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O Brasil vai virar Venezuela? A verdade que todo investidor deve saber

O Brasil vai virar Venezuela? A verdade que todo investidor deve saber

O Brasil vai virar uma Venezuela? Afinal, por que tantas pessoas têm medo disso?

O início do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi avaliado pela pesquisa Ipec, divulgada no último dia 19. 

No levantamento, encomendado pelo jornal O Globo, o novo governo foi considerado como “ótimo” ou “bom” por 41% dos brasileiros.

A pesquisa perguntou também aos entrevistados se “O Brasil corre o risco de virar um país comunista?”. O resultado apontou que a maioria, 48%, discorda desta afirmação, ao passo que 44% dos brasileiros concorda. Ao todo 2% nem discorda, nem concorda.

Ao serem questionados se o Brasil voltou a ser respeitado no mundo, novamente a maior parte, 47%, concorda em parte ou totalmente e 44% discorda totalmente ou em parte desta afirmação. 

A pesquisa Ipec foi realizada entre os dias 2 e 6 de março de 2023, com 2 mil pessoas de 128 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.

Mas, o que está por trás desse medo de o Brasil se tornar um país comunista? O que significa esse risco e como se proteger dele?

O portal EuQueroInvestir ouviu Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset; Luís Moran, head da EQI Research; e Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos. Saiba qual é a avaliação deles. 

Entenda agora como resguardar seu patrimônio em qualquer situação.

O Brasil pode virar uma Venezuela? 

Na análise de Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o risco do Brasil virar uma Venezuela é considerado baixo e bem pouco provável. 

Isso porque, conforme ele aponta, “virar uma Venezuela” significaria ter uma intervenção forte do governo na economia, com uma concentração grande de poder no executivo apoiada pelos militares, plano vigente naquele país.

“Os militares hoje estão afastados da vida política. Ensaiaram um retorno durante o governo Bolsonaro, ainda que de maneira mais tímida, e nesse sentido, com a eleição do governo Lula, não parece que eles tenham o mesmo protagonismo que tinham antes”, observa.

Para ele, o Congresso no Brasil tem um papel bastante importante e nos últimos anos ganhou ainda mais força, inclusive no governo Bolsonaro, com a questão das emendas e do maior controle sobre o orçamento.

“Nesse sentido, a separação dos poderes no Brasil ainda parece funcionar, mesmo que em alguma medida pior do que era no passado”, analisa Kautz.

“‘Venezualização’ é a falência de todas as instituições de um país”

A análise de Luís Moran, head da EQI Research, vai ao encontro do ponto colocado por Kautz. 

Segundo ele, o receio parece exagerado, no sentido de que a chamada “venezuelização” é muito mais do que um desempenho econômico ruim, é principalmente a falência de todas as instituições de um país, incluindo judiciário e legislativo, assim como as funções normais do executivo. 

“A economia é parte desse quadro, mas há muitos outros componentes. O Brasil não está neste caminho, as instituições, ainda que precisem de aperfeiçoamentos, funcionam. O receio do investidor brasileiro parece ser ainda reflexo de uma eleição bastante polarizada, que refletiu a polarização crescente da sociedade”, define Moran.

Foto Palácio do Planalto

Economia: qual o risco de “venezuelização”? 

Stephan Kautz destaca algumas questões econômicas que distanciam o Brasil da Venezuela em aspectos positivos. 

“A Venezuela possui uma inflação galopante. Já aqui no Brasil, temos o Banco Central independente, que garante que isso não vai acontecer. Se a inflação sobe, o Banco Central reage para reduzir”, pondera.

Além disso, na opinião do economista-chefe da EQI Asset, mesmo com as atuais especulações sobre a prevalência da autonomia do Banco Central, a inflação brasileira não deve se tornar um problema de proporção semelhante ao nosso país vizinho. 

“Mesmo nos períodos em que o BC não era independente, assim como nos governos anteriores do Lula, não chegamos a ter inflação nessas magnitudes”, reforça.

Risco de inflação alta à frente?

Ainda de acordo com Kautz, embora não venha de forma galopante, o risco de inflação mais alta daqui para frente não está descartado. 

Porém, a situação vista na Venezuela, assim como na Argentina, não deve ser equiparada à do Brasil.

“Temos visto hoje os títulos públicos negociando as NTNBs longas, IPCA+ 6,5%, o que seria esse risco de ter uma inflação mais alta e um juro real de equilíbrio mais alto por conta dessa inflação mais alta ao longo do tempo”, aponta.

Para Kautz, essa dinâmica tem respondido de forma imediata ao cenário atual de discussão sobre a independência do Banco Central, mudança da meta de inflação e de nomes heterodoxos para serem indicados para o BC, o que segundo ele, é ruim para o Brasil.

O que acontece na Venezuela? 

