Invista no seu carro com inteligência
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
Fomc decide manter juros dos EUA inalterados pela quarta vez consecutiva

Fomc decide manter juros dos EUA inalterados pela quarta vez consecutiva

O Fomc (Federal Open Market Committee), que é o comitê do Federal Reserve – Fed (o banco central dos Estados Unidos), decidiu manter inalterados os juros dos EUA, na faixa de 4,25% e 4,5% ao ano, decisão que ocorre pela quarta vez consecutiva. Além disso, a autoridade monetária prevê dois cortes até o fim do ano.

De acordo com o colegiado, o comitê reiterou seu compromisso com a busca pelo máximo de emprego e a estabilidade de preços, com meta de inflação de 2% no longo prazo. Embora a incerteza sobre o cenário econômico tenha diminuído, o Comitê avalia que os riscos seguem elevados e permanece atento a fatores que possam afetar seu duplo mandato.

Segundo comunicado, eventuais ajustes futuros na taxa serão considerados com base na análise cuidadosa dos dados econômicos, nas projeções de inflação e no balanço de riscos.

Além disso, o Comitê seguirá com o processo de redução gradual de sua carteira de ativos, incluindo títulos do Tesouro, papéis de agências e ativos lastreados em hipotecas.

O Fomc enfatizou que continuará monitorando atentamente as informações econômicas à medida que surgirem e está preparado para ajustar a política monetária, caso necessário, para garantir o cumprimento de suas metas. Entre os fatores observados, estão o comportamento do mercado de trabalho, as pressões e expectativas inflacionárias, além de condições financeiras e eventos no cenário internacional.

Projeções do Fomc: dois cortes até o fim do ano

O Fed manteve a projeção de que realizará dois cortes na taxa básica de juros até o fim de 2025, apesar de rever para baixo suas estimativas de crescimento econômico para os próximos anos. As informações constam na atualização do chamado “Summary of Economic Projections”, divulgada após a reunião do Fomc.

Segundo o novo relatório, a mediana das projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos em 2025 caiu de 1,7% (estimativa de março) para 1,4%. Para 2026, a expectativa também foi revisada para baixo, passando de 1,8% para 1,6%. A previsão para 2027 foi mantida em 1,8%.

Em relação à taxa dos Fed Funds — a taxa básica de juros dos EUA —, a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 3,9%. Já para 2026, houve uma elevação na projeção, de 3,4% para 3,6%. Para 2027, a estimativa subiu de 3,1% para 3,4%. A projeção de longo prazo, porém, continua inalterada em 3,0%.

Jerome Powell: aumento da inflação à vista

O Fed projeta que a inflação nos Estados Unidos voltará a superar a marca de 3% ainda neste ano, em meio a um cenário de incertezas envolvendo as políticas comerciais do presidente Donald Trump e ao agravamento das tensões geopolíticas, especialmente no Oriente Médio.

Em declaração após a reunião do Fomc, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que o aumento das expectativas inflacionárias pode estar diretamente relacionado à imposição de tarifas comerciais.

“As medidas de curto prazo das expectativas de inflação subiram nos últimos meses, conforme refletido tanto em medidas de mercado quanto em pesquisas. Os entrevistados — incluindo consumidores, empresas e analistas profissionais — apontam as tarifas como o principal fator”, afirmou Powell.

Apesar disso, Powell afirmou que os efeitos das tarifas comerciais sobre os preços ao consumidor nos Estados Unidos ainda não foram plenamente refletidos na economia. Segundo ele, o repasse desses custos ao consumidor final ocorre de forma gradual, devido à dinâmica da cadeia de distribuição.

“Leva algum tempo para que as tarifas percorram toda a cadeia de distribuição até chegar ao consumidor final. Muitos dos produtos vendidos hoje no varejo foram importados meses atrás, antes da imposição das tarifas. Estamos começando a ver alguns efeitos e esperamos ver mais nos próximos meses”, afirmou Powell durante coletiva de imprensa.

