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Super Quarta: mercados em compasso de espera com decisões de juros no Brasil e nos EUA

Super Quarta: mercados em compasso de espera com decisões de juros no Brasil e nos EUA

A chamada “Super Quarta“, marcada para o próximo dia 30 de julho, promete atrair todas as atenções dos mercados. Isso porque, no mesmo dia, os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos anunciam suas decisões de política monetária.

A expectativa predominante é de que ambos optem por manter suas taxas de juros inalteradas. No entanto, os sinais emitidos nas comunicações pós-reunião devem ter papel central na reação dos mercados.

Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a decisão do Federal Reserve (Fed), banco central americano, deve vir acompanhada de tensões internas.

“A gente espera uma estabilidade na taxa de juros no teto de 4,5%, mas a gente sabe também que vai ter dissenso”, afirma. Segundo ele, um dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) já indicou intenção de votar por um corte de 0,25 ponto percentual, o que revela uma divisão interna na instituição.

Kautz destaca que essa dissidência se alinha com interesses políticos, em especial os do ex-presidente Donald Trump, que pressiona por um alívio monetário para estimular a economia em ano eleitoral.

“Isso cria um racha, um desconforto dentro do banco central americano e um desconforto para o [presidente do Fed, Jerome] Powell”, avalia o economista.

Apesar das pressões, Kautz acredita que o Fed adotará uma postura cautelosa, aguardando mais evidências sobre os efeitos das tarifas comerciais recentemente implementadas na inflação e na atividade econômica. Na última decisão, o Fomc manteve a taxa no patamar de 4,25%-4,50% e manteve a projeção de dois cortes ainda em 2025.

“Eles querem ter mais dados, mais informações para ver efetivamente o que vai acontecer. Então acho que a primeira janela de corte seria para setembro”, projeta. Ele ressalta a importância da coletiva de imprensa de Powell logo após a reunião, que poderá dar pistas sobre os próximos movimentos do banco central.

Super Quarta: como fica a política monetária no Brasil

No Brasil, o cenário também é de estabilidade na taxa Selic, atualmente em 15% ao ano – após oito altas seguidas desde setembro de 2024.

Gráfico Selic
Divulgação/EQI

“A gente espera também uma estabilidade em 15% do Copom e um discurso duro ainda”, diz Kautz, referindo-se ao tom que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve adotar na comunicação oficial.

Segundo ele, o Banco Central brasileiro deve manter a porta aberta para eventuais altas futuras, caso o cenário inflacionário piore.

“Eles vão ficar monitorando o cenário, os impactos dos apertos que já foram feitos. É uma decisão de estabilidade, mas ainda com um viés duro, para evitar que o mercado entre num oba-oba de corte de juros no curto prazo.”

Kautz observa que, embora os últimos dados de inflação tenham vindo mais favoráveis e a atividade econômica esteja dando sinais de desaceleração, o Copom deve manter uma postura conservadora, ao menos por enquanto.

“Mais para frente, isso pode ajudar o nosso Banco Central aqui também a ser um pouco menos conservador, um pouco menos duro na comunicação, mas para a próxima ainda deve manter a mesma aceleração da última, que foi bastante dura.”

Na última decisão de juros, o Copom elevou a Selic a 15%, afirmando que a taxa deve ser mantida neste patamar por período “bastante prolongado”.

Com os bancos centrais tanto de EUA quanto do Brasil em compasso de espera, o mercado deverá voltar suas atenções não apenas às decisões em si, mas, sobretudo, aos sinais sobre o que esperar para o segundo semestre. A Super Quarta, mais uma vez, será menos sobre o presente e mais sobre o que o futuro reserva para juros, inflação e crescimento.