O economista acredita que as eventuais intervenções do governo nas estatais são um tema importante a ser monitorado.  

“A empresa de petróleo da Venezuela, a PDVSA, é quem garante que o governo continue de pé. Por aqui, também teremos mais intervenções do governo na Petrobrás, tanto na mudança da composição do board, quanto na definição da política de preços, de investimentos, setores e tudo mais”, analisa.

Contudo, Kautz observa que dado os movimentos que foram feitos nos últimos anos e o fato da companhia ter um pedaço grande a mercado, amenizam uma tentativa de controle mais excessiva. 

“Seria preciso gastar um dinheiro muito grande para conseguir recomprar essas ações, o que não parece algo viável”, considera.

Brasil virar Venezuela: o que está por trás desse medo?

Na visão de Stephan Kautz, as pessoas vêm traçando esse paralelo com a Venezuela por conta de algumas preocupações com base em uma extrapolação muito forte e ampla para alguns riscos que existem no cenário.

Ele lembra que a Venezuela hoje tem um afastamento dos mercados de títulos públicos internacionais e das relações internacionais, que o Brasil ainda tem de maneira saudável e bastante relevante.

“É um fator de contrapeso, ou seja, a opinião pública internacional de outros governos também acaba influenciando a capacidade de qualquer governo conseguir fazer uma concentração tão grande de poder daqui para frente”, observa.

No entanto, o economista lembra que alguns países da América Latina vem apresentando cenários políticos que devem ser monitorados. 

“Vimos a tentativa de mudança da lei eleitoral no México, gerando diversas manifestações no país. Também, mudanças nas leis eleitorais no Equador e no Peru e uma tentativa na Argentina e no Chile”.

Contudo Kautz reforça que esse não é o cenário do Brasil e um processo semelhante levaria diversos anos para acontecer.

foto de muro pintado com bandeira da Venezuela

Por que a Venezuela está em crise?

O economista reforça que a Venezuela não se tornou o que ela é hoje de um dia para a noite ou simplesmente porque o Hugo Chávez tomou o poder no país. 

“Isso foi acontecendo há muito tempo e a situação já vinha se deteriorando antes da vitória dele. A partir de sua chegada ao poder, isso só foi acelerado”, resume.

“O Brasil vai virar a Venezuela” como esse medo surgiu?

Na avaliação de Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, existem alguns fatores que impulsionaram o medo de equivalência entre Brasil e Venezuela. O primeiro deles estaria no âmbito informacional. 

“A comparação dos países que adotaram ações ou ideologias muito fortes de esquerda, como no caso da Venezuela e da Argentina, foi muito utilizada pelos opositores da esquerda durante a campanha eleitoral”, lembra.  

O segundo motivo apontado por Wiese é a situação desses países, considerada como problemática. 

“É fato que a Venezuela e a Argentina caminharam por vários anos tomando decisões políticas e econômicas erradas, que deterioraram as suas economias”, avalia.

Um terceiro fator, um pouco mais recente, seria os impactos de políticas econômicas que eventualmente poderiam entrar em pauta no novo governo Lula. Entre elas, estaria o que Wiese chama de “política de congelamento de preços”.

“No Brasil isso não acontece de forma geral, mas vemos alguns preços querendo ser controlados, como no caso do petróleo. Isso traz um certo reflexo com o que já aconteceu nos países vizinhos”, compara. 

Cuidado com as guerra de narrativas

O estrategista da EQI vê também uma leniência maior do governo Lula em relação à inflação ao proferir o discurso de priorizar o crescimento econômico. Em sua opinião, esse foi um dos grandes erros que Argentina e Venezuela cometeram. 

Para ele, outra questão que agrava o medo do mercado é a retórica de discursos que podem ser lidos por alguns como populistas e contra a geração de riquezas. 

“Essa história de demonizar o capital estrangeiro ou quem produz riqueza combina muito bem com o que foi implementado na Argentina”, observa.

O Brasil vai virar uma Argentina?

O estrategista da EQI considera que o Brasil tem condições para virar uma grande potência, assim como estar em grandes apuros econômicos. Contudo, ambos os cenários não são construídos da noite para o dia.

“A caminhada para se destruir uma economia não se dá em pouco tempo. A Venezuela teve que se ‘esforçar’ durante longos anos. Desde a década de 70 havia medidas erradas e o Hugo Chávez agigantou isso”. 

Para ele, o que aconteceu na Argentina veio no mesmo ritmo. “O país já vem numa tocada errada com o peronismo há muito tempo. O que acontece hoje não é reflexo de um ou dois anos”, reforça.

Por aqui, Wiese acredita que há fatores que seguram essa evolução decadente, como o perfil de boa parte da população, que tende ao conservadorismo, assim como o Congresso Nacional. 

Para ele, isso funcionaria como pesos e contrapesos que são mais bem estruturados na democracia brasileira do que em outras.

