Enquanto o Dólar é a mesma moeda nos Estados Unidos desde 1792, o Brasil já teve nove moedas até chegar ao real em 1994.
De réis a cruzeiro, passando pelo cruzeiro novo, cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real e “Plano Real”, a história da moeda brasileira mostra que internacionalizar investimentos é uma das melhores maneiras de se proteger da inflação e rentabilizar patrimônio.
E mesmo que o Brasil não sofra mais com a hiperinflação vivida na década de 1980, investidores mais experientes seguem dolarizando boa parte de seu portfólio. E existem bons motivos para isso.
O primeiro é a busca por uma menor volatilidade na carteira em geral. O segundo é a possibilidade de investir em moedas fortes, como o Dólar, e se tornar menos vulnerável ao risco país.
Quando analisamos o Real x Dólar, investir no exterior é uma necessidade para investidores de países emergentes, como o Brasil. Especialistas recomendam que, pelo menos, 20% da carteira esteja aplicada em moeda forte.
Isso porque, em tempos de incertezas, é preciso se apoiar em estratégias de investimentos que permitam sucesso a longo prazo. Mas antes de chegarmos até elas, vamos revisitar a história da moeda brasileira e como se dá a relação com o Dólar?
Afinal, conhecer as moedas que o Brasil já teve é importante para entender um pouco da história da economia do nosso país.
Vem saber mais!
Quantas moedas o Brasil já teve
O Brasil já teve nove moedas diferentes desde o período colonial até hoje. Os motivos que levaram às trocas de moedas são vários, mas entre eles, o principal é a inflação.
Veja agora quais foram as moedas que circularam por aqui.
- Réis – a moeda foi utilizada durante todo período colonial, Independência e República até 1942;
- Cruzeiro – circulou de 1942 a 1967;
- Cruzeiro Novo – usada somente entre 1967 a 1970, período este que foi necessário para que as novas cédulas de cruzeiro fossem impressas;
- Cruzeiro – circulou entre 1970 a 1986;
- Cruzado – moeda adotada entre 1986 a 1989, proveniente do “Plano Cruzado”, implantado pelo governo do presidente José Sarney na tentativa de combater a inflação;
- Cruzado Novo – a moeda vigorou entre 1989 a 1990 e substituiu o cruzado na segunda reforma monetária do governo de Sarney;
- Cruzeiro – usada entre 1990 e 1993, a moeda foi marcada por uma inflação galopante e pelo “Plano Collor”;
- Cruzeiro Real – circulou entre 1993 a 1994, já no governo do presidente Itamar Franco;
- Real – de 1994 até hoje, a moeda adotada no “Plano Real”, foi a grande responsável pelo controle das taxas de inflação no Brasil. Lançada no governo de Itamar Franco e pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, com o objetivo de criar uma moeda forte e acabar com a inflação. Naquele mesmo ano, Fernando Henrique Cardoso se elegeu presidente.
Quantas moedas os Estados Unidos tiveram?
Bem diferente da história brasileira, os Estados Unidos adotaram o dólar em 1792.
A criação oficial veio com a chamada “Lei da Moeda”. Trata-se de um ato do congresso norte-americano para criar e regulamentar uma base de troca na então nova nação. Ela foi aprovada em 2 de abril daquele ano.
Porém, é bem verdade que o dólar passou por algumas dificuldades. Isto ocorreu até 1944, quando havia problemas em determinar o valor do dólar em comparação ao de outras unidades monetárias do mundo.
Porém, a Conferência de Bretton Woods, realizada entre 1º e 22 de julho de 1944, ainda em meio à Segunda Guerra Mundial, pôs um fim nesse problema, ao elaborar um conjunto de regras para o sistema monetário internacional. Daí, surgiram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Com o fim da guerra, os EUA e o dólar emergiram como a principal força político-econômica mundial e o país tentou estabelecer um padrão em que o grama do ouro teria um valor estabelecido em dólares.
Esse sistema vigorou até os anos 70, quando a moeda enfrentou uma brutal desvalorização. A partir de 1971, deixou de ser lastreado ao ouro.
Com os avanços tecnológicos e a velocidade das negociações, o câmbio flutuante sobre o dólar passou a ocorrer em escala cada vez maior, consolidando a moeda dos EUA como principal base para as relações econômicas internacionais.
- Saiba mais:
- História do dólar, conheça mais sobre a moeda norte-americana.
- Conheça também: A história do dinheiro, como a sociedade foi da troca aos investimentos.
Por que o Dólar importa tanto?
O dólar americano é reconhecidamente uma das moedas mais fortes do mundo e o porto seguro de muitos investidores em busca de proteção aos seus investimentos.
Mais do que isso: a divisa norte-americana é também uma das bases da economia mundial, sendo utilizada para as transações ocorridas no mercado internacional, entre importações e exportações.
Sendo assim, a moeda dos Estados Unidos sofre influência de vários fatores que podem mexer com sua variação frente a outros pares internacionais, inclusive o real.
Dólar e a hiperinflação dos países subdesenvolvidos
Com o fortalecimento mundial do dólar, começou a ganhar força nos anos 80 e 90 a ideia da dolarização da economia, principalmente em países como o Brasil, que enfrentavam sérias crises inflacionárias.
A ideia era ter a moeda dos EUA como lastro para as moedas nacionais e pôr um fim ao ciclo da hiperinflação.
O Plano Real e a paridade com o dólar
Em 1994, na ocasião da adoção do Plano Real, para cada real a paridade era de aproximadamente US$ 1.
Porém, com a desvalorização do real em 1999, essa paridade deixou de existir. Foi nessa mesma época que o governo brasileiro desindexou o real do dólar, com a adoção do câmbio flutuante.
