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Ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos: como adequar a carteira

Ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos: como adequar a carteira

Os ciclos econômicos são movimentos naturais, que fazem parte da história da vida em sociedade. Eles são marcados pela alternância entre momentos de crise e de pleno crescimento. 

Compreendê-los é papel dos economistas, que se encarregam de traduzir o significado de cada fase sobre o custo de vida das pessoas. 

Mas, indo além, saber interpretar os impactos dos ciclos econômicos é fundamental para quem investe. Uma vez que é preciso acompanhar como as economias se movem ao redor do globo para tomar as melhores decisões para o seu patrimônio.  

O fato é que para cada fase de um ciclo econômico, existem investimentos mais indicados, seja para potencializar ganhos ou proteger capital. 

Você sabe qual é o ciclo econômico que estamos vivendo agora? 

Para auxiliar na leitura dos movimentos a curto, médio e longo prazo, os especialistas da EQI Investimentos, Denys Wiese e Sílvio Hilgert, comandaram o EQI Talks “Os Ciclos Econômicos e as Oportunidades de Investimentos”. 

Se você perdeu a live, pode assistir aqui:

O que é ciclo econômico?

Ciclo econômico é o ‘sobe e desce’ que a economia faz, através da atuação dos Bancos Centrais. 

“Os BCs ‘imprimem’ dinheiro, aumentando a liquidez com redução dos juros. E, depois, é obrigado a fazer exatamente o oposto, para conter a inflação, matando a atividade econômica por um certo tempo. Após esse período, um novo ciclo de estímulo se inicia na sequência”, explica, Denys Wiese, Head de Renda Fixa da EQI Investimentos. 

Dentro desse ciclo de altas e baixas, o mercado financeiro antecipa o mercado real e os setores da economia acompanham essa variação, conforme o gráfico abaixo: 

Ciclo da economia por setores

Gráfico ciclos econômicos e os setores da economia.

Cenário global atual: como está a economia americana? 

Os EUA entraram em recessão em 2022 com dois trimestres de PIB negativo, mas com um terceiro trimestre com volta ao campo positivo. A inflação acumulada no país ultrapassa os 8% nos últimos 12 meses.

Gráfico PIB dos EUA: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos
Gráfico Inflação dos EUA: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

E quais foram os fatores que trouxeram a economia dos EUA até este cenário atual? Para Wiese, entre os mais fortes está a manutenção de uma política ilusória de estímulo ao crescimento econômico.

“Crescer a economia de forma sustentável, sem criar um falso efeito de prosperidade causado pela impressão de dinheiro, implica em reduzir gastos do governo, reduzir burocracias e melhorar o ambiente de negócios. Todas essas medidas ‘doem’, porque os governos não querem perder poder”, explica. 

Wiese vai além e indica que o cenário global como um todo é de estados inchados e inflacionários. “O investidor precisa se adaptar a isso”, comenta.

Cenário global atual: como está a Europa?

Na Europa, além das questões econômicas, o head Silvio Hilgert, aponta situações agravantes como a Guerra na Ucrânia, o racionamento de energia – decorrente do conflito – e o risco de estagflação

“Diante desse cenário, a postura continua sendo de cautela com esses países. Praticamente, todos os bancos europeus estão subindo as taxas de juros”, ressalta. 

Denys Wiese lembra ainda que a região está atrasada no movimento de subida de juros. “O Banco Central Europeu está diante de um dilema: criar uma recessão ou deixar a inflação corroer a renda das pessoas. E, para os governos, a inflação é sempre melhor que uma recessão”, analisa.

Países emergentes: o Brasil é a bola da vez?

Comparativamente aos demais países, o Brasil está em uma posição de vantagem, porque saiu na frente na escalada dos juros no pós-pandemia e, ao contrário do restante do mundo, tem o Produto Interno Bruto (PIB) sendo constantemente revisado para cima.

Sendo assim, para Wiese, o Brasil está melhor que outros países, basicamente, no que diz respeito ao crescimento e à inflação. “Isso mostra que políticas econômicas, como a subida da taxa Selic iniciada em março de 2021 surtiram efeito”, aponta.

“Apesar de todas as incertezas, o Brasil é uma boa opção para os investidores”, comenta Hilgert. 

Quais são as perspectivas para o Brasil?

Para Denys Wiese, a instabilidade do mercado nas semanas pós-eleições presidenciais vem refletindo a desconfiança sobre como o novo governo deve tratar o risco fiscal daqui para frente.   

“O mercado apostava as fichas em um governo de centro, mais moderado com as contas públicas. No entanto, as primeiras semanas de transição mostraram que as coisas podem sair do controle”, pondera. 

