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Marcação a mercado: o que muda na renda fixa a partir de amanhã?

Marcação a mercado: o que muda na renda fixa a partir de amanhã?

O termo marcação a mercado, muito comum no mundo dos investimentos, tem a ver com valor justo de um ativo. Entretanto, não são todas as pessoas que dominam esse mecanismo.

Mas, a renda fixa mudou e todos precisam se atualizar!

Você se considera um investidor conservador e possui grande parte do seu portfólio alocado nos títulos mais seguros do mercado, como debêntures, CRAs, CRIs e títulos públicos?  

Pois saiba que a forma como você sempre acompanhou a evolução das suas aplicações na plataforma da sua corretora vai mudar a partir de 2 de janeiro. 

Isso porque a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) estabeleceu uma nova regra que determina que distribuidores de investimentos, como bancos e corretoras, vão precisar “marcar a mercado” o valor de alguns títulos de renda fixa – e não mais só “marcar na curva”, como vinham fazendo até então.

Entram na nova regra Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Certificados de Recebívies Imobiliários (CRIs), debêntures e títulos públicos negociados no mercado secundário. Ficam de fora Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).

E se você não estiver realmente bem informado, pode tomar decisões equivocadas que irão impactar na rentabilidade dos seus ativos. 

Mas, afinal, o que é marcação a mercado?

A marcação a mercado serve para atualizar diariamente o preço de um ativo e o resultado dessa indicação poderá fazer com que o investidor decida pela realização do investimento ou realocação.

No segmento de renda fixa, por exemplo, é muito comum que o investidor acompanhe suas aplicações periodicamente e, ao fazer isso, ele percebe que o valor da quantia varia diariamente. Ou seja, há uma atualização constante.

Acontece que a renda fixa não é exatamente fixa. 

Para se ter ideia, a renda fixa pós-fixada segue algum índice de referência. No Brasil, costuma-se indexar os investimentos ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e à taxa Selic.

Assim, como os investimentos pós-fixados possuem sua rentabilidade atrelada a algum índice, quando esse índice varia, a taxa do investimento também varia. Portanto, não são fixos.

E o prefixado em relação à marcação a mercado?

O título prefixado possui uma variação maior ainda. Esse tipo de título possui um valor fixo, já estipulado, na sua data de vencimento. Então, se você segurar o título até o vencimento, terá a rentabilidade contratada no momento da compra do título.

Porém, é preciso esclarecer que a taxa do título possui uma marcação a mercado, ou seja, todos os dias úteis os investidores fazem novas negociações que interferem no valor dessa taxa.

Em momentos em que o mercado precifica um maior risco para o ativo, as taxas costumam subir, quando o contrário ocorre, as taxas costumam cair.

É por isso que os preços dos títulos variam de maneira contrária às taxas: quando as taxas sobem, os preços dos títulos caem, quando as taxas caem, os preços dos títulos sobem.

Cálculo da marcação a mercado em um prefixado:

Onde:
VN = valor nominal do Tesouro Prefixado (LTN) na data de vencimento;
DU = dias úteis entre a data de liquidação e a data de vencimento;
Taxa = taxa do papel na compra

Com essa explicação, fica mais fácil compreender, agora, que marcação a mercado é uma atualização diária tanto nos preços de títulos de renda fixa (como Tesouro Selic e CDBs), quanto em produtos de renda variável, incluindo fundos de investimento. Esse ajuste pode acontecer tanto para baixo quanto para cima.

gráfico com exemplo de marcação na curva x marcação a mercado

O mecanismo tem reação ao preço de venda do dia?

É exatamente isso, pois a marcação de um ativo passa pelo preço de venda – ou seja, é o preço que você conseguiria de volta caso vendesse o seu ativo hoje.

Isso faz com que na renda fixa a marcação a mercado seja um fator importante para quem quer pedir o resgate antecipado de algum título.

Entendi o que é, mas como funciona na prática?

Esta é uma excelente pergunta e pode-se dizer que a marcação a mercado acontece levando em consideração principalmente três fatores: o contexto econômico (com fatores como a taxa Selic, a inflação, acontecimentos na política, mercado externo etc), o apetite dos investidores (demanda por um determinado ativo) e o valor dos novos títulos que estão sendo emitidos no mercado.

Para ilustrar, suponha que o investidor tenha investido R$ 1.000 em um título do Tesouro Direto prefixado, com uma taxa de remuneração de 5% ao ano.

Mais à frente, a taxa básica de juros sobe e leva consigo o reajuste de vários outros títulos, que acabam pagando mais.

Nesse cenário, significa dizer que o investimento prefixado adquirido vai ficar menos atraente, ter menos demanda dos investidores e, consequentemente, vai valer menos. E é exatamente aí que entra a marcação a mercado, reajustando o valor do título em questão – sendo que, neste caso, o reajuste se dá para baixo.

Mas e se a taxa de juros cair?

Bom, caso a taxa de juros faça um movimento para baixo, os novos títulos vão acabar pagando menos e o investimento anterior acabará ficando mais interessante, por se valorizar.

gráfico explicando ágio e deságio de um título

Entender o movimento ajuda a saber quando vender ou segurar um título

É exatamente isso! Quando o investidor entende o que é e como funciona a marcação a mercado, esse conhecimento acaba ajudando-o a saber a hora certa de vender ou segurar um título.

Na prática, se ele vender o título antes da data de vencimento, vai receber o preço de mercado daquele dia, e este poderá ser maior ou menor do que se pretendia inicialmente, de acordo com as mudanças no cenário.

