futuros de Wall Street mostram novas perdas, especialmente no setor de tecnologia.
O movimento é reforçado:
- pela preocupação com possíveis excessos de valuation ligados à Inteligência Artificial,
- pelo enfraquecimento do apetite por risco antes do payroll,
- e pela retomada da migração de parte dos investidores para renda fixa global, com Treasuries de 2 e 10 anos voltando a atrair fluxo.
Commodities operam mistas:
- petróleo avança levemente, após retomada de embarques na Rússia;
- minério de ferro sobe na China, apoiado por demanda resiliente no curto prazo.
Criptoativos, por sua vez, seguem pressionados. O bitcoin renovou mínimas recentes ao cair abaixo de US$ 90 mil, refletindo a fuga global de ativos de maior risco.
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