No entanto, ele acredita que todas essas questões devem se acomodar nos próximos meses. 

“A economia nos próximos dois anos deve se confirmar como mais favorável em razão de uma inércia de boas medidas econômicas criadas pelo atual governo, o que poderá refletir em crescimento de curto prazo”, acredita.

“Com a eleição de Lula e a mudança de governo que acompanha a implementação de uma política mais expansionista, a inflação permanece no radar, sendo que o mercado já espera o adiamento da queda da taxa de juros”, destaca Wiese.

Para Silvio Hilgert, a dúvida mais imediata é entender por quanto tempo os juros ainda devem se manter altos em 2023.

Segundo projeções da EQI Asset, a Selic deve ficar em torno de 10.25% até o final do próximo ano.

Gráfico projeção Selic 2023: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos
Projeção EQI Asset para taxa Selic 2023

Já o Boletim Focus divulgado na segunda-feira (21/11) – que compila a opinião de dezenas de economistas e traça um panorama para o mercado à frente – trouxe alta na projeção de 2023 para a Selic após 10 semanas de estabilidade. A projeção era 11,25% ao ano e agora, é 11,50%. 

No entanto, para Wiese, ainda é cedo para afirmar o que virá depois. “Vamos nos manter cautelosos com a inflação e devemos aguardar juros estruturais mais baixos nos próximos anos, mas que ainda sim, devem ser mais altos do que eram projetados antes”, aponta o head.

Gráfico projeção IPCA 2023: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos
Projeção EQI Asset IPCA 2023

O que virá pela frente?

As projeções da EQI Asset indicam redução gradativa na taxa de juros nos próximos anos.

Projeções Selic

Gráfico projeção Selic nos próximos anos: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos
Projeção EQI Asset Taxa Selic ao final de cada ano

Projeção de rentabilidade (Pós Fixado)

Gráfico projeção dos pós-fixados : ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos
Fonte: EQI Asset

Os juros e os investimentos: entenda a correlação 

Wiese explica a dinâmica dos juros e os ativos para cada etapa do ciclo econômico:

Queda de juros

“Quando estamos iniciando a fase de queda dos juros, o certo é pré-fixar as taxas, para aproveitá-las antes que os juros caiam. No mercado de ações, essa é uma oportunidade para investir em ações de crescimento (growth)”.

Meio do ciclo – juros ainda baixos

“Nesta fase é indicado comprar os pós-fixados e continuar com as ações growth”. 

Início da subida de juros 

“Nesta fase é importante se posicionar em juros pós-fixados e ações de valor (empresas mais estabilizadas)”. 

Queda dos juros

“Neste cenário, é recomendado voltar para os pré-fixados, IPCA+ e comprar ações de valor”. 

Gráfico ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

Ciclos econômicos: IPCA como opção nos investimentos

Conforme o gráfico abaixo, o IPCA foi a segunda melhor aplicação do primeiro ciclo de queda, a segunda melhor no primeiro ciclo de alta, a segunda melhor no segundo ciclo de queda e a melhor no ciclo de alta.

“O IPCA está sempre por cima de todas as aplicações, no entanto, há ciclos de deflação, como os que tivemos em julho, agosto e setembro, em que os papéis IPCA sofreram. O investidor precisa ser paciente, porque em relação ao CDI, por exemplo, esses ativos tendem a entregar maior rentabilidade no longo prazo. O importante é ter os dois – IPCA e CDI – para uma diversificação de carteira”, explica Wiese. 

Gráfico evolução da taxa de juros: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

Relação Selic e IPCA 

Para o investidor acertar seus investimentos em qualquer fase do ciclo econômico, é importante saber que a taxa Selic e o IPCA costumam andar juntas, conforme aponta o gráfico. 

Gráfico Selic e IPCA: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

No entanto, a correlação da Selic é contrária quando se trata do Ibovespa. “As taxas de juros mais elevadas impactam negativamente sobre o financiamento dessas empresas, reduzindo suas margens. Além disso, nesse cenário, os investidores partem em busca de rendimentos maiores, migrando para a renda fixa”, explica Hilgert.

Gráfico Selic e Ibovespa: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

Oportunidades de investimento com juros altos: renda fixa se mantém no radar

Se o ciclo econômico atual indica que os juros devem permanecer altos ainda por um bom tempo, a renda fixa permanece no radar dos investidores. 

Como exemplo de performance, os heads da EQI destacam os CDBs, que nos últimos 12 anos, apresentaram quatro boas oportunidades de compra a 14% a.a. 

De acordo com eles, tais eventos estavam relacionados aos ajustes pós-crise do subprime, às grandes manifestações políticas de 2014, ao impeachment da presidente Dilma, em 2016, e, mais recentemente, ao período de ajuste do pós-Covid. 

Gráfico CDBs: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

Aderência ao perfil do investidor: importante em qualquer ciclo econômico

“Os juros altos indicam pela manutenção de alocação na renda fixa. Contudo, independentemente dos ciclos econômicos, os investidores devem preservar uma carteira aderente ao seu perfil”, aponta Wiese. 

“A alocação deve ser, acima de tudo, consistente no longo prazo, com necessidade de apenas pequenos ajustes de acordo com o ciclo”, reforçam os heads.

Alocação atual da carteira de investimentos

Gráfico alocação da carteira de investimentos ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

Rebalanceamento: importante em qualquer ciclo

Além da alocação dentro do perfil, Wiese e Hilgert, destacam a necessidade dos investidores manterem uma postura proativa na gestão dos ativos do seu portfólio, reavaliando os investimentos de forma periódica, à medida que surjam novos fatos/oportunidades e de acordo com mudanças no cenário econômico e financeiro.

Rebalanceamento da carteira 

Gráfico rebalanceamento da carteira de investimentos ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

Qual o melhor investimento do momento?

Essa é a dúvida recorrente de todo o investidor. No entanto, Hilgert adverte que não existe um único ativo que performe bem em todos os anos, conforme mostra o quadro abaixo: 

Tabela performance dos investimentos  nos últimos 10 anos: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

“Os ativos mais voláteis figuram mais nas extremidades, com rendimentos muito bons ou muito ruins. Já os investimentos mais ‘tranquilos’ ficam mais pelo meio, não vão nem tão bem, nem tão mal”, explica.

Segundo Hilgert, o melhor investimento é aquele que atende às expectativas de cada investidor em critérios como a melhor relação risco retorno. 

“Mas, o mais importante é compor uma carteira equilibrada, que não dependa da ‘sorte’ para trazer bons resultados. Portanto, o melhor investimento é aquele que deixa o investidor ‘dormir tranquilo’, sabendo que está bem alocado”, completa. 

Carteira de investimentos: para que serve cada ativo

Os heads da EQI explicam que, assim como jogadores de futebol atuam em diferentes posições, os ativos financeiros também têm características e finalidades distintas. 

E, fazer uma escalação perfeita permite a obtenção dos resultados mais adequados a cada objetivo: 

  • Goleiro: é a última barreira de proteção de um time. 
  • Os investimentos que se assemelham a ele são os seguros como vida e previdência, por exemplo.
  • Zagueiros: eles jogam na posição de defesa e entram em ação quando o resto do time não está bem ou em situação de indefinição.
    – Os investimentos com função parecida são os pós-fixados;
  • Laterais: esses jogadores cumprem a função de atacar e defender.
    – Eles podem ser comparados aos investimentos dolarizados ou ao ouro, pois ambos atuam mais na defensiva.
  • Meio de campo: esses jogadores podem ser comparados ao IPCA+, prefixados e multimercados.
  • Atacantes: são os investimentos que são os responsáveis por “marcar o gol” e podem ser FIIs, ações e criptomoedas.

Escalação de ativos para o momento

Para acompanhar esse “sobe e desce” dos ciclos econômicos, os heads da EQI indicam que uma carteira de investimentos tenha os chamados “pesos e contrapesos”.

“O principal objetivo é de encontrar o equilíbrio no qual, em nenhum cenário, uma carteira sofra com grandes oscilações ou falta de liquidez”, explica Wiese.

Veja abaixo como os ativos descorrelacionados que se complementam:

Gráfico escalação de investimentos: ciclos econômicos e as oportunidades de investimentos

Como montar a melhor carteira de investimentos no atual ciclo econômico?

Como vimos, o desempenho dos investimentos responde aos ciclos econômicos. “Trocando em miúdos”, isso quer dizer que é esperado que alguns ativos performem melhor em determinadas épocas e nem tanto em outras. 

E quando se fala em ter equilíbrio na carteira de investimentos, isso significa lançar mão de uma estratégia de alocação que permita diluir os riscos e potencializar os ganhos dos ativos. 

Para manter uma carteira de investimentos aderentes ao perfil investidor e competitiva aos objetivos, o conhecimento e estudo dos mercados são os melhores caminhos. 

Além disso, o investidor sempre pode contar com um assessor

Perdeu a live? 
Assista aqui e entenda os ciclos econômicos e como eles afetam os seus investimentos.