Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, afirma que a vitória de Donald Trump segue como cenário-base para as eleições presidenciais americanas de novembro, mesmo com a desistência do presidente Joe Biden de tentar a reeleição. Em seu lugar, os democratas devem confirmar nos próximos dias a candidatura de Kamala Harris, vice-presidente de Biden.
“A desistência de Joe Biden vinha sendo discutida desde o último debate, em que ficou evidente a questão da saúde do presidente para seguir com mais um mandato e, por isso, ele vinha sofrendo muita pressão interna. Após o atentado a Trump, houve um primeiro momento em que acreditamos que essa pressão poderia diminuir. Mas, ao contrário, ela continuou, com os democratas muito preocupados com a questão de que seguir com Biden candidato pudesse impactar e representar uma derrota também na Câmara e no Senado. No final de semana, enfim, Biden anunciou a desistência”, explica.
Para Kautz, Kamala Harris deve ser confirmada em agosto como candidata dos democratas, durante a convenção do partido. Mas, até lá, a “campanha deve ficar manca”.
“O Biden já indicou o apoio a Harris, e a escolha dela facilitaria toda a manutenção da campanha, já que é vice-presidente. Então, isso seria uma transmissão suave. No entanto, a convenção só acontece na segunda quinzena de agosto e vamos ter uns 20 dias de campanha ‘manca’, sem que ela possa se lançar, oficialmente, como candidata”, analisa.
As pesquisas realizadas até aqui indicam que Harris como candidata mexe muito pouco nos ponteiros da eleição, tendo desempenho bastante similar ao de Biden antes do debate – após o debate, ele teve uma queda bastante significativa.
Apesar do cenário favorável à vitória de Trump na corrida presidencial, Kautz enfatiza que a troca de candidato favorece a eleição democrata ao Congresso. “Trump segue como favorito para ser presidente, mas a campanha democrata deve ganhar certo estímulo, com a expectativa de que para Senado e Câmara consiga vitórias ou pelo menos uma performance melhor”, complementa.
Ouça o áudio na íntegra:
Vitória de Trump, após desistência de Biden
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no domingo (21) que desiste da corrida presidencial de 2024, em decisão surpreendente após semanas de pressão para que o democrata de 81 anos desistisse da disputa contra o ex-presidente Donald Trump.
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente”, escreveu Biden em uma publicação na rede social X. “E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu renuncie e me concentre apenas em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato.”
Biden planeja falar à nação ainda esta semana para dar mais detalhes sobre sua decisão.
O anúncio ocorre num momento em que um número crescente de democratas pedia que ele se afastasse para permitir que o partido escolha um novo candidato no próximo mês, capaz de concorrer contra Trump.
A menos de quatro meses do dia da eleição, o Partido Democrata agora precisa montar uma nova chapa presidencial. Biden já anunciou apoio ao nome de Kamala Harris, sua vice-presidente.
O próximo candidato enfrentará a chapa republicana de Trump e do senador JD Vance, e precisará conquistar doadores, delegados e outros aliados que foram leais a Biden, além de convencer os eleitores de seu próprio valor para o cargo mais alto do país.
Após um desempenho desastroso no debate contra Trump no final de junho, Biden começou a perder apoio dentro de seu próprio partido. Embora tenha apenas três anos a mais que Trump, Biden parecia e soava consideravelmente pior no palco, com uma postura rígida, olhar vago e respostas pouco claras e sem impacto.
O contraste entre Biden e Trump no debate gerou uma crise entre os democratas. Doadores e apoiadores de alto perfil começaram a pedir publicamente que Biden desistisse, com alguns ameaçando reter contribuições de campanha.
Dias após o debate, o deputado Lloyd Doggett, do Texas, foi o primeiro democrata em exercício no Congresso a pedir que Biden se retirasse da disputa, seguido por quase 20 outros, incluindo o senador Peter Welch, de Vermont, e o deputado Adam Schiff, da Califórnia.
Biden e seus assessores passaram semanas tentando conter a crise. Em sua primeira entrevista pós-debate, Biden declarou estar convencido de que era a melhor pessoa para enfrentar Trump, mas sugeriu que poderia reconsiderar sua decisão de permanecer na corrida se surgisse alguma condição médica. Na quarta-feira, Biden testou positivo para Covid-19.
Atentado contra Trump piorou situação
Além do desempenho fraco no debate, outro acontecimento que impactou na decisão foi a tentativa de assassinato de Donald Trump, no sábado retrasado (13), durante comício em que uma bala acertou a orelha do candidato de raspão. Historicamente, candidatos vítimas de atentado tendem a ter vantagem na corrida eleitoral, o que já começou a ser apontado pelas pesquisas.
Se seguisse na campanha e vencesse a eleição, Biden, que já é a pessoa mais velha a servir a Casa Branca, teria 86 anos ao final do segundo mandato.
O comunicado de Biden
Veja o comunicado na íntegra divulgado pelo presidente Joe Biden ao anunciar a desistência de sua candidatura à reeleição:
“Meus companheiros americanos,
Nos últimos três anos e meio fizemos grandes progressos como nação.
Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução da nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para os idosos e na expansão dos cuidados de saúde acessíveis a um número recorde de americanos. Fornecemos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovou a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeada a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovou a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que estamos hoje.
Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, povo americano. Juntos, superamos uma pandemia que ocorre uma vez num século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos a nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças em todo o mundo.
Falarei à Nação ainda esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.
Por enquanto, deixe-me expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tanto para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo este trabalho. E deixe-me expressar o meu sincero agradecimento ao povo americano pela fé e confiança que depositou em mim.
Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer – quando fazemos isso juntos. Só temos que lembrar que somos os Estados Unidos da América!
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