O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,4% no segundo trimestre de 2025 em comparação ao resultado dos três meses anteriores, segundo dados divulgados pelo IBGE. O númeo superou as expectativas do mercado, que projetava alta de 0,3%, mas veio abaixo do crescimento de 1,3% registrado no primeiro trimestre. No entanto, como explica Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a análise aponta que, apesar de surpreender positivamente, o dado não altera a visão de desaceleração da economia.
“O primeiro trimestre havia registrado alta de 1,4%, revisado agora para 1,3%, e no segundo trimestre recuamos para 0,4%. É um sinal claro de desaceleração”, afirmou.
Na ótica da produção, o setor de Serviços foi o principal motor do avanço, com crescimento de 0,6%, seguidos pela Indústria, que subiu 0,5%. Já a Agropecuária apresentou leve queda de 0,1%, sem impacto expressivo no agregado. No período, o PIB alcançou R$ 3,2 trilhões, com taxa de investimento e de poupança ambas em 16,8% — patamar acima do observado em 2024.
Apesar da expansão positiva, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) retraiu 2,2% frente ao trimestre anterior, enquanto o Consumo do Governo caiu 0,6%. O Consumo das Famílias cresceu 0,5%, apoiado pelo crédito e pela renda em alta.

Desempenho setorial: Indústria e Serviços sustentam crescimento
A Indústria registrou alta de 0,5%, impulsionada principalmente pelas Indústrias Extrativas, que avançaram 5,4% com destaque para petróleo, gás e minério de ferro. Entretanto, outros segmentos tiveram queda, como Eletricidade e gás (-2,7%) e Indústrias de Transformação (-0,5%).
Nos Serviços, o avanço de 0,6% refletiu o bom desempenho das atividades financeiras (2,1%), de informação e comunicação (1,2%) e transporte (1,0%). Comércio ficou estável (0,0%) e os serviços públicos ligados à administração, saúde e educação recuaram 0,4%.
No setor externo, exportações de bens e serviços cresceram 0,7%, enquanto importações caíram 2,9%, favorecendo o saldo da balança comercial no trimestre.
PIB avança 2,2% em relação a 2024
Na comparação anual, o PIB do segundo trimestre de 2025 cresceu 2,2% frente ao mesmo trimestre de 2024. A Agropecuária foi destaque, com salto de 10,1%, sustentado por safras recordes de milho, soja e arroz. A Indústria avançou 1,1% e os Serviços, 2,0%, mostrando expansão mais equilibrada entre os setores.
A Formação Bruta de Capital Fixo subiu 4,1% na mesma base de comparação, impulsionada por importação de bens de capital e desenvolvimento de software. Já o consumo das famílias cresceu 1,8%, beneficiado pela melhora do mercado de trabalho e programas de transferência de renda.
Considerando os quatro trimestres terminados em junho, o PIB acumulou alta de 3,2% em relação ao mesmo período anterior. O resultado foi sustentado pela Agropecuária (5,8%), Serviços (2,9%) e Indústria (2,4%).
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o resultado do PIB do segundo trimestre de 2025 surpreendeu positivamente, mas não altera a visão de desaceleração da economia. Segundo ele, a projeção da casa era de 0,2%, enquanto o número efetivo foi de 0,4%. “O crescimento veio mais forte do que esperávamos, principalmente puxado pelo consumo das famílias e pela contribuição do setor externo”, explicou.
Apesar da surpresa, Kautz destacou que o movimento confirma uma trajetória de arrefecimento. “O primeiro trimestre havia registrado 1,4%, revisado para 1,3%, e agora recuamos para 0,4%. É um sinal claro de desaceleração”, afirmou.
Na comparação anual, o PIB cresceu 2,2%, resultado em linha com as expectativas da EQI. “Esse número está muito próximo da nossa projeção de crescimento de 2,1% para o final do ano”, pontuou. O economista acrescentou que tanto o consumo quanto os investimentos vêm mostrando uma tendência de enfraquecimento. “Ambos atingiram o pico no terceiro trimestre de 2024 e desde então seguem em queda gradual, em linha com os efeitos da política monetária.”
Kautz ressaltou ainda que, com a economia crescendo perto de seu potencial, a desinflação tende a ser mais lenta. “Precisamos crescer em torno ou abaixo de 2% para trazer a inflação para baixo. Isso sugere que a desaceleração da inflação será gradual, o que reforça a nossa visão de que o Banco Central deve manter a taxa de juros estável até o fim do ano”, concluiu.
Ouça a análise na íntegra:
Leia também: