Vivendo de Renda com Ações
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Educação Financeira
Artigos
O papel do ouro em portfólios de alta renda

O papel do ouro em portfólios de alta renda

O ouro tem assumido um papel cada vez mais estratégico em portfólios de alta renda no cenário atual de incertezas econômicas globais. O metal precioso, que durante milênios serviu como reserva de valor, encontra hoje um novo espaço nas carteiras dos investidores mais sofisticados, sendo visto não apenas como proteção patrimonial contra crises, mas como como componente essencial de uma diversificação inteligente.

A evolução do ouro como classe de ativos

O ouro pode ser classificado simultaneamente como ativo de segurança e ativo alternativo em portfólios de alta renda. Esta dupla natureza o torna especialmente atraente para investidores de alta renda que buscam proteção patrimonial. Além disso, o metal se destaca por não ter lastro em uma economia específica, diferente das moedas ou ações de empresas.

Segundo Elias Wiggers, sócio da EQI Investimentos e assessor de gestão patrimonial, “ouro é classificado como alternativo porque ele não é exatamente uma renda fixa, com prazo definido, pode se resgatar a qualquer momento porque ele é um ativo bastante líquido, mas que em situações de uma carteira não fica exatamente nem na renda fixa, nem na renda variável, nem nos fundos”.

O perfil do investidor de alta renda e o ouro

O público de alta renda atualmente tem focado muito em proteção contra perdas patrimoniais, evitando grande exposição a riscos. Naturalmente, o leque começa a se abrir mais para renda fixa, dado que no Brasil temos bons rendimentos ainda, com juros altos.

Muitos investidores também têm optado por dolarizar o patrimônio, investindo mais no exterior por questões de otimização tributária e sucessória. Eventualmente, buscando um pouco mais de rentabilidade no longo prazo, alguns estão se disponibilizando a colocar recursos em ativos alternativos – classe de ativos com liquidez restrita.

Publicidade
Publicidade

Neste contexto, ouro pode servir tanto como ativo de segurança quanto como diversificador alternativo, oferecendo características únicas que não se encontram em outras aplicações tradicionais.

O papel estratégico na diversificação

Os bancos centrais mundiais têm aumentado suas reservas de ouro, sinalizando a importância do metal no atual cenário geopolítico. Esta movimentação institucional reforça o papel do ouro como reserva de valor confiável em tempos de incerteza.

O ouro tende a manter seu valor mesmo em cenários adversos, funcionando como hedge natural das carteiras de investidores em geral.

“Não tem lastro em uma economia ou empresa, mas sim na sua própria disponibilidade e demanda global”, observa Elias. Esta característica é especialmente valorizada por investidores de alta renda que precisam preservar patrimônio ao longo de gerações.

Alocação recomendada: não existe fórmula única

Diferentemente de outras classes de ativos, não existe uma recomendação específica de alocação em ouro para portfólios de alta renda. A decisão depende do perfil do investidorconservador, moderado ou arrojado – mas também do momento econômico.

“Objetivamente, não existe uma recomendação específica, depende realmente do perfil do investidor”, explica Wiggers. “Dado que ele é um ativo alternativo, ele já entra numa classe diferente, tem uma visão muito mais focada na defesa do patrimônio, às vezes como hedge mesmo”.

Alguns investidores mantêm exposição de 5% ao ouro de forma constante, enquanto outros podem aumentar essa exposição em momentos de maior incerteza no sistema financeiro global.

Modalidades de investimento: da praticidade à segurança

Em geral, tanto investidores de alta renda quanto os demais optam por ativos lastreados em ouro em vez do metal físico. “Não é muito simples você guardar ouro físico, você precisa eventualmente ter um cofre dentro de casa ou alugar, também tem um custo, para você alugar cofre numa instituição financeira”, pontua o especialista.

Quando você está aplicando num ETF de ouro ou num fundo, “você faz isso através da plataforma da sua corretora”. Pela facilidade operacional, esta é “a opção de 99% dos investidores”, segundo Elias.

ETFs e fundos: liquidez e segurança

Os ETFs (Exchange Traded Funds) e fundos de investimento oferecem:

  • Maior liquidez
  • Facilidade de negociação
  • Custódia profissional
  • Segurança operacional

As vantagens dos contratos digitalizados e descentralizados de ouro através das plataformas de corretora representam “um ativo extremamente seguro”, sem diferença significativa de qualquer outro ativo do mercado financeiro.

O ouro físico: para casos extremos

Alguns investidores de alta renda preferem manter “aquele lastro de joias de família, que não inclui só ouro, evidentemente, diamante, entre outros”, que fazem parte da reserva de metais preciosos e pedras preciosas.

No entanto, o ouro físico apresenta desvantagens:

  • Custos de armazenamento e segurança
  • Menor liquidez
  • Necessidade de autenticação para revenda
  • Risco de roubo

Hedge versus rentabilidade: a principal motivação

Aproximadamente “90 e tantos por cento das aplicações que são feitas no ouro fazem como hedge, não fazem para ganho de capital”. Esta é a realidade do mercado, onde o metal é visto prioritariamente como proteção, não como especulação.

