O Fomc, ligado ao Federal Reserve (Fed), decidiu elevar a taxa de juros dos EUA em 0,50 ponto percentual, seguindo as projeções de mercado, para o intervalo entre 4,25% a 4,50%. A inflação continua sendo a principal preocupação do comitê, que está focado em levar a inflação norte-americana ao nível aceitável de 2%. O presidente do Fed, Jerome Powell, confirmou que os níveis restritivos dos juros continuarão até que a inflação passe a cair de forma sustentada.
Além disso, o comitê norte-americano informou que continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, conforme divulgado nos planos para reduzir o tamanho do balanço do Federal Reserve em maio.
O Comitê informou ainda que estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme julgue apropriado, caso surgem riscos que possam impedir o alcance de suas metas.
“As avaliações do comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre saúde pública, condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas inflacionárias e desenvolvimentos financeiros e internacionais”, informou comunicado do colegiado.
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De acordo com o documento, a inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões de preços mais amplas.
“O comitê antecipa que os aumentos em curso serão apropriados para atingir uma postura de política monetária suficientemente restritiva para empurrar a inflação de volta a 2% ao longo do tempo”, informa outro trecho do comunicado.
Powell confirma níveis restritivos dos juros até recuo sustentado da inflação
Em entrevista após a decisão do Fomc, o presidente do Fed, Jerome Powell, reafirmou a disposição da autoridade monetária norte-americana em se manter focada em levar a inflação de volta a 2%. E confirmou que os juros permanecerão em níveis restritivos até ter certeza de que a inflação comece a recuar de forma sustentada.
Ele disse que as altas promovidas até aqui ainda não foram percebidas e destacou que “ainda há muito trabalho pela frente”. Acrescentou ainda que não vê recessão na economia por conta dos juros altos, mas um crescimento menor.
“A política monetária precisa ser restritiva o suficiente para levar a inflação para meta de 2%. O desemprego segue perto das mínimas, mas os salários ainda apresentam forte alta”, destacou ele.
Ele explicou ainda que as pressões de preços seguem sobre os setores de bens e serviços. E destacou que essa alta, de 0,5 ponto, é historicamente um grande aumento dos juros, mas o trabalho em reduzir o nível da inflação está longe de ser concluído. “A redução da inflação exigirá um período de crescimento baixo e alívio do mercado de trabalho”, completou.
Com isso, o presidente do Fed afirmou que as próximas decisões serão balizadas de acordo com os dados que forem divulgados e as condições da economia do país. As decisões, portanto, serão tomadas em cada reunião.
Fomc: BTG (BPAC11) já antecipava alta de 0,50 ponto
O banco BTG Pactual (BPAC11) apontou, antes da divulgação dos juros, que o Fomc ajustaria a taxa de juros dos Estados Unidos para o intervalo entre 4,25% e 4,50%, desacelerando o ajuste de 75 pontos-base para 50 pontos-base, conforme amplamente sinalizado pelos membros do comitê nas últimas semanas.
Com isso, o banco tinha como projeção: + 50 bps em dezembro – confirmado agora – +50 bps em fevereiro e +25 bps em março. Com isso, a taxa encerra 2022 entre o intervalo de 4,25 e 4,50% (mid-point em 4,38%).
O BTG informou que não esperava grande novidades sobre o diagnóstico de inflação, mas há incerteza quanto à visão do comitê em relação ao recente afrouxamento das condições financeiras ao longo de novembro.
“Esse tem sido a variável monitorada pelo Fomc para calibragem da política monetária. Nas últimas ocasiões em que as condições afrouxaram (bolsa subiu e juros fechou), o Fed foi reativo e adotou comunicação mais dura, não só como parte da construção de sua credibilidade, mas também para desincentivar a demanda agregada americana ao longo dos meses”, apontou trecho do relatório BTG.
Desaceleração vinha na última ata
A desaceleração dos juros vinha sendo antecipada pela ata da última reunião do Fomc, no mês passado. Segundo o documento divulgado na época, os membros apoiavam uma redução do aperto monetário, mas não abrem mão de manter o foco para o controle inflacionário.
Ao discutir possíveis ações de política nas reuniões, os participantes reafirmaram, de acordo com a ata, seu compromisso de forçar a inflação de volta à meta de 2% do comitê e continuaram a antecipar que aumentos contínuos na taxa de juros seriam apropriados para atingir um nível suficientemente postura restritiva da política para reduzir a inflação ao longo do tempo.
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, avaliou que o comunicado do Fomc veio com uma sinalização mais hawkish, na qual a projeção de juros é de 5,10% para o fim de 2023, chegando a no máximo 5,25%, acima do que o esperado pelo consenso.
“Não há expectativa de corte de juros para o ano que vem. Para 2024, há projeção de um juros em queda, mas quando olhamos a composição de outras projeções de PIB (Produto Interno Bruto), desemprego e especialmente de taxa de inflação, o que vemos é uma combinação de PIB mais fraco, crescendo próximo de 0,5% para o ano que vem”, avaliou.
Kautz calculou que o discurso do Powell foi na direção de dar um peso maior da influência do mercado de trabalho sobre a inflação do que para a desaceleração do PIB e que o aumento dos salários não é compatível com um cenário no qual o Fed aposta em inflação a 2%.
Além disso, o economista-chefe da EQI Asset afirmou que é possível que na próxima reunião do Fomc, ocorra uma nova revisão do pico da taxa de juros. A projeção até aqui é que 0,50 porcentual em fevereiro e, depois, mais 0,25 p.p. em março.
O que é Fomc?
A sigla quer dizer Federal Open Market Committee, que traduzindo livremente significaria algo como Comitê Federal de Mercado Aberto.
Trata-se de um órgão público ligado ao Federal Reserve, o Fed. Analogamente, o Fed corresponde ao nosso Banco Central do Brasil.
E uma boa forma de entender a atuação do Fomc também é por meio de uma analogia. Se compararmos ao nosso Copom, o Comitê de Política Monetária, teremos uma boa ideia dos objetivos desse órgão dos Estados Unidos.
Assim como o Copom, o Fomc é quem define a taxa básica de juros do país norte-americano. Também no mesmo formato de reunião, seus membros se encontram de tempos em tempos para fazer as avaliações.
São oito reuniões ao longo de um ano, com o objetivo de traçar os melhores rumos para a política monetária do país de forma que o Fed consiga executar um bom controle de aspectos econômicos.
A composição do Fomc talvez seja um dos aspectos mais interessantes a seu respeito. Ao total, são 17 membros participantes, dos quais 12 tem direito a voto.
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