O Ministério das Finanças da China anunciou nesta terça-feira (4) a aplicação de tarifas adicionais de 15% sobre as importações de carvão e gás natural liquefeito dos EUA a partir de 10 de fevereiro. Além disso, haverá um aumento de 10% nas taxas sobre o petróleo bruto americano, equipamentos agrícolas e determinados automóveis e caminhões, acompanhado de novas restrições à exportação de produtos relacionados a minerais estratégicos.
A decisão chinesa surge em resposta à recente entrada em vigor das tarifas impostas pelos EUA sobre produtos chineses, aumentando as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
A China argumentou que as tarifas adicionais de 10% implementadas pelos EUA “violam seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio, prejudicando as relações econômicas e comerciais bilaterais”, segundo comunicado oficial do governo chinês.
O Ministério do Comércio da China e as autoridades alfandegárias anunciaram restrições à exportação de itens e tecnologias ligados a minerais estratégicos, como tungstênio, telúrio, rutênio e molibdênio.
De acordo com Louise Loo, economista-chefe da Oxford Economics para a China, em entrevista à CNBC, o impacto imediato das novas tarifas será simbólico, aumentando a tarifa efetiva sobre as importações dos EUA para a China em cerca de dois pontos percentuais. No entanto, Loo alertou para o risco crescente de uma nova guerra comercial entre os dois países, com forte probabilidade de novas rodadas tarifárias.
Após o anúncio das tarifas, o yuan offshore chinês apresentou pouca variação frente ao dólar americano. Já os mercados financeiros permanecem fechados devido ao feriado do Ano Novo Lunar, com retomada das negociações prevista para quarta-feira (5).
Guerra das tarifas EUA x China: Alphabet sob investigação
Além das medidas comerciais, a Administração Estatal de Regulamentação do Mercado da China anunciou uma investigação sobre a Alphabet, controladora do Google, por suspeita de violação da legislação antimonopólio chinesa. Embora o Google tenha retirado seus serviços de busca da China em 2010, ainda mantém operações voltadas para empresas chinesas que desejam anunciar em suas plataformas no exterior.
Julian Evans-Pritchard, chefe de economia da China na Capital Economics, avalia que essas medidas representam um aviso da China de que está disposta a prejudicar os interesses dos EUA, mas mantendo margem para recuo. Ele também sugere que as tarifas anunciadas podem ser adiadas ou canceladas antes de entrarem em vigor, e a investigação contra o Google pode ser concluída sem penalidades.
Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, optou por suspender por 30 dias a implementação das tarifas planejadas de 25% sobre as importações do Canadá e do México, após compromissos dos dois países para combater o tráfico ilícito de fentanil para os EUA. No entanto, a China não obteve o mesmo alívio.
Vishnu Varathan, chefe de pesquisa macroeconômica do Mizuho Bank para a Ásia (excluindo o Japão), destacou que as complexidades das relações comerciais entre EUA e China tornam qualquer resolução mais desafiadora do que no caso do México e do Canadá.
Escalada de tensões
Com o início do segundo mandato de Trump, seu governo ordenou uma revisão do cumprimento chinês do acordo comercial assinado em 2020. O relatório final será entregue até 1 de abril, possivelmente desencadeando novas ações tarifárias.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, podem conversar “nos próximos dias”.
No último sábado, Trump sancionou as tarifas de 10% sobre produtos chineses, além das tarifas existentes de até 25% implementadas durante seu primeiro mandato.
Economistas do Goldman Sachs estimam que as tarifas adicionais podem reduzir o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) chinês em 50 pontos-base neste ano, intensificando os apelos por medidas de estímulo econômico interno para minimizar os impactos das tarifas.
O banco de investimentos prevê que o crescimento do PIB da China desacelere para 4,5% em 2025, com inflação ao consumidor limitada a 0,4% devido à demanda fraca e à prolongada crise no setor imobiliário.
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