O investidor que enxerga o ouro em portfólios de alta renda vê “como uma preservação de valor, então sim um ativo de proteção patrimonial. Sem dúvida, num patamar, eu diria até que acima do dólar, das criptomoedas, da renda fixa”.

Superioridade como ativo defensivo

O ouro é ouro, por mais que sejam contratos lastreados no metal. Os investidores sabem que “o lastro efetivo está lá, é um metal precioso, é a reserva de ouro que está lá no banco central, que alguém tem, ninguém inventa ouro, você tem que minerar”, afirma o especialista.

Esta característica tangível diferencia o ouro de outros ativos digitais ou financeiros, proporcionando uma sensação de segurança adicional para investidores que buscam diversificação real.

Volatilidade: o desafio cultural brasileiro

A volatilidade do ouro nem sempre é bem aceita pelo investidor brasileiro de alta renda. “O investidor está acostumado a ver aquela rentabilidade crescente dia a dia, idêntica da poupança”, com marcação na curva de juros.

“Volatilidade para o investidor brasileiro de alta renda, inclusive, não é exatamente muito bem aceito”. Esta resistência cultural pode limitar a adoção do ouro, mesmo quando ele oferece proteção necessária.

Educação e expectativas

É importante que investidores compreendam que o ouro em portfólios de alta renda, como qualquer ativo de mercado, apresentará oscilações. No entanto, seu papel não é proporcionar rentabilidade consistente, mas sim servir como hedge em momentos de turbulência.

Tendências globais e o futuro do ouro

O aumento das reservas de ouro por bancos centrais reforça a tese que sustenta a valorização do metal. “Muita gente com incerteza a respeito de muita coisa, o real global é o dólar, desde a década de 70, historicamente esse tem sido o hedge global”.

Quando a economia norte-americana entra em modo de incerteza ou instabilidade, “você adiciona uma incerteza onde antes costumava não haver”. Nestes momentos, bancos centrais podem estar se desfazendo do dólar e migrando para ouro.

Movimento cíclico, não passageiro

A atual valorização do ouro não deve ser vista como “corrida ao ouro” no sentido tradicional. “Não entendo como sendo uma corrida ao ouro, até porque, não acho que as economias mundiais vão voltar, por exemplo, ao padrão ouro”, afirma Wiggers.

O movimento é “cíclico, não é passageiro”. O ouro “vem, daqui a pouco ele vem de novo, em um momento de maior incerteza” por questões estruturais do sistema financeiro global.

Ouro versus criptomoedas: gerações diferentes

Para a turma “old money” – investidores de alta renda com patrimônio herdado de gerações anteriores -, o ouro é visto como insubstituível, “porque ele não é um valor intangível”, explica Elias.

Já o público “new money” – empreendedores de startups, pessoas mais novas e tecnológicas – não identifica tanto o ouro como insubstituível: “Às vezes até a criptomoeda, o bitcoin pode ser visto como alternativa similar”.

Características únicas do ouro

O ouro mantém aplicações práticas no mundo real. É “um metal com baixa propensão à oxidação, baixíssima propensão à oxidação, excelente condutor elétrico” com várias aplicações industriais e tecnológicas.

Historicamente, todo o ouro já minerado na história da humanidade caberia em aproximadamente quatro piscinas olímpicas, demonstrando sua verdadeira escassez física.

Títulos do Tesouro americano x Ouro

O ouro raramente “deixa de ser competitivo em relação a outros ativos defensivos” devido às suas características peculiares. “Ele pode ser menos ou mais adequado a uma determinada situação específica, mas deixar de ser competitivo ou de novo ser substituído depende muito” da filosofia de investimento de cada cliente.

Quando as taxas de juros reais dos títulos do Tesouro americano estão altas, como atualmente em torno de 4,3% ao ano, isso representa forte desincentivo para manter ouro. No entanto, se há incerteza sobre a economia americana ou sobre o papel do dólar, o ouro passa a ser refúgio ainda mais seguro.

O contexto das taxas de juros

Em ambiente de juros baixos ou negativos em termos reais, o custo de oportunidade de manter ouro diminui significativamente. “Quando as taxas de juros reais são negativas, o ouro se torna mais atraente porque os investidores não abrem mão de uma renda significativa ao mantê-lo”, afirma Elias.

Estratégias de implementação para alta renda

O ouro deve ser visto como investimento estratégico de longo prazo, não como “trade” especulativo. A abordagem tática, observando movimentos de curto prazo, pode ser perigosa pois “o investidor decide aplicar olhando pelo retrovisor”.

Diversificação inteligente

Para investidores de alta renda, a recomendação é integrar o ouro como parte de estratégia equilibrada, combinando-o com:

  • Ativos internacionais
  • Renda fixa doméstica
  • Ativos alternativos
  • Proteção cambial

Aquisição gradual

Uma estratégia eficaz é a compra sucessiva ao longo do tempo, utilizando abordagem de aquisição faseada. “Ao investir um montante fixo em ouro em intervalos regulares consegue ir ajustando o preço médio de aquisição”, diz o especialista.

