Em um raro e tenso momento diante da imprensa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, protagonizaram nesta quinta-feira (24) um embate público durante uma visita à sede do banco central em Washington. O encontro, marcado por trocas de farpas, expôs o acirramento da tensão entre Trump e Powell — desta vez, envolvendo tanto a política monetária quanto os custos de uma reforma bilionária em andamento no Fed.
Usando capacetes brancos, os dois caminharam lado a lado para acompanhar o andamento das obras em dois edifícios históricos da sede do Fed. Durante a visita, Trump reiterou aos repórteres sua estimativa de que os custos da reforma ultrapassariam US$ 3,1 bilhões, o que gerou uma reação visivelmente desconfortável de Powell, que balançou a cabeça e fez uma careta ao ouvir o número.
“O valor aumentou bastante”, declarou Trump. Powell rebateu, dizendo que desconhecia essa cifra e explicou que o presidente havia incluído equivocadamente o prédio Martin, construído há cinco anos, e que não faz parte do projeto atual. “Você acabou de adicionar um terceiro prédio”, afirmou Powell.
Trump e Powell: presidente dos EUA ameaça gerente do projeto
Segundo informações oficiais do Fed, o custo estimado da reforma é de US$ 2,46 bilhões. Diante da discordância, Trump disparou: “Se eu fosse presidente, demitiria um gerente de projeto que estourasse esse orçamento”.
Além das críticas à condução da reforma, Trump usou a visita para renovar sua pressão sobre Powell por uma redução imediata na taxa básica de juros. “Quero que Powell diminua os juros”, disse o presidente, argumentando que a medida economizaria centenas de bilhões de dólares em pagamentos de juros da dívida pública, que já somam mais de US$ 1,1 trilhão em 2024.
Mesmo tendo indicado Powell ao cargo em 2017, Trump tornou-se um crítico feroz de sua gestão, especialmente após o presidente do Fed manter as taxas estáveis neste ano. Trump já havia ameaçado demitir Powell, embora tenha recuado recentemente dessas declarações — o que não dissipou as dúvidas sobre os limites legais da interferência do Executivo na autonomia do banco central.
O embate mais recente entre Trump e Powell sinaliza que, além das disputas eleitorais, a condução da política econômica continuará sendo palco de conflitos intensos no cenário norte-americano.
