O ano é novo, mas o tema permanece com ares de “déjà-vu”. Diante da perspectiva de manutenção da Selic em patamares elevados nos próximos meses, a renda fixa deve permanecer no foco dos investidores em 2023. Acompanhe agora as perspectivas para a renda fixa em 2023 na análise dos especialistas da EQI Investimentos. Selic em 11,50% Conforme projeções revisadas da EQI Asset para a taxa básica de juros – estimada anteriormente a 10,50% – ela passa agora para 11,50% a.a. Outra mudança foi quanto ao início da queda dos juros. A gestora que projetava, anteriormente, que os cortes da Selic começariam a partir de junho de 2023, agora, vê uma redução somente a partir de agosto, em um ritmo de 50 pontos-base. Com isso, em 2024, ela deve recuar para 10%. Veja mais: EQI Asset revisa projeções e vê corte da Selic a partir de agosto. As projeções econômicas foram revisadas no final de 2022 motivadas por questões acerca de estímulos fiscais e um possível aumento dos gastos governamentais ao longo de 2023. “Estamos incorporando um aumento dos gastos pelo período de um ano, que seria o período da PEC da Transição, com R$ 168 bilhões de gastos previstos acima do teto”, explica Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset. “A dinâmica do fiscal deve fazer com que a atividade desacelere de forma mais lenta. Teremos, então, um IPCA projetado para 2023 de 5,2%, e para 2024, de 4,4%. A combinação dessa desaceleração de 5,2% para 4,4% deve fazer com que o Banco Central seja mais cauteloso na dinâmica de redução de juros”, ele explica. Veja também: Copom decide manter Selic em 13,75%, mas ressalta preocupação fiscal.Entenda: análise da decisão do Copom, por Stephan Kautz. Mercado estressado mundialmente precifica juros altos por mais tempo Mas, não é apenas no Brasil que a discussão sobre juros e o controle da inflação devem permanecer em pauta em 2023. Essa também será a tônica dos mercados nos EUA e Europa, com os respectivos bancos centrais mantendo o aperto monetário em curso. Além disso, a probabilidade de recessão é crescente, especialmente na Europa e nos EUA. Embora o Federal Reserve (Fed), banco central americano, já comece a sinalizar uma disposição em reduzir o ritmo de altas, ainda é incerto quando poderia começar um ciclo de queda de juros. O Fomc, órgão ligado ao Fed, em sua reunião de dezembro de 2022 (última do ano) decidiu elevar a taxa de juros dos EUA em 0,50 ponto percentual – seguindo as projeções de mercado – para o intervalo entre 4,25% a 4,50%. A inflação continua sendo a principal preocupação do comitê, que está focado em levar a inflação norte-americana ao nível aceitável de 2%. O presidente do Fed, Jerome Powell, confirmou que os níveis restritivos dos juros continuarão até que a inflação passe a cair de forma sustentada. “Lá fora, o Fed, está sendo bastante austero e está prometendo fazer o juro cair só em 2024. O juro alto por lá, não permite que aqui caia muito”, avalia o head de renda fixa da EQI Investimentos, Denys Wiese. Veja também: os melhores investimentos para 2023. Baixe agora a análise completa! Quando a Selic vai cair? Em um cenário mundialmente inflacionário, a grande discussão para os investidores da renda fixa no Brasil está em torno de quando começa a queda dos juros por aqui. “Tem vários fatores que pressionam e pioram as perspectivas para a taxa Selic. O primeiro deles é a questão fiscal no Brasil. O governo está se mostrando bastante irresponsável com relação ao risco fiscal e isso atrasa o início da queda dos juros”, analisa Wiese. O head aponta que, diante das incertezas, o mercado estaria precificando juros acima de 14% a.a nos próximos meses. “O mercado está mais estressado do que os analistas, porque tem precificado algo que nem o Boletim Focus ou as casas de análise estão apontando”, ressalta. No entanto, para o especialista da EQI, neste momento, não se justifica uma Selic acima de 14%. “Tem que piorar muito o cenário e o dólar subir muito para que o Banco Central suba ainda mais ainda a taxa de juros”, comenta. Dessa forma, ele aponta estar em consonância com as projeções da EQI Asset, esperando que os juros comecem a cair em agosto de 2023. Mais: investimentos com Lula: o que esperar? Especialistas da EQI apontam cenários Renda fixa em 2023: o que o investidor deve priorizar? Entre pré e pós-fixados e IPCA+, Denys Wiese é categórico: “não dá pra colocar tudo na mesma cesta. Isso porque, realmente, a gente não sabe o que virá pela frente”, pondera. Contudo, considerando