O poder de compra preservado

O ouro tem demonstrado capacidade de manter poder de compra ao longo de décadas. Enquanto um dólar de 1970 compraria muito menos hoje, o mesmo valor em ouro ainda manteria grande parte de seu poder aquisitivo real.

Hedge natural multifacetado

O metal funciona como proteção contra:

  • Inflação e desvalorização monetária
  • Instabilidade geopolítica
  • Crises do sistema financeiro
  • Perda de confiança em moedas fiduciárias

Implementação prática para portfólios de alta renda

“Quem busca a proteção do ouro faz isso através de ativos diretamente correlacionados”, explica. Os investidores geralmente preferem fundos específicos de ouro em vez de multimercados que apenas incluem o metal na estratégia.

“Nunca vi um cliente que me pedisse um fundo multimercado que vai ter ouro na estratégia” pois estes fundos provavelmente terão apenas posição pequena para hedge em momentos de incerteza.

Adequação para todos os perfis

“Sendo que ele é um ativo que serve de hedge, tem essas características de proteção, de patrimônio no longo prazo, ele sim é adequado para praticamente qualquer cliente, seja aqueles com muito patrimônio ou pouco”.

O ouro faz sentido dentro de um portfólio, segundo Elias, “às vezes em uma exposição muito pequena só para realmente hedge, em alguns casos até para tentar capturar um pouco de movimento em cenários de mais incerteza”.

Fatores direcionadores de longo prazo

Diversos elementos devem manter o ouro relevante nos próximos anos:

  • Incertezas geopolíticas crescentes
  • Políticas monetárias não convencionais
  • Pressões inflacionárias estruturais
  • Movimento de “desdolarização” por alguns países
  • Democratização do acesso aos investimentos

Papel complementar, não substituto

O ouro não deve ser visto como substituto de outras classes de ativos, mas como complemento que aumenta a resiliência geral do portfólio. “Seu valor não está em substituir outros ativos, mas em aumentar a resiliência geral”, explica Elias.

Recomendação de alocação

Embora não exista fórmula única, estudos sugerem que alocação entre 5% a 10% pode melhorar os retornos ajustados ao risco da carteira no longo prazo. Para investidores de alta renda com foco na preservação patrimonial, percentuais maiores podem ser justificados.

  1. Aplicar em ouro vale a pena?

    Ouro é visto como um “porto seguro” em momentos de crise, porque tende a preservar valor quando há inflação alta, instabilidade cambial ou risco geopolítico. Mas não gera renda como ações ou títulos — o retorno vem da valorização da cotação. Para quem busca proteção e diversificação, faz sentido ter uma parcela da carteira em ouro, mas não como investimento único.

  2. Qual a valorização do ouro em 2025?

    Em 2025, o ouro segue valorizado no cenário internacional, impulsionado por incertezas globais e juros mais baixos nos EUA. Até setembro, a cotação acumula ganhos próximos a 10% em dólares no ano, segundo dados do mercado internacional. No Brasil, a alta é ainda maior quando somada à valorização do dólar frente ao real.

  3. Qual o ETF de ouro na B3?

    Na Bolsa brasileira, o principal ETF de ouro é o GOLD11. Ele replica a variação do preço do ouro no mercado internacional e pode ser comprado como qualquer ação.

  4. O que é o OZ1D?

    O OZ1D é o contrato futuro de ouro negociado na B3. Cada contrato equivale a 250 gramas de ouro fino. Ele serve para investidores que querem se expor à commodity de forma mais direta e em maior volume.

  5. Qual a diferença entre OZ1D e OZ2D?

    OZ1D: contrato cheio, equivalente a 250 gramas.
    OZ2D: minicontrato, equivalente a 10 gramas de ouro fino, criado para investidores menores.
    Ou seja, a diferença é o tamanho do lote e, portanto, o valor financeiro necessário para investir.

  6. Como o ouro é tributado no imposto de renda?

    ETF de ouro (como GOLD11): segue regra de fundos de investimento, com alíquota regressiva de IR (de 22,5% a 15%).
    Contratos futuros (OZ1D, OZ2D): seguem regra de renda variável, com alíquota de 15% sobre o lucro.
    Compra física (barras ou certificados): ganho de capital acima de R$ 35 mil no mês é tributado em 15%.

  7. O que é oz de ouro?

    “Oz” é abreviação de onça troy, unidade internacional usada para medir ouro. Uma onça troy equivale a 31,1 gramas. É a medida mais comum nas cotações globais.

  8. Como posso transformar um certificado de ouro em dinheiro?

    Um certificado de ouro pode ser vendido de volta ao banco ou corretora emissora. A liquidez depende da instituição, mas na prática é como resgatar uma aplicação: o investidor entrega o certificado e recebe o valor correspondente em reais, atualizado pela cotação do ouro no momento da venda.

Leia também: