Colônia do Sacramento é uma pequena cidade histórica localizada às margens do Rio da Prata, a cerca de 180 km de Montevidéu. Com sua arquitetura colonial, a charmosa cidade encanta pela história, tendo sido alvo de disputas intensas entre portugueses e espanhóis até 1828, quando após a Guerra da Cisplatina o Uruguai se tornou um país independente.
Quando estive em Colônia, me surpreendi com a quantidade de condomínios de casas às margens do Rio da Prata, imóveis de alto padrão cotados em dólar e que em muitos casos lembram casas de veraneio. Entender por que o mercado imobiliário da região se desenvolveu não é difícil: a apenas 50 km dali, do outro lado do Rio da Prata, está Buenos Aires.
Argentinos mais abastados e seus recursos passaram a migrar para o país vizinho, fugindo das incertezas sobre a economia doméstica. Na prática, além das cidades charmosas, do doce de leite e do vinho Tannat, símbolo nacional e perfeitamente adaptado ao clima local, o Uruguai tem muito a oferecer a quem busca reduzir impostos e contar com um sistema bancário sólido.
Residência fiscal no Uruguai
Diferentemente do Brasil, o Uruguai adota um modelo de tributação territorial parcial. Isso significa que a renda proveniente do exterior não é tributada, com exceção de juros e dividendos.
Há ainda um regime muito utilizado por novos residentes, conhecido como Tax Holiday, que garante isenção de impostos por 10 anos para dividendos e juros gerados no exterior. Após esse período, o residente fiscal passa a pagar 12% sobre esses rendimentos.
É fundamental lembrar que esse caminho só é possível para aqueles que optam pela saída fiscal do Brasil e que, no caso do Uruguai, devem residir mais de 183 dias por ano no país.
É necessário se mudar do Brasil?
Sim. Legalmente você é residente fiscal no Brasil se vive habitualmente no país, possui visto permanente, entra com visto temporário para trabalho ou permanece mais de 183 dias em um período de 12 meses. Mesmo após declarar saída, a Receita ainda pode te considerar residente caso mantenha vínculos considerados fortes, como ter dependentes, dirigir empresas, residir habitualmente ou desenvolver “centro de interesses vitais” no Brasil.
Alternativas para quem não pode sair
Existem estratégias para otimizar a tributação sem ter que residir 183 dias fora do país. Uma delas é manter uma segunda residência no exterior sem realizar a saída fiscal, o que permite diversificação cambial, bancária e patrimonial.
Outra alternativa é estruturar uma empresa offshore para atividades internacionais, desde que o faturamento não esteja ligado ao Brasil. A operação local seguiria tributada aqui, mas negócios internacionais podem ser organizados de forma mais eficiente.
Sistema bancário
O sistema bancário uruguaio é reconhecido pela solidez institucional, a forte regulação do Banco Central local e um ambiente financeiro historicamente estável. Um dos principais diferenciais é a facilidade para se abrir contas em dólares, recurso amplamente disponível e que faz parte da lógica dolarizada do mercado local.
A ausência de controles cambiais, o fluxo livre de capitais, a previsibilidade regulatória e a proteção jurídica tornam o Uruguai um destino atrativo para quem busca diversificação, segurança bancária e gestão patrimonial em moeda forte.
Qualidade de vida e segurança
Além dos aspectos fiscais e financeiros, o Uruguai se destaca pela qualidade de vida e a estabilidade institucional, fatores que ajudam a explicar por que tantos estrangeiros passaram a enxergar o país como um porto seguro na região.
Com índices de segurança acima da média sul-americana, boa infraestrutura, serviços públicos eficientes e um ambiente social mais tranquilo, o dia a dia no país é marcado por uma rara sensação regional de previsibilidade.
A combinação entre estabilidade política, regras claras, baixa inflação e um ritmo de vida mais calmo facilita o planejamento de longo prazo. Para muitos, a segurança pesa tanto quanto qualquer benefício tributário.
Um ponto de atenção
Como sempre reforçamos em temas de planejamento tributário aqui na EQI Research, é essencial analisar cada caso de forma individual. Assim como já discutimos o Paraguai anteriormente, o Uruguai pode ser uma alternativa interessante para a alocação do capital dependendo do perfil do investidor ou da própria família.
Para encerrar, deixo uma recomendação pessoal. Quando estiver em Montevidéu, vale reservar uma noite para assistir a um espetáculo de tango no tradicional Baar Fun Fun. Acompanhe a apresentação com uma taça de vinho Tannat, símbolo nacional, e você entenderá por que tantos visitantes incluem o local no roteiro da viagem à capital uruguaia.
Ah, e não estranhe quando os anfitriões afirmarem com convicção que o tango nasceu no Uruguai. Por lá, essa disputa histórica com os argentinos é levada muito a sério.
Quer saber mais sobre as maiores pagadoras de dividendos? Então acesse abaixo o relatório produzido sobre a EQI Research! Aproveite, e acesse o app EQI+, para mais informações sobre investimentos!