Desde então, o real alterna entre valorização e desvalorização frente ao seu par norte-americano.
- Saiba também: Conheça a história do Plano Real.
Real e o controle da inflação
Com a adoção do Plano Real, o governo brasileiro enfim obteve sucesso em conseguir estabilizar a nossa divisa e mantê-la competitiva no combate à inflação, que chegou a ter taxas que bateram 5.000% entre julho de 1993 a junho de 1994.
A resposta da nova moeda se deu de maneira quase instantânea: em junho de 1994, antes da moeda, o percentual mensal de inflação era de 46,58%. Um mês depois, a inflação registrada foi de 6,08%.
Com a inflação sob controle, a população ganhou poder de compra. As famosas maquininhas que remarcavam os preços nos supermercados, às vezes mais de uma vez ao dia, foram aposentadas já que os preços ganharam mais estabilidade.
Vale destacar ainda que após a implantação do Plano uma grande quantidade de reformas estruturais foram realizadas como a privatização de grandes estatais, a criação de agências reguladoras, e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Além disso, houve a renegociação das dívidas de estados e municípios, a maior abertura comercial com o exterior e a política de metas para a inflação.
Diante dos fatos podemos afirmar que, dado o nosso impressionante histórico inflacionário, o brasileiro hoje convive com uma inflação relativamente baixa.
Contudo, o fantasma da inflação ainda permeia o dia a dia do brasileiro.
Real x Dólar: volatilidade permanece
É evidente que o quadro de inflação do Brasil nem de longe alcança o que foi visto antes do plano Real.
Contudo, hoje, diante de um cenário global inflacionário e de juros elevados, tanto no Brasil quanto no exterior, a moeda brasileira continua muito volátil, como não poderia ser diferente, avalia Alexandre Viotto, head de câmbio da EQI Investimentos.
No entanto, ele reconhece que a moeda já viveu um período mais tenso na comparação com o dólar desde o começo de 2023, momento em que alcançou os R$ 5,50.
Hoje, vem ficando mais próxima a R$ 5, queda considerável que chega a quase 10% desde do começo do governo Lula III.
“Não acho que a gente esteja em um momento onde o pior já passou ou que a gente possa ficar tranquilo com relação à valorização do real ou que a moeda vá se valorizar contra as outras lá fora. Tem muita coisa para acontecer ainda”, pondera.
Para o head de câmbio, existem alguns fatores que explicam a valorização nesses últimos meses. Um deles é uma certa diluição de uma postura “anti-mercado” por parte do novo governo.
“O mercado está com uma relativa boa surpresa em relação ao Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, que tem se mostrado, na medida do possível, como um um porto seguro para algumas medidas um pouco mais ortodoxas, não deixando que se façam grandes despesas”, avalia.
Segundo o especialista em câmbio da EQI Investimentos, o novo arcabouço fiscal explica um pouco do “otimismo” visto nas últimas semanas.
“Mas tem muita coisa ainda para acontecer, como a reforma tributária, além do cuidado com as falas, que por vezes, tem causado alguns terremotos no mercado, como a crítica que vem sendo feita ao Banco Central”, destaca.
- Dólar hoje: acompanhe aqui a cotação da moeda.
Queda da Selic: desvalorização do real
Para Alexandre Viotto, outra questão a ser acompanhada com atenção diz respeito a uma tentativa de forçar a queda artificial da taxa de juros aqui no Brasil.
Ele reitera que hoje, o que segura a cotação do real forte contra as outras moedas é a taxa de juros alta.
“Se a gente começar a derrubar os juros, vamos perder atratividade para o capital externo e, com isso, a nossa moeda tende a desvalorizar. Muita gente fala sobre baixar a Selic, mas baixar a taxa implica em subir o dólar naturalmente”, alerta.
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Real x dólar: momento para dolarizar?
Para o investidor que tem intenção de diversificar os seus investimentos, olhar para os mercados lá fora, significa ter uma segurança maior em momentos de crise.
“Sem dúvida, para o investidor brasileiro, todo momento é bom para dolarizar, ainda mais quando há uma queda bem forte, como a que tivemos nos últimos meses. É importante que todo investidor tenha no seu portfólio uma parte considerável de investimento lá fora”, destaca Viotto.
Em sua avaliação, a dolarização é recomendada independentemente de ter uma janela de oportunidade. “Se a cotação cair mais um pouco ou se subir, o investidor deve seguir fazendo um dólar médio”, comenta.
- Saiba mais: Investimentos Internacionais: Estratégias, Riscos e Dicas | Seu Guia Para Investir no Exterior.
Real x dólar: o que será importante em 2023
Para completar, o head de câmbio reforça entre os principais fatores que devem mexer com o real x dólar nos próximos meses as sinalizações que vem de Brasília.
“É importante ficar de olho nas reformas, na relação do governo com o congresso, e na relação com o Banco Central”.
Outro ponto fundamental, segundo ele, é a evolução da curva de juros aqui e nos EUA.
“Se houver uma diminuição da diferença de juros entre Brasil e exterior, com certeza, a tendência do dólar vai para cima, e a do real é se desvalorizar frente às outras moedas”, finaliza Viotto.
Como o câmbio impacta a economia e os investimentos
Agora que conhecemos um pouco mais sobre a história das moedas no Brasil, é importante saber que o câmbio é o principal ativo da nossa economia e pode impactar as importações, exportações, a bolsa de valores e a rentabilidade dos investimentos, seja de forma positiva ou negativa.
Assista o vídeo e entenda como o câmbio pode influenciar diretamente o mercado e a tomada de decisão dos investidores.
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