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Payroll: EUA criam apenas 22 mil vagas e mercado reforça apostas em cortes de juros

Payroll: EUA criam apenas 22 mil vagas e mercado reforça apostas em cortes de juros

A economia dos Estados Unidos registrou em agosto a criação de apenas 22 mil postos de trabalho fora do setor agrícola, bem abaixo da expectativa de 75 mil do mercado. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (5) pelo payroll, do Departamento do Trabalho norte-americano (BLS na sigla em inglês).

A leitura representa uma forte desaceleração em relação a julho, quando foram abertas 79 mil vagas (revisão para cima dos 73 mil reportados inicialmente). Já junho sofreu corte relevante, com o saldo reduzido em 27 mil postos.

Payroll: vagas abertas em agosto. Fonte: BLS

Payroll de agosto: Desemprego atinge maior nível desde 2021

A taxa de desemprego subiu para 4,3%, em linha com o consenso dos analistas, atingindo o maior patamar desde 2021. Já os salários avançaram 0,3% no mês e 3,7% em relação ao ano anterior, também em linha com as projeções.

Os números reforçam o quadro de esfriamento do mercado de trabalho americano, já sinalizado por outros indicadores divulgados nesta semana, incluindo a queda inédita na relação entre vagas abertas e número de desempregados desde a pandemia de Covid-19.

Impacto sobre o Fed

A fraqueza nos dados reacendeu as discussões sobre a política monetária. O Federal Reserve (Fed) já vinha indicando cautela diante dos sinais de desaquecimento. As apostas majoritárias do mercado apontam para um corte de 25 pontos-base na reunião de 16 e 17 de setembro, com crescente expectativa de novos ajustes adicionais ainda em 2025.

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O chair do Fed, Jerome Powell, havia reconhecido recentemente os riscos para o emprego, mas ressaltou que a inflação segue sendo uma ameaça, o que limita a velocidade do ciclo de afrouxamento monetário.

Disputa política em torno dos números

O tema também ganha contornos políticos. O presidente Donald Trump demitiu no mês passado a comissária do Escritório de Estatísticas do Trabalho, Erika McEntarfer, acusando-a — sem apresentar provas — de manipular dados de emprego. Economistas, no entanto, defendem que as revisões refletem a aplicação do chamado modelo “nascimento e morte”, utilizado para estimar o impacto da abertura e fechamento de empresas no mercado de trabalho.

Contexto econômico mais amplo

Economistas também apontam que fatores estruturais, como as tarifas de importação impostas por Trump e a restrição à imigração, reduziram a disponibilidade de mão de obra e contribuíram para o enfraquecimento nas contratações. As tarifas levaram a taxa média de impostos de importação dos EUA ao maior nível desde 1934.

Com isso, a economia americana entra no segundo semestre sob sinais claros de desaceleração no emprego, ao mesmo tempo em que o Fed avalia o equilíbrio delicado entre combater a inflação e evitar um enfraquecimento mais severo da atividade.

Tá, e aí?Stephan Kautz

Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o payroll veio mais fraco do esperado, com revisões para baixo dos resultados anteriores.

“Com taxa de desemprego subindo e renda andando meio de lado, é um número fraco no geral, que dá mais forças para o Fed cortar juros em setembro”, reforça.

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