“O Brasil, de certa forma, tem medidas que nos aproximam da Venezuela e da Argentina, mas tem medidas que não. Se a gente está caminhando em direção a isso, seria bem lentamente e talvez por linhas tortas, e não por uma estrada reta”, pondera.

Investimentos: o que o Brasil tem a ver com a Venezuela?

Conforme ressalta Luís Moran, falando estritamente do ponto de vista de investimentos, o maior temor seria o fim do império da lei e da validade dos contratos. 

“Estes são aspectos fundamentais para o funcionamento de qualquer mercado, pois são a base da confiança do investidor que vai receber os resultados projetados de um investimento. Sem isso, não há mercado e não há investimento”.

Contudo, de acordo com ele, o processo de “venezuelização” implicaria em algo muito mais amplo do que só um novo governo assumindo. 

“Para que o quadro que estamos descrevendo aconteça é preciso que todas as instituições parem de funcionar”, destaca.

Para Moran, como o sistema possui os chamados “checks and balances”, ou seja, uma instituição garante o funcionamento das outras, para uma falência completa seria preciso o esforço de vários atores, não apenas do executivo. 

“Não parece ser o caso do Brasil, onde o compromisso com o funcionamento de instituições democráticas parece forte”.

Diversificação à prova de qualquer cenário

Embora o novo governo ainda precise se provar quanto às políticas públicas, Wiese ressalta que qualquer receio por parte dos investidores pode ser combatido com estratégias de investimentos de curto, médio e longo prazo. 

“Eu diria que quem está sofrendo com essa questão deve diversificar, tanto no Brasil quanto no exterior. É preciso diversificar tanto o patrimônio, como a renda para não depender só de uma coisa. Sua previdência, por exemplo, não deve depender só de um fundo de pensão”, recomenda.

De acordo com ele, uma estratégia de investimentos bem pensada é o indicado para lidar com o que seria um ambiente de alta inflação, juros altos e baixo crescimento.

“Diversificar a carteira evita que o preço dos seus ativos se deteriorem e suas rendas virem fumaça”, avalia.

foto de mapa com dinheiro e lupa sobre ele

Internacionalizar investimentos: saída para o risco Brasil 

O head da EQI Research aponta que internacionalizar investimentos é importante em qualquer circunstância, com vantagens que são claras em qualquer situação e em qualquer governo. 

“Ter uma parcela importante do seu patrimônio em outras moedas e exposta a outras dinâmicas que não somente o Brasil é algo que cria valor de longo prazo para o investidor. Se o temor fizer o investidor despertar para esse fato, tanto melhor”, avalia Moran. 

O estrategista da EQI Investimentos, Denys Wiese, reforça que a internacionalização dos investimentos é uma saída para combater o chamado “risco Brasil” tanto econômica, quanto politicamente. 

“ O ideal é colocar recursos em empresas, em ações, em títulos, que não dependem da economia brasileira”, observa.

Outra questão apontada por ele para a necessidade de internacionalização é a carga tributária, que hoje vem sendo discutida pelo novo governo. 

“Colocando o dinheiro sob outra posição, podemos ter uma eficiência tributária, seja qual for o caminho da reforma à frente”, complementa.

Medo de “venezuelização”: internacionalizar 100% dos investimentos faz sentido? 

Wiese ressalta que quem está disposto a internacionalizar investimentos deve considerar com critério o percentual da carteira que irá para fora.

“É preciso avaliar o tamanho do medo do investidor. Manter recursos aqui também gera oportunidades de ganhar muito dinheiro. Além disso, há a crença no país, mantendo um foco mais otimista nos pesos e contrapesos da nossa democracia”, reitera. 

Para Luís Moran, qualquer estratégia de investimentos deve ser bem pensada e considerada. “Uma mudança drástica de 100% do patrimônio em um curto espaço de tempo implica em riscos significativos e não seria recomendável”, adverte.

Por que o Brasil não vai virar a Venezuela

Denys Wiese esclarece que o Brasil não vai virar a Venezuela, porque há muitas barreiras de proteção para serem quebradas no meio do caminho.

“Acho que não vai acontecer isso, porque a sociedade e os congressistas são conservadores”, analisa.

Para ele, “esse contrapeso pode afastar a tendência ao populismo e pouco ganho de eficiência, e proporcionar redução de burocracia, aumento de competitividade e deixar o livre mercado atuar”.

Para Luís Moran, é preciso buscar visões diferentes, “sair da bolha” e buscar uma perspectiva mais objetiva.

“É preciso separar o mau desempenho econômico causado por más escolhas de políticas públicas, ou, pelo menos, de políticas públicas com as quais não concordamos, de um quadro de falência institucional”. 

Moran fecha a questão com uma observação importante: “ tomar decisões de investimentos com base em paixões políticas é sempre complicado”.  

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