as perspectivas de que, de fato, a taxa Selic venha a cair no próximo ano, ele aponta alguns caminhos. “Para quem quer investir a longo prazo, poderia comprar pré-fixados. Porque, daqui a um ano, a taxa de juros estaria mais baixa”, avalia Wiese. No entanto, ele ressalta que o investidor deve precificar também o risco da taxa Selic não cair em 2023. “Por esse motivo é importante se proteger com os IPCA+, pois dessa forma vamos nos proteger de uma inflação que ainda não existe. Aliás, existe, mas não está muito alta nesse momento. Porém, se tivermos um governo ‘gastador’, essa inflação tende a subir”, previne. Ainda de acordo com ele, os pós-fixados devem entrar na carteira para aproveitar o juro alto durante o tempo que for. “Para quem quer investir por seis meses ou um ano, o pós-fixado ainda está bem atrativo”, avalia Wiese. Dúvidas sobre a composição da carteira de investimentos? Converse com um assessor. Decepção com atraso na queda de juros O head da EQI destaca que, em 2022, os investidores da renda fixa tiveram uma decepção, uma vez que a expectativa girava em torno do fim do ciclo de aperto monetário em setembro de 2022 e manutenção de juro alto somente pelos meses seguintes. “Mas, com toda essa confusão do governo, a coisa pode se estender. Quem apostou muito em pré e em IPCA para ter ganho de capital com a queda do juros acabou tendo que ter suas perspectivas adiadas. Não que isso seja totalmente ruim, mas o investidor tem que ter paciência e aguentar um prazo a mais para conseguir ter lucro”, aponta. Acompanhe também: Melhores investimentos para 2023, veja onde estão as oportunidades. Onde investir na renda fixa em 2023? Essa é a pergunta em que todos os investidores adorariam acertar a medida e para a qual Denys Wiese dá algumas dicas. “O investidor deve aproveitar que a renda fixa está em alta em todas as frentes: IPCA, pós e pré-fixados. Todas estão pagando muito bem. Mas, é preciso cuidar para não concentrar muito em uma única aposta, pois não faz sentido ficar só em uma classe”, observa. Para fechar, Wiese ainda recomenda paciência ao investidor. “Podemos ter pela frente um ambiente ruim em 2023 que vem diante da possibilidade de gastos descontrolados do novo governo. É bom se preparar para volatilidades”, pondera. Mais sobre renda fixa: marcação a mercado, entenda, definitivamente, o conceito.Domine a marcação a mercado! Acesse o material completo! Tributação de dividendos pode tornar renda fixa ainda mais atrativa Para encerrar as perspectivas para a renda fixa em 2023, Denys Wiese destaca um tema que pode mexer com o mundo dos investimentos, em especial, com a renda variável: uma possível taxação de dividendos. “Esse é um tema importante, que sempre entra em voga a cada novo governo. Se for aprovada em 2023 uma lei de tributação sobre os dividendos mudaria a relação entre renda fixa e renda variável, uma vez que a renda variável pode ficar ainda pior em detrimento da renda fixa”, analisa. No entanto, tais mudanças, caso ocorram, dariam um tempo para o investidor se preparar e rebalancear a carteira. “Caso seja aprovada alguma nova regulação, ela deve entrar em vigor somente em 2024”, finaliza Wiese. Melhor estratégia de investimento em 2023 A estratégia para 2023 deve ser definida conforme o perfil investidor, atribuindo pesos e contrapesos entre renda fixa e variável. Especialistas da EQI Investimentos orientam que uma alocação da carteira para os investidores conservadores pode seguir 50% em pós-fixados, 25% em ativos atrelados à inflação e 25% em pré-fixados. Para quem tem perfil moderado, a alocação sugerida é seguir com 60% em renda fixa, sendo 20% em pós-fixados, 20% em IPCA+ e 20% em pré-fixados, 15% em fundos multimercados, 15% de exposição em ações e 10% em investimentos no exterior. Já para os investidores com perfil sofisticado, a alocação segue com 50% em renda fixa, sendo 15% em pós-fixados, 20% em IPCA+ e 15% em pré-fixados. Os outros 10% vão para multimercados, 25% no mercado de ações e 15% em investimentos no exterior. Mesmo quem tem perfil sofisticado, mas não está confortável em investir na renda variável no momento, pode alocar mais peso na renda fixa e ir rebalanceando a carteira aos poucos, conforme acomodação do cenário macro-econômico. Você conhece seu perfil investidor? Faça o teste aqui! Gostou de saber as perspectivas para a renda fixa em 2023? Acerte no balanceamento da carteira, converse com um assessor de investimentos. Abra uma conta na EQI Investimentos.