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Quais os impactos do risco fiscal nas projeções para 2023?

Quais os impactos do risco fiscal nas projeções para 2023?

O mercado aguarda com ansiedade pela divulgação do que seria a emenda constitucional, chamada de PEC da Transição, que acomodaria os gastos com auxílios (Brasil/Bolsa Família) fora do teto de gastos. Ela deve ser divulgada possivelmente na quarta-feira (16).

Enquanto isso, as especulações dão conta de que o valor deve oscilar entre R$ 125 bilhões e R$ 200 bilhões. Nesta segunda-feira (14), por exemplo, o mercado reage bem à sinalização de que o Centrão não irá permitir que o auxílio fique de fora do teto por mais de um ano – recentemente, a possibilidade de manter a regra por período indefinido foi ventilada por porta-vozes do governo eleito.

O fato é, como afirmou Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset, na Money Week: o novo governo acabou por “revelar seu DNA” bem cedo. Como um governo de esquerda, entende o estado como indutor do crescimento e conside que dá para esticar o fiscal, mirando em crescimento da arrecadação e do PIB.

“Eu gosto de tentar interpretar o que vai na cabeça do Lula. Primeiro, o que ele fez de 2004 a 2010? O Brasil cresceu muito, a arrecadação cresceu mais do que o PIB, teve momento em que o Brasil capturou coisas que não tinha. Boom de crédito, boom de formalização de emprego, boom de commodities, o que levou o Brasil a um outro patamar. E com juro real elevadíssimo. Isso se equilibrou durante um tempo”, explicou.

“E essa é a memória que o Lula tem. Em um jantar no qual estive esse ano, com ele presente, ele falou ‘vou repetir o que fiz naquela época, porque o governo tem que ser o indutor do desenvolvimento’. Vamos esquecer o fiscal, os gringos, a Faria Lima… daí o PIB cresce muito e as coisas se equilibram porque a arrecadação também sobe. É um jeito da esquerda pensar”.

Outra questão que ajudaria a explicar uma política mais expansionista por Lula seria a força da oposição. “Ele ainda tem o bolsonarismo, que é uma oposição barulhenta. Se ele faz o PIB crescer rápido, ele pode ganhar popularidade”, complementou.

Neste cenário, economistas e analistas já começam a revisar suas projeções, apontando que a taxa básica de juros, Selic, pode não cair ou não cair tanto quanto o esperado para o ano que vem. Vale lembrar que a Selic está, atualmente, em 13,75% e o mercado acredita que, a partir de junho de 2023, deve ter início um ciclo de queda de juros.

Mas quais os impactos do risco fiscal nas projeções para 2023? Confira o que diz Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

O que é risco fiscal?

O risco fiscal consiste na possibilidade do governo não conseguir honrar com seu planejamento financeiro, gastando mais do que arrecada.

Como consequência, é possível haver aumento da dívida pública e uma fuga de investidores do país, já que passa a ser mais arriscado investir no local.

Um alto risco fiscal também pode influenciar a taxa básica de juros, Selic, forçando o Banco Central a utilizar da política monetária para controlar a inflação decorrente.

Imagem de gráfico

Quais os impactos do risco fiscal nas projeções para 2023?

Falando sobre os impactos do risco fiscal nas projeções para 2023, Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, afirma que poderá haver alterações significativas tanto na Selic quanto na taxa de câmbio.

“Basicamente porque estas são as variáveis afetadas mais no curto prazo, pelo mercado ou por efeito das medidas fiscais nos preços dos ativos”, ele diz.

E explica: “Uma política muito expansionista, que aumente o risco da dívida, aumenta o risco país e o risco país é uma das variáveis que colocamos no nosso modelo de projeção para analisar a taxa de câmbio”, diz. Ou seja: o aumento do risco país levaria a taxa de câmbio para patamares mais altos.

“A gente está fazendo algumas simulações, estamos falando em patamares de 6% ou até um pouco a mais, dependendo de qual período da história a gente utilize para fazer a simulação. Isso geraria inflação mais alta”, complementa.

Ele complementa que um câmbio mais depreciado tende a afetar a taxa em um horizonte de três a seis meses. E, dependendo de quanto afete a inflação, afeta a taxa de juros também. Por conta disso, poderá haver mudanças significativas nas estimativas do mercado.

“Os cortes de juros que temos estimados para ano que vem, a partir do segundo semestre, podem ser retirados e a Selic pode ficar parada ou cair menos do que a gente tem nas simulações de hoje em dia”, afirma.

Já para a inflação medida pelo IPCA, o efeito poderia ser sentido mais para o final de 2023 ou início de 2024, dependendo de quando acontecesse a depreciação do câmbio. “É mais incerto esse efeito”, diz.

Em termos de PIB, a EQI Asset projeta um crescimento de 0,9% em 2023. No entanto, se houver um estímulo fiscal muito grande, pode ter alguma revisão para cima, com impactos somente em 2024.

“A gente precisa entender de quanto será esse aumento de gastos do governo e em quais condições ele virá”, finaliza, reforçando a indefinição que vem pautando o mercado desde a última semana.

Confira abaixo todas as projeções atuais da EQI Asset para 2022 e 2023. A alteração mais recente promovida foi no PIB de 2022, com alta de 2,7% para 3%, devido a um resultado bastante positivo no setor de serviços – e você entende tudo aqui.

Projeções EQI Asset para 2022 e 2023
Fonte: EQI Asset

Agora que você entendeu quais os impactos do risco fiscal nas projeções para 2023, que tal aprender também como posicionar os seus investimentos com o novo governo eleito? Não deixe de participar da live EQI Talks de quarta-feira (16), sobre os melhores investimentos no governo Lula. Clique aqui para fazer sua inscrição no evento.