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Nubank (NUBR33) completa 1 ano de listagem nos EUA; vale investir na fintech?

Nubank (NUBR33) completa 1 ano de listagem nos EUA; vale investir na fintech?

O Nubank (NUBR33) é uma das instituições financeiras mais populares do Brasil desde 2013. Com a sua popularidade, o “roxinho” decidiu entrar na bolsa de valores de Nova York, a NYSE, em dezembro de 2021, acompanhado por uma forte campanha de marketing durante o IPO

Um ano depois, a expectativa de alta valorização, por conta do seu histórico de crescimento nos últimos anos, foi por água abaixo. Afinal de contas, desde o IPO, o NU apresentou uma desvalorização de 70,17%.

Afinal, vale investir no Nubank (NUBR33)?

Gráfico de linhas das ações do Nubank (NUBR33) desde o IPO
Fonte: Google Finanças

Primeiro pregão

Olha que no primeiro de pregão, o NUBR33 teve uma valorização acima de 35%. Além disso, a fintech chamou a atenção de Warren Buffett, o maior investidor do mundo. A Berkshire Hathaway (BERK34) possui cerca de 107,11 milhões de ações do Nubank, algo em torno de 2,3% do banco digital. 

Ainda vale ressaltar que na estreia da bolsa, o Nubank se tornou o banco privado mais valioso da América Latina, valendo US$ 41,4 bilhões, ou R$ 229 bilhões, desbancando o poderoso Itaú Unibanco (ITUB4). 

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Entretanto, com a forte desvalorização, o “roxinho” teve o seu valor de mercado recalculado para US$ 20,4 bilhões, ou R$ 105,8 bilhões. Assim, Itaú reconquistou o seu posto de maior banco do Brasil. E não apenas isso, tanto Bradesco (BBDC4) quanto Santander Brasil (SANB11) são mais valiosos que a fintech.  

Mas o que aconteceu com o Nubank, que foi um dos IPO mais esperados de 2021, para ter um desempenho tão aquém do esperado? Continue neste artigo para entender a situação de um dos bancos digitais mais populares do Brasil.

IPO do Nubank (NUBR33): do “pedacinhos NU” a BDR de nível 1

O IPO do Nubank foi um dos mais esperados de 2021. Em menos de dez anos, a fintech registrou índices de crescimento assustadores para os seus concorrentes. Milhares de investidores estavam sedentos para ter parte de uma instituição bancária, que atualmente tem cerca de 70 milhões de clientes. 

Ao mesmo tempo, a empresa investiu forte no marketing. O Nubank convidou a cantora pop Anitta para integrar o conselho administrativo da companhia, embora ela tenha deixado o cargo em agosto de 2022 e se tornou uma embaixadora da marca. 

Da esquerda para a direita: David Vélez, CEO do Nubank; Anitta; Cristina Junqueira, co-fundadora do Nubank
Fonte: Divulgação Nubank

Posteriormente, o Nubank ofereceu aos seus clientes um “pedacinho” da companhia por meio dos BDRs. A oferta atraiu 7,55 milhões de clientes para seu programa de sócios, NuSócios (número ficou aquém do esperado pela fintech), num investimento de R$ 63,18 milhões. Cada um deles recebeu um BDR do banco digital.

Para ter direito ao “pedacinho”, o cliente deveria manter o papel na carteira de investimento por um ano. Após este período, ele poderia escolher se continuava com o recibo ou se receberia o valor em dinheiro.

Ademais, o programa foi uma forma de incentivo para abrir uma conta de investimentos no NuInvest, que tem cerca de 2 milhões de pessoas.  

Mulher segurando um "pedacinho" do Nubank
Fonte: Divulgação Nubank

Mesmo com marketing forte, o ano foi desafiador para o Nubank. Em setembro, a fintech informou que deixaria de ter capital aberto no Brasil. Isso deixou muitas pessoas confusas, inclusive houve usuários que imaginavam que a empresa sairia do país. 

Contudo, a intenção do Nubank foi migrar os BDRs de Nível 3 para Nível 1. Com isso, somente os investidores qualificados, aqueles que têm um capital acima de R$ 1 milhão investidos, poderiam comprar as ações do banco digital.

Este movimento foi realizado para dispensar o registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Dessa forma, o NU deixa de ser uma companhia de capital aberto no Brasil.

Na época, o banco digital citou que o objetivo era maximizar a eficiência e minimizar as redundâncias de ser uma companhia aberta em mais de uma jurisdição. “A administração da companhia afirma que a presente deliberação não afeta o compromisso de longo prazo do Grupo Nubank com o Brasil, tampouco com o mercado de capitais brasileiro”, dizia a nota do NU.

Analistas do Itaú BBA apontaram que a decisão foi considerada negativa para os acionistas minoritários