Diante do cenário de incertezas econômicas e geopolíticas, o presidente do Fed reforçou que a instituição não tem pressa para realizar novos ajustes em sua política monetária. “Por enquanto, estamos bem posicionados para esperar e observar antes de considerar quaisquer mudanças”, disse Powell.

Ele também destacou que as tarifas impostas durante o governo do Trump podem gerar dois tipos de efeito: um aumento pontual nos preços, que o Fed tenderia a desconsiderar, ou uma elevação mais duradoura na inflação, o que exigiria uma resposta da política monetária.

Tá, e aí?Thalita Silva

Na reunião de junho, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) decidiu manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano. A projeção mediana dos dirigentes segue apontando para dois cortes de juros em 2025. Para 2026, no entanto, o Comitê ajustou sua expectativa, indicando agora apenas um corte, o que levaria a taxa dos Fed Funds a 3,6% no fim daquele ano.

O comunicado da autoridade monetária voltou a destacar a necessidade de cautela, reforçando que eventuais novos ajustes dependem da evolução dos dados econômicos. Segundo o FOMC, a economia norte-americana permanece resiliente, e a inflação está mais controlada no momento. Ainda assim, o Comitê reconhece a possibilidade de deterioração tanto no crescimento quanto nos preços, em função do impacto das tarifas de importação recentemente elevadas., segundo explicou Thalita Silva, economista da EQI Asset.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou diversas vezes que a instituição está “bem posicionada” para lidar com os desafios que se avizinham. Para ele, manter uma política monetária em patamar “modestamente restritivo” é mais apropriado diante das incertezas atuais, especialmente com as projeções de inflação acima de 3,0% para 2025.

Fomc: analistas já esperavam manutenção dos juros

A EQI Asset já projetava manutenção dos juros, com cores apenas a partir de setembro e com espaço para duas reduções ainda neste ano.

“A comunicação dos dirigentes tem sido na linha de esperar para ver. Eles querem ter mais clareza nos dados antes de tomar qualquer decisão, o que deve adiar mudanças até, pelo menos, setembro”, explicou Thalita Silva, economista da EQI Asset.

De acordo com ela, em sua análise anterior, o foco estaria nas novas projeções do Fed. “O que realmente merece atenção nesta reunião são as projeções econômicas. Principalmente, se eles vão manter a expectativa de dois cortes de juros ainda em 2025”, destaca Thalita.

Também em projeção anterior, o economista Aditya Bhave, do Bank of America (BofA), a principal sinalização do Federal Reserve nesta semana será a de continuidade da postura de espera. “A política monetária está em um bom estado e não há pressa para o Fed agir”, afirmou Bhave em entrevista à CNBC.

Na avaliação do BofA, é pouco provável, no entanto, que ocorram cortes de juros ainda em 2025. No entanto, o banco reconhece que o Fed deverá manter em aberto essa possibilidade, especialmente diante dos sinais de desaceleração do mercado de trabalho e da inflação mais contida nos últimos meses.

O que é o Fomc, o comitê que decide os juros nos EUA

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) é o órgão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, responsável por definir a política monetária do país, incluindo a decisão sobre a taxa básica de juros. Composto por 12 membros votantes — sete diretores do Fed e cinco presidentes dos bancos regionais —, o Fomc se reúne regularmente ao longo do ano para avaliar o cenário econômico e tomar decisões que busquem manter a estabilidade de preços e o pleno emprego.

As decisões do comitê têm impacto direto nos mercados financeiros globais, influenciando desde os rendimentos dos títulos do Tesouro americano até os fluxos de capital para economias emergentes, como o Brasil. Quando o Fomc eleva os juros, por exemplo, o objetivo é conter a inflação, mas a medida também pode desacelerar o crescimento econômico. Já cortes na taxa são usados para estimular a atividade, especialmente em momentos de fraqueza econômica.

Além da definição da taxa de juros, o Fomc divulga projeções econômicas e o chamado dot plot — gráfico que mostra a expectativa de cada membro sobre a trajetória futura dos juros —, instrumento amplamente monitorado por investidores e analistas em todo o mundo.