Diante dos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, o mundo está se aproximando de uma Terceira Guerra Mundial? Essa foi uma das questões discutidas no painel sobre Eleições Americanas e Teinsões no Oriente Médio, realizado durante a Money Week, evento da EQI Investimentos, na sexta-feira (2), em Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Com a participação do cientista político Professor HOC e mediação de Luís Moran, Head da EQI Research, o debate explorou as transformações globais e as consequências da hiperglobalização.
O fenômeno da hiperglobalização
O mundo vivenciou uma transformação profunda. No início, a organização do comércio global e a liberdade de troca permitiam às nações escolherem suas políticas comerciais com maior autonomia.
No entanto, com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a gradual perda do lastro do dólar em relação ao ouro, o cenário global evoluiu para um estágio de hiperglobalização. Esse processo intensificou a integração econômica mundial, trazendo novas oportunidades e desafios para as economias e relações entre os países.
Um deles, segundo o Professor HOC, é que esse fenômeno não resulta apenas em ganhadores, mas também em perdedores. Sendo assim, os países ou grupos que não se beneficiam do processo podem sentir-se prejudicados e insatisfeitos, o que pode dar início a diversos problemas e tensões.
A existência de um trilema
Um ponto importante destacado pelo Professor HOC para ilustrar essa questão é o trilema da hiperglobalização. Segundo esse trilema, uma nação não pode simultaneamente manter a democracia, a soberania e participar plenamente da hiperglobalização. O Professor HOC argumenta ainda que, embora os países almejem alcançar esses três objetivos, é impossível conciliá-los completamente.
Ele conclui que, devido a essa impossibilidade de equilibrar as três dimensões, o mundo não está preparado para lidar com as perdas e ganhos gerados por esse processo. Como resultado, a tendência é um aumento do protecionismo.
Essa doutrina defende a adoção de medidas para proteger as economias internas, restringindo importações e reduzindo a concorrência estrangeira. Essa abordagem é aplicada, em maior ou menor grau, por praticamente todos os países.
Pode acontecer uma Terceira Guerra Mundial?
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), momentos de tensão mundial, como a Guerra das Coreias (1950-1953), a Guerra do Vietnã e a crise dos mísseis em Cuba, geraram preocupações sobre uma possível escalada de conflitos globais.
A recente guerra na Europa entre Rússia e Ucrânia, bem como os conflitos entre Israel e Palestina, evidenciaram ainda mais essas preocupações. A forma como eles se desenvolvem reacendeu o temor de uma eclosão de disputas em escala mundial, envolvendo países de diversos continentes e com potenciais consequências devastadoras.
O cientista político destaca que, em um cenário onde há perdedores e a insatisfação é comum, a situação atual apresenta semelhanças com os contextos das duas guerras mundiais. Ele observa que, em muitos aspectos, o cenário contemporâneo reflete preocupações semelhantes às do passado.
Outros conflitos atuais
Além dos conflitos já mencionados, é importante considerar outras crises em curso que alimentam as preocupações sobre a possibilidade de uma terceira Guerra Mundial.
No final de 2023, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ameaçou invadir a Guiana Francesa, especificamente a região de Essequiba. Essa área de 160.000 quilômetros quadrados, predominantemente coberta por uma densa floresta e cortada por rios caudalosos, faz fronteira com o estado brasileiro de Roraima.
No início do ano, os Estados Unidos atacaram o grupo Houthi no Iémen, um país mergulhado em uma guerra civil há uma década. Além disso, a China prometeu intensificar a pressão sobre Taiwan caso a ilha continue a buscar independência. Esses e outros conflitos em andamento ao redor do mundo exacerbam as preocupações sobre a eclosão de uma guerra em escala global.
O Brasil neste cenário
Nenhuma dessas guerras envolve diretamente o Brasil. No entanto, esses conflitos ao redor do mundo geram uma instabilidade geral que afeta o fluxo do comércio e impacta a inflação no Brasil, e, consequentemente, a economia.
Além disso, apesar da postura neutra historicamente adotada pelo Itamaraty, o professor HOC acredita que “não é possível manter essa neutralidade para sempre; em algum momento será necessário escolher um lado“.
Ele também ressalta que, ao se posicionar a favor da China, o Brasil adota uma postura questionável, dado que o país asiático é governado pelo Partido Comunista desde 1º de outubro de 1949. Como grande defensor da democracia, o professor HOC expressa seu desejo de que o Brasil se junte aos regimes democráticos.
“Gostaria que o Brasil escolhesse o lado das democracias“, afirma ele. O professor conclui dizendo que, caso ocorra uma 3ª guerra mundial, o Brasil precisará estar preparado para uma possível onda migratória, com muitas pessoas buscando refúgio e se estabelecendo no país.
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