Os olhos do mundo se voltaram para a Faixa de Gaza na última semana, após a região se tornar o alvo de intensos bombardeios israelenses em retaliação aos ataques do Hamas em 7 de outubro.
O enclave, uma estreita faixa de terra entre Israel e o Egito, ao lado do Mar Mediterrâneo, é lar de cerca de 2,3 milhões de palestinos e é descrito como um dos lugares mais densamente povoados da Terra.
A área, com 41 km de comprimento e 10 km de largura, seria equivalente a um quarto da cidade de São Paulo.
A maioria dos habitantes de Gaza são jovens, com quase 65% da população com menos de 24 anos.
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Prisão ao céu aberto
Originalmente ocupada pelo Egito, Gaza foi capturada por Israel durante a guerra de 1967 no Oriente Médio.
Em 2005, Israel retirou as suas tropas e cerca de 7.000 colonos do local.
Dois anos depois, Israel impôs um bloqueio aéreo, terrestre e marítimo à Faixa de Gaza, afirmando que essa medida é necessária para proteger o país dos ataques do Hamas.
O enclave é frequentemente descrito por grupos de direitos humanos como “a maior prisão a céu aberto do mundo”, cercado por muros de concreto e cercas de arame farpado.
Os palestinos são proibidos de entrar ou sair da região via Israel, a menos que obtenham uma autorização emitida pelo governo israelense.
Essa restrição resultou em um grande impacto negativo na economia da região.
Segundo a ONU, a taxa de desemprego na área é acima de 40%, chegando a 45% em 2022, e 63% da população – cerca de 1,3 milhões de pessoas – vive em situação de vulnerabilidade alimentar.
As restrições impostas por Israel ao acesso a terras agrícolas e à pesca também reduzem a quantidade de alimentos que os próprios habitantes de Gaza podem produzir.
Além disso, cerca de 95% da população de Gaza não tem água potável disponível e 80% dos residentes de Gaza vivem na pobreza, dependendo de alguma forma de ajuda internacional.
As escolas da região, muitas delas geridas pela ONU, funcionam atualmente como locais de abrigo para dezenas de milhares de pessoas que fogem do conflito.
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Cerco Total
No dia 9 de outubro, como parte da resposta ao ataque do Hamas, o ministro da defesa de Israel ordenou um cerco total a Gaza, cortando o fornecimento de alimentos, água e eletricidade dos quais o enclave depende principalmente de Israel.
Na quarta-feira (11), a única usina de energia de Gaza ficou sem combustível.
A Organização Mundial da Saúde alertou na quinta-feira que o sistema de saúde na Faixa de Gaza está “à beira do colapso”, enfatizando que os hospitais têm apenas algumas horas de eletricidade por dia.
No domingo (15), a agência de ajuda das Nações Unidas na área (UNRWA) alertou que a água potável está acabando em Gaza.
Quem controla a Faixa de Gaza
A Faixa de Gaza é um dos dois territórios palestinos designados, sendo o outro a Cisjordânia, e é dividido em cinco estados: Cidade de Gaza, Gaza Norte, Rafah, Deir el-Balah e Khan Younis.
Em 1947, a ONU emitiu seu “Plano de Partilha para a Palestina”, que dividiria a terra em um estado árabe e um estado judeu. A determinação foi feita contra a vontade da população árabe palestina local e dos estados árabes vizinhos.
Após a criação do estado de Israel em 1948 e a guerra árabe-israelense, Israel se apropriou de terras destinadas ao estado palestino árabe e acabou ficando com 77% do território total.
Mais da metade da população árabe palestina foi expulsa ou se tornou refugiada em territórios de Gaza, Cisjordânia e países vizinhos.
Gaza esteve sob controle do Egito de 1948 a 1967, com Israel posteriormente assumindo o controle e ocupando a Faixa de Gaza e a Cisjordânia após sua vitória na Guerra dos Seis Dias de 1967.
A ONU classifica Israel como um estado ocupante nos territórios palestinos.
Já em 2006, o Hamas emergiu vitorioso nas eleições de Gaza contra seu rival, o partido Fatah e se manteve no controle desde então. Vale ressaltar que não houveram eleições desde então.
O Hamas, classificado como organização terrorista pelos EUA e diversos outros países, é dedicado ao estabelecimento de um estado islâmico independente na Palestina.
O grupo é uma das duas principais forças políticas nos territórios palestinos, sendo a outra o Fatah, anteriormente conhecido como Movimento de Libertação Nacional Palestino.
O Fatah mantém o controle da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia ocupada por Israel.
Segundo a ONU, antes do conflito atual, entre 2008 e 2023, os ataques aéreos israelenses mataram 6.407 palestinos nos territórios ocupados, sendo 5.360 na Faixa de Gaza.