O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, participou nesta segunda-feira (8) de dois programas da Globonews — Em Ponto e Conexão Globonews — para comentar os principais indicadores econômicos do Brasil e do exterior. Entre os temas, estiveram os dados mais recentes do Boletim Focus, a leitura do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a conjuntura internacional nos Estados Unidos, além da reação dos mercados à política na Argentina.
Kautz destacou a interrupção da sequência de 14 semanas de quedas na projeção do IPCA no Boletim Focus. Apesar da manutenção da expectativa de 4,85% para 2025, as estimativas para 2026 e 2027 voltaram a cair — o que, segundo ele, é um “bom sinal de que a inflação está desacelerando”. Para o economista, o movimento reflete uma economia em enfraquecimento.
“Já tínhamos visto no PIB do segundo trimestre, de 0,4%, vindo de 1,3%. No Focus, as expectativas de queda se repetem para 2026 e 2027, e esse é o horizonte que o Banco Central acompanha. É um sinal claro de desaceleração, especialmente positivo para o mercado de juros futuros”, afirmou.
Stephan Kautz: mercado de trabalho preocupa mais que inflação nos EUA
Kautz também avaliou os números do payroll nos Estados Unidos, que mostraram a criação de apenas 22 mil vagas em agosto, muito abaixo da expectativa de 75 mil. Segundo ele, o quadro reforça a possibilidade de corte de juros pelo Federal Reserve já em setembro.
“O mercado de trabalho veio bem mais fraco, com revisões baixistas para os meses anteriores e salários crescendo em ritmo menor. O Fed se mostra mais preocupado com o mercado de trabalho do que com a inflação, o que pode indicar que o desaquecimento não será passageiro”, disse.
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Ainda no cenário internacional, Kautz comentou que o Banco Central Europeu (BCE) decide juros nesta quinta-feira (11), com expectativa de manutenção. Para ele, o BCE deve reforçar cautela diante da inflação, mas em um momento em que a atividade no continente também dá sinais de fraqueza.
Argentina: políticas de Milei postas à prova
Kautz também comentou os impactos da política na Argentina, onde o presidente Javier Milei sofreu derrotas em eleições municipais em Buenos Aires. Para Kautz, o resultado coloca em xeque a governabilidade e o ritmo das reformas defendidas pelo governo liberal.
“Foi uma derrota significativa, que pode fragilizar a capacidade de Milei de avançar com sua agenda. Apesar de ter conseguido reduzir a inflação, a moeda argentina sofreu com a perspectiva eleitoral, e o governo precisou intervir para conter a depreciação. Os ativos do país devem sofrer bastante”, analisou.
No caso brasileiro, Kautz reiterou que o resultado do PIB do segundo trimestre de 2025, embora tenha surpreendido positivamente ao subir 0,4% frente aos três meses anteriores, confirma a trajetória de desaceleração.
“O crescimento veio acima da nossa projeção, que era de 0,2%, puxado pelo consumo das famílias e pelo setor externo. Mas ainda assim estamos vendo uma economia mais fraca: o primeiro trimestre havia registrado 1,4%, revisado para 1,3%, e agora recuamos para 0,4%. Isso mostra um claro arrefecimento”, destacou.
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