Mas uma ressalva é importante: a marcação a mercado acontece de forma diferente em cada tipo de ativo. Alguns fatores interferem nesse cálculo, mas cada caso tem suas particularidades.

A frequência de atualização das cotações dos títulos vai depender do número de negócios executados. Por exemplo, existem ações que as cotações variam segundo a segundo, como as da Petrobrás, que possui muitos negócios diários.

Por outro lado, existem debêntures que são negociadas uma vez por ano. Nesse caso, a marcação a mercado ocorrerá por uma estimativa de preço, calculada pela B3, pela Anbima ou pela corretora, com base em critérios preestabelecidos (como taxa de juros da economia, spread de crédito, prazo para o vencimento etc).

Por liquidez, entenda a velocidade com que o investidor consegue vender um investimento e, assim, transformar esse ativo em dinheiro.

Por isso, em investimentos de maior liquidez a marcação a mercado é mais rápida e se baseia no fechamento dos preços ao fim do dia.

Para se ter ideia, o próprio Tesouro Direto divulga esses valores todos os dias por meio do programa de compra de títulos do Tesouro Nacional. Aqui, as principais referências são as expectativas futuras para indicadores macroeconômicos, como a taxa DI e a inflação.

Na outra ponta, os investimentos de menor liquidez têm os seus valores marcados de acordo com a estimativa de preço justo para a sua negociação.

Classe de ativo influencia na base de cálculo?

Sim, o tipo de rentabilidade influencia na base de cálculo, pois o preço diário dos títulos de renda fixa depende do tipo de rentabilidade de cada investimento.

Tanto é assim que o pós-fixado tem seu preço ajustado diariamente pela variação da taxa referência para a remuneração, seja ela a Selic ou o CDI.

Os prefixados, por sua vez, oscilam segundo as expectativas do mercado para a taxa Selic (juros futuros) durante todo o período até o vencimento do investimento.

Assim, quando o mercado espera uma alta nos juros, para que o seu título continue atrativo e atraindo investidores, a rentabilidade oferecida para um possível comprador deverá subir. Com isso, o preço de venda automaticamente deverá cair.

Pode-se dizer que o mesmo acontece com os títulos atrelados à inflação, por exemplo, o Tesouro IPCA+.

Então não vale a pena resgatar o investimento antecipadamente?

Opa, não significa que não valha resgatar antecipadamente, visto que a marcação a mercado só é levada em consideração quando se pretende vendero investimento antes do prazo.

Ao contrário, esse mecanismo está aí para mostrar se, em determinado cenário, é melhor resgatar ou não. Pode ser que sim, mas também pode ser que não.

Mas uma coisa é certa: se o investidor segurar o título até a data de vencimento, ele vai receber exatamente o que foi calculado na prévia do investimento. 

Acontece que muita gente, por diversas razões, acaba antecipando o resgate e a decisão cabe a cada um. 

Assim, por meio da marcação a mercado há transparência na operação, ou seja, ela ajuda a refletir o real valor do investimento naquele momento.

Tanto é assim que o recurso é utilizado como padrão para atualização dos papéis desde 2002, por decisão do Banco Central do Brasil.

A marcação a mercado ajuda a equilibrar a rentabilidade entre os investidores, garantindo transparência e confiabilidade ao mercado. Antes disso, os ativos tinham seus preços baseados na curva do valor teórico desses papéis.

A marcação a mercado serve para outros tipos de investimentos além da renda fixa?

Sim! A marcação a mercado serve também, por exemplo, para ações, fundos imobiliários, fundos de investimento etc

Tá, e daí?

Vimos que marcação a mercado é a atualização diária da precificação dos investimentos de renda fixa, ativos de renda variável e fundos de investimentos.

Vimos que esse mecanismo serve para acompanhar os investimentos, bem como ver a rentabilidade dos papéis em caso de resgate antecipado, algo que não é muito recomendado, mas vai da necessidade do investidor.

Vimos ainda que a renda fixa não é realmente fixa, em razão de estar vinculada a um indexador variável e o preço do título pode ser outro, se resgatado antecipadamente.

Esse panorama mostra que a marcação a mercado pode ser considerada a “reprecificação” diária feita a partir da atualização dos valores dos investimentos. 

Assim, por se tratar de ajuste diário, geralmente ocorrem mudanças nos preços tanto para baixo quanto para cima, de acordo com os fatores envolvidos.

Compreendemos que a importância desse recurso está no fato de que ele mostra exatamente o preço de um ativo no dia e isso ajuda a compreender as oscilações diárias e ajuda na tomada de decisão, seja pela venda ou pela manutenção do produto em carteira.

Sem o auxílio desse recurso, o investidor fica às escuras e, caso venha a se desfazer do título antes do prazo oficial de resgate, poderá ganhar menos do que pretendia quando obteve o título.

O mercado secundário

O chamado mercado secundário é onde se dá a venda antecipada de títulos. Ele une as duas pontas: a de quem quer vender com a de quem quer comprar. 

No vídeo abaixo, você entende o funcionamento do mercado secundário. Se tiver interesse em acessá-lo, basta falar com um assessor da EQI Investimentos

Fale com a EQI

Mesmo compreendendo tudo acerca de marcação a mercado, é recomendável também contar com profissionais especializados na hora de fazer levantamentos, cálculos e decidir por vender ou segurar um título.

Por isso, conte sempre com a equipe da EQI Investimentos! Clique aqui e fale com um assessor.