O Parlamento francês derruba primeiro-ministro François Bayrou (Movimento Democrático) após ele perder o voto de confiança realizado na Assembleia Nacional nesta segunda-feira (8). A decisão marca a saída do terceiro chefe de governo em menos de um ano, evidenciando a instabilidade política que atravessa a França.
O resultado da votação foi expressivo: 364 votos contrários contra apenas 194 favoráveis. Bayrou havia solicitado o voto de confiança para tentar sustentar sua proposta de orçamento de austeridade, avaliada em 44 bilhões de euros, que buscava reduzir o déficit fiscal de 5,8% para 4,6% do PIB até 2026. O plano, no entanto, encontrou forte resistência de diferentes espectros políticos.
Macron entre novo premiê e dissolução do Parlamento
O Palácio do Eliseu confirmou que Emmanuel Macron aceitou o desfecho da votação. Em comunicado oficial, foi informado que o presidente “nomeará um novo primeiro-ministro nos próximos dias”. Antes disso, Bayrou deverá entregar sua renúncia formal em reunião marcada para terça-feira (9).
Macron agora enfrenta um dilema: escolher um novo chefe de governo com chances de reunir apoio parlamentar ou recorrer à dissolução da Assembleia Nacional, convocando novas eleições. A opção pelo segundo caminho, defendida por parte da oposição, poderia redefinir o equilíbrio de forças no Legislativo, mas também abriria espaço para um avanço maior dos partidos radicais.
Oposição unida contra austeridade
A queda do primeiro-ministro foi acelerada pela união de forças entre partidos de esquerda e direita, incluindo o Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen. Para esses grupos, as medidas de austeridade propostas eram prejudiciais para a sociedade francesa, já que envolviam aumento de impostos e cortes em áreas estratégicas.
Jordan Bardella, presidente do partido de Le Pen, reforçou a pressão política ao pedir a dissolução imediata do Parlamento. Segundo ele, apenas uma nova maioria seria capaz de aprovar um orçamento alternativo que atendesse às necessidades do país. Essa convergência entre forças ideologicamente opostas ilustra o tamanho do desgaste enfrentado pelo governo.
Reação popular e desgaste do governo
Na sociedade francesa, o debate sobre os cortes orçamentários gerou desconfiança e apreensão. Protestos já eram previstos caso as medidas fossem aprovadas, e a derrota de Bayrou reflete também a dificuldade do governo em manter apoio popular. Para muitos analistas, o episódio amplia a percepção de fragilidade do presidente Macron diante das pressões econômicas e políticas.
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