A crise causada pela pandemia elevou a inflação em praticamente todos os países. Para contê-la, diversos governos aumentaram suas taxas de juros. No entanto, uma distorção vem sendo identificada nas curvas de juros dos EUA.
Para entender melhor o que está acontecendo e o porque isso pode representar uma possível recessão nos EUA, siga na leitura e compreenda melhor o cenário atual.
Confira!
Porque o FED resolveu subir as taxas de juros da economia?
O mundo vive atualmente uma espécie de reajuste pelos danos econômicos causados pela crise da pandemia.
Isso é representado principalmente pelo aumento brusco da inflação. Em alguns países, há muito não se via esse fenômeno, como é o caso de alguns países da Europa e dos Estados Unidos.
Vale lembrar que esse é um cenário que desfavorece principalmente os mais pobres, que sentem um impacto forte sobre os preços de itens básicos. A alimentação é um deles.
Assim, governos ao redor de todo o mundo precisam tomar medidas para combater esse mal que assola suas economias nesses tempos. Para frear o avanço da inflação, lança-se mão da política monetária.
O principal instrumento utilizado nesse caso é o aumento da taxa básica de juros do país. É por isso que o Fed, o Banco Central dos Estados Unidos, iniciou seu ciclo de alta na curva de juros.
Mantida no valor de 0,25% ao ano desde 2020, a taxa de juros foi elevada para 0,50% em março de 2022. Isso representou um forte indicativo que tem efeitos significativos sobre o mercado financeiro global. E novos aumentos vêm pela frente. Na próxima quarta-feira (4), o Fed define novamente a taxa de juros.
Qual é o efeito dessa subida sobre o mercado?
Quando observamos pela ótica do mercado financeiro, os efeitos são bastante significativos. E a razão disso é a solidez dos títulos do governo americano.
Eles são simplesmente os papéis tidos como os mais seguros de todo o mundo. Assim, uma alta na taxa de juros significa uma maior remuneração por conta da aplicação de recursos no Tesouro norte-americano.
Isso acaba tendo um efeito cascata em todo o planeta. O grande capital que busca segurança e preservação a longo prazo migra de forma veemente em busca da remuneração e da segurança oferecida por esses títulos.
De forma colateral, todos os outros mercados sentem esse efeito. Quando um volume muito grande de capital migra para a renda fixa, a renda variável tende a ser desvalorizada, com seus ativos perdendo valor.
E isso se aplica a todos os países e suas praças financeiras. Grandes investidores acabam liquidando suas operações e remetendo dinheiro para os Estados Unidos para fazer aplicações nos títulos do Tesouro daquele país.

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Como as curvas de juros estão se apresentando no momento?
Muitas pessoas não sabem disso, mas existem diversas curva de juros quando falamos na taxa básica de um país. Elas são divididas em períodos, ou seja, em curvas de maior ou de menor duração.
Assim, as curvas de juros de curto prazo são aquelas com prazo entre dois e cinco anos. Já as de média duração rondam a casa dos 10 a 15 anos. Por fim, os juros “longos” são os maiores períodos, frequentemente de 30 anos.
Esse tipo de classificação serve para que sejam feitas análises sobre o comportamento do mercado financeiro. É por meio desse tipo de estudo que se consegue identificar distorções nos mercados.
As distorções podem ajudar a prever o que acontecerá em um futuro próximo ou mesmo gerar oportunidades de ganhos nas aplicações financeiras.
E curiosamente, esse é o medo atualmente: a taxa de juros da curva de curto prazo está se apresentando maior do que as taxas da curva de 10 anos.
E porque isso é uma distorção?
Ora, naturalmente, quanto mais tempo um recurso fica aplicado, mais rendimento ele deve apresentar. Mil reais aplicados a uma taxa de 10% ao ano devem render mais depois de 10 anos do que após 2 anos apenas.
No entanto, não é isso que as taxas das curvas de juros norte-americanas estão dizendo no momento. E isso pode significar uma possível recessão em um futuro não muito distante.
Porque esse cenário pode representar uma recessão nos EUA?
Uma distorção dessa natureza não ocorre de forma frequente. Mais ainda, em períodos passados o tempo que se sucedeu após a constatação dessa ocorrência foi de uma época bem difícil.
O que estamos querendo dizer é que sempre que a curva de juros de curto prazo aproximaram-se ou até mesmo superaram a curva de juros de longo prazo, houve uma recessão meses depois.
Logicamente que os eventos passados não são garantia que o mesmo acontecimento se dará, mas nos fornecem algum indício sobre o que pode estar por vir.
O primeiro exemplo que podemos ver olhando para o histórico dessas taxas ocorreu na década de 1980, com a guerra do Golfo. Houve uma forte retração da economia naquele período.
Outro ponto da história que isso ocorreu novamente foi nos anos 2000, com o estouro da bolha das pontocom; novamente em 2008 com a crise do subprime e, por fim, recentemente em 2019, com a crise da pandemia em 2020.
Toda essa respectiva pode dar calafrios, mas infelizmente é a história já registrada. Não há garantias que um movimento de recessão ocorrerá, mas quanto mais prevenido estiverem os investimentos, melhor.

Reprodução/EQI
Quais são as recomendações de investimentos para esse tipo de cenário?
Sempre que uma recessão se instala, os mercados de renda variável sofrem bastante. É justamente nessa época que a volatilidade aumenta bastante.
Sendo assim, é recomendável proteger os investimentos feitos nesses mercados por meio de posições de hedge. Existem muitos instrumentos financeiros no mercado futuro com essa finalidade.
Para quem não suporta grandes variações, o mais indicado pode ser uma migração de recursos para a renda fixa, buscando a solidez dos títulos públicos, por exemplo.
No entanto, para quem tem apetite pelo risco e enxerga boas oportunidades nas distorções de curto prazo, pode ser interessante até mesmo aumentar as posições nos mercados de risco.
No entanto, esse tipo de estratégia deve estar alinhada com o perfil do investidor. Dessa forma, evitam-se surpresas desagradáveis.
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