O fluxo cambial brasileiro apresentou deterioração significativa na terceira semana de dezembro, refletindo uma saída de dólares concentrada no mercado financeiro. Entre os dias 15 e 19, o saldo foi negativo em US$ 6,5 bilhões, segundo dados do relatório Macro High Frequency – Brazil – BRL Tracker, do BTG Pactual.
Apesar de o segmento comercial ter registrado entrada líquida de US$ 1,6 bilhão no período, esse resultado não foi suficiente para compensar a forte saída de US$ 8,1 bilhões observada no segmento financeiro. O movimento reforça um padrão sazonal típico do fim do ano, quando empresas intensificam remessas externas para cumprir obrigações financeiras.
No acumulado do mês até aquele momento, o fluxo financeiro já apresentava saída de US$ 9,2 bilhões, revertendo a dinâmica mais positiva observada nas semanas anteriores.
Segmento financeiro concentra a saída de dólares
De acordo com a análise, o principal fator por trás da piora do fluxo cambial foi o aumento expressivo das remessas no segmento financeiro, especialmente relacionadas ao pagamento de lucros e dividendos ao exterior.
Segundo a analista Iana Ferrão, do BTG Pactual, “na terceira semana de dezembro, o fluxo cambial foi negativo em US$ 6,5 bilhões, com entrada de US$ 1,6 bilhão via segmento comercial, parcialmente compensando a saída de US$ 8,1 bilhões via segmento financeiro”.
O relatório também destaca que a média diária de saída financeira ficou abaixo da mediana observada em anos anteriores, o que indica que, apesar do volume elevado, o movimento ainda se mantém dentro de padrões históricos para o período.
Efeito tributário ajuda a moderar o fluxo financeiro
Um fator relevante para conter uma saída ainda maior de dólares foi o esclarecimento da Receita Federal sobre a tributação de dividendos. A confirmação de que empresas do tipo S.A. poderão distribuir dividendos até 2028 sem incidência do novo imposto retido na fonte de 10%, desde que cumpram determinados requisitos, ajudou a reduzir a pressão imediata.
Esse ponto é destacado no relatório como um elemento que contribuiu para uma saída de dólares mais moderada no segmento financeiro, mesmo em um período tradicionalmente marcado por remessas elevadas.
Ainda assim, o saldo final do fluxo cambial em dezembro reforça o desafio estrutural de equilibrar entradas comerciais com saídas financeiras, especialmente em momentos de maior volatilidade e ajuste de portfólio por parte de investidores e empresas.






