O que esperar da Super Quarta, que acontece nesta quarta-feira (18)? Stephan Kautz, economista da EQI Asset, explica que os investidores podem esperar decisões divergentes dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil.
O Banco Central dos Estados Unidos deve começar um ciclo de corte de juros, com cautela. “A gente imagina que vai ser um corte de 25 pontos-base, basicamente pelo fato de que os últimos dados de inflação foram bons, mas ainda continuam um pouco acima do que seria a meta do banco central americano (2%)”, explica.
“A atividade continua muito forte nos EUA e o mercado de trabalho, apesar de estar desacelerando, está bem longe de estar numa crise. Então, a economia americana não está em recessão. Ela continua crescendo próximo de 3%. Logo, não faz sentido o banco central começar de modo agressivo já nesse início de ciclo”, enfatiza.
Kautz pondera que, devido à análise da curva de juros, surgiram apostas de que o corte talvez pudesse ser de 50 pontos-base, mas ele descarta essa possibilidade.
“Em geral, a maioria dos economistas está com a cabeça em um cenário de que o Fed começa a cortar os juros em 25 pontos-base. Depois, será preciso avaliar qual será o ritmo, mas tudo é ainda muito incerto”, complementa.
Super Quarta no Brasil: o que esperar
Já no cenário brasileiro, explica, o contexto é diferente. “A gente espera uma alta de juros. A divergência do cenário americano é que, basicamente, você tem uma economia que está crescendo mais forte do que se imaginava. As revisões das projeções foram realizadas de maneira muito agressiva para cima, inclusive na EQI Asset. A inflação está oscilando ao redor de 3,5% e 4% ao ano. E a meta é 3%. Então, está longe da meta e as expectativas de inflação continuam mais próximas de 4% do que de 3% ao ano”, afirma.
“Isso também incomoda o Banco Central e, por isso, faz sentido ele começar um ciclo de alta de juros, mesmo que pequeno”, pondera.
Kautz lembra que membros do Banco Central já vêm sinalizando essa necessidade ou essa intenção em suas últimas falas. “O mais importante foi a última comunicação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que falou em gradualismo na decisão. Então, os economistas e a própria curva de juros foram para a precificação de uma alta de 25 pontos-base, que é a nossa expectativa também”, complementa.
Depois dessa provável alta de 25 pontos-base, a projeção da EQI Asset é mais pessimista do que a média do mercado. A gestora vê Selic alcançando 12,5% antes de começar um novo ciclo de queda. “Hoje o consenso do Focus e dos economistas está em uma taxa próxima de 11,75%, no máximo 12%”, afirma.
Ouça o áudio na íntegra:
Como investir com Selic em novo ciclo de alta?
Diante deste novo cenário para a Selic, como investir? O portal EuQueroInvestir ouviu Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos e apresenta, a seguir, as indicações.
Renda Fixa em foco
Wiese aponta que está havendo uma revisão bastante expressiva das projeções, com indicação de um ciclo de alta elevada no curto prazo, com posterior queda a partir do segundo semestre de 2025.
“Se, de fato, a Selic subir, como projetado, a Renda Fixa passa a render mais. As aplicações atreladas ao CDI vão render mais. As aplicações atreladas ao IPCA+ já estão reagindo a uma expectativa de inflação mais alta, e nesse novo possível cenário esses títulos se beneficiam. Já quanto aos prefixados, os novos títulos estão rendendo mais do que há dois meses, mas para quem já possui os títulos, a notícia de possível elevação da Selic pode ser boa ou ruim, a depender do prazo de vencimento do título”, diz.
Isso porque juros maiores agora significam inflação menor lá na frente e, consequentemente, Selic também menor.
Na prática, para quem já tem título prefixado com vencimento no curto prazo, o cenário é ruim para marcação a mercado. Já o título prefixado com vencimento longo pode se beneficiar da marcação. Para esclarecer, a marcação a mercado na Renda Fixa é o processo de vender um título antes do vencimento, ajustando o valor do mesmo ao seu preço de mercado atual, o que reflete as variações nas taxas de juros e no risco.
E a renda variável?
Quanto à Renda Variável, avalia Wiese, os mercados já vêm precificando há tempo essa possível elevação da Selic. “As ações e Fundos Imobiliários são precificados com base no juro longo, então já estão refletindo essa possibilidade de alta da taxa e, apesar disso, tiveram uma reação boa. A bolsa, em termos nominais está muito próxima da sua máxima histórica”, aponta.
“Mas, em dólar, a nossa bolsa está abaixo do seu topo”, afirma Wiese, indicando que ainda há oportunidades na bolsa, com espaço para novas altas. Ele explica que o topo do Ibovespa em dólares, ocorreu em 2008, antes da crise do subprime americano, quando a bolsa atingiu 44 mil pontos.
Sobre os Fundos Imobiliários (FIIs), a parcela composta por fundos de papel (indexados à inflação e CDI, em sua maioria) deverá seguir apresentando bom desempenho.
Para os fundos de tijolo, o desempenho deve ser misto. Os fundos de galpões estão em um cenário mais confortável, especialmente os que possuem contratos de locação mais longos.
Para fundos de shoppings, a expectativa é de bom desempenho operacional, e o segmento se destaca pela flexibilidade e alta demanda dos consumidores. “Com portfólios cada vez maiores, as oportunidades de expansão são mais evidentes, com retorno sobre capital investido superior”, diz.
“Seguimos céticos com o segmento de fundos de lajes corporativas, em uma tese que deverá demandar um horizonte mais longo de maturação, prejudicando o carrego no curto prazo”, complementa Wiese.
Projeções da EQI Asset para a Selic
A EQI Asset revisou sua projeção para a Selic, taxa básica de juros da economia. Antes, a gestora previa Selic mantida em 10,50% até dezembro. Agora, após um Produto Interno Bruto (PIB) acima do esperado e falas de membros do Comitê de Política Monetária (Copom) aventando a possibilidade de nova alta, a asset vê Selic subindo 25 pontos-base na decisão de 18 de setembro, chegando a 10,75%. Até o final do ano, a projeção é que a Selic alcance 11,75%.
Escalada da Selic até 11,75%
Após a alta de 25 pontos-base em agosto, a asset projeta um novo aumento da taxa em novembro, ainda maior, de 50 pontos-base, com Selic alcançando 11,25% ao ano.
Novamente em dezembro, a gestora enxerga espaço para mais um aumento de 50 ponto, com Selic fechando o ano a 11,75%.
Em 2025, Selic a 10,75%
E não para por aí, em 2025, em fevereiro de 2025, a Selic deve ter novo aumento de 50 pontos, chegando a 12,25%. E, em março, mais 25 pontos, com taxa alcançando 12,50%, onde deve permanecer até meados do ano que vem.
A partir de agosto, a Selic deve iniciar um movimento de queda, recuando 25 pontos. Em setembro, a gestora visualiza um corte de 50 pontos. E cortes de mesma magnitude devem se repetir em novembro e dezembro, com Selic fechando 2025 a 10,75%.
Em 2026, taxa de juros em 9,75%
Para 2026, a taxa de juros deve seguir em trajetória de queda, chegando a 9,75% até o final do ano.

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