Em live promovida pela EQI Investimentos, o estrategista da corretora Avenue, William Castro Alves, discutiu os impactos da eleição de Donald Trump na economia dos Estados Unidos, especialmente em relação à política de juros. O tema central da conversa foi: “Até onde os juros americanos vão sob Trump?“.
Trump e juros: economia americana, recuperação e desafios
William Castro Alves começou sua análise destacando a atual performance econômica dos Estados Unidos. O cenário de “soft landing“, quando a economia desacelera sem entrar em recessão, foi confirmado, com inflação controlada e crescimento constante, apesar da aceleração nas altas dos juros implementadas pelo Federal Reserve (Fed) nos últimos anos.
Para Alves, o governo de Joe Biden e a candidata democrata Kamala Harris falharam em convencer a população de que a economia vai bem, o que contribuiu para a insatisfação de muitos eleitores, que, apesar de não estarem vendo recessão ou desemprego, sentem que o poder de compra foi reduzido, especialmente com a inflação dos alimentos e a falta de aumentos salariais.
A reação do mercado à vitória de Trump
Alves destacou como o mercado reagiu rapidamente ao aumento das expectativas de uma possível vitória de Trump. O aumento nas taxas de juros foi uma resposta direta ao discurso do ex-presidente em defesa de tarifas sobre produtos importados chineses, forte combate à imigração e fortalecimento da economia americana.
O mercado interpretou esses fatores como um risco potencial para o aumento da inflação e, por consequência, um possível aperto na política monetária do Fed. A curva de juros se ajustou rapidamente, e o dólar se fortaleceu frente a outras moedas.

Juros americanos sob Trump: expectativas para o futuro
Antes da candidatura de Trump, o mercado já especulava que o Fed poderia continuar cortando os juros ao longo de 2025, com taxas chegando até a 2,5% ao ano.
No entanto, com a chegada de Trump ao poder, a perspectiva já se modificou. Segundo Alves, o mercado agora acredita que a inflação pode aumentar e o Fed será forçado a diminuir o corte de juros para controlar o cenário econômico. O esperado agora é que as taxas fiquem entre 3,5% e 4% ao ano.
Setores que podem se beneficiar com Trump no poder
Alves apontou que a política de menos regulação defendida por Trump é favorável a alguns setores. O setor bancário, que esperava ter um controle maior sob a gestão de Kamala Harris, se beneficia com a proposta de desregulamentação do presidente eleito.
Além disso, setores como o de saúde, biotecnologia e petróleo também tendem a prosperar com Trump, já que ele defende menos intervenções no mercado, como no caso da regulação de preços de medicamentos e autorizações para pesquisas.
No setor energético, Trump sempre foi um defensor da prospecção interna de petróleo, o que fortalece empresas do setor nos EUA e mantém o preço do combustível mais acessível para os americanos. Empresas de carvão também se beneficiam dessa postura.
Já as Small Caps, ou empresas de menor porte, também tendem a reagir positivamente, já que Trump defende uma agenda de proteção ao mercado local.
Impactos para o Brasil e o comércio exterior
Alves aponta que o Brasil não deve ser uma prioridade para Trump. A pauta exportadora brasileira, principalmente no que diz respeito ao petróleo, café e outros produtos, não deve sofrer grandes mudanças. O Brasil continua sendo um fornecedor importante para os EUA, especialmente de petróleo, e não há indicações de que Trump busque tarifar esses produtos, já que o efeito prático seria apenas a inflação.
A atenção do novo presidente dos EUA, ele avalia, deve se concentrar mesmo na imigração, guerra tarifárias com China e conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e Palestina. Do lado comercial, as relações com Europa, México e Canadá são mais representativas para os EUA do que as que o país tem com o Brasil.
Expectativas para o dólar e o mercado cripto
Em relação ao câmbio, Alves acredita que a cotação do dólar pode continuar perto de R$ 6, dependendo das políticas internas do Brasil. A economia brasileira, segundo ele, precisa fazer o “dever de casa”, com reformas estruturais que atraiam investimentos e estabilizem o mercado.
Quanto ao mercado de criptomoedas, Alves apontou uma mudança de postura por parte de Trump. Embora o ex-presidente tenha sido inicialmente contra o setor, seu vice, JD Vance, é um defensor das criptos. A nomeação de Vance como vice indica uma abertura do ex-presidente a um setor que tem atraído a atenção de um público mais jovem e, consequentemente, ampliado o espectro de investidores.
Ele também considera que agrada a Trump a ideia de os EUA serem pioneiros em todas as frentes mundiais e ficar para trás em criptos não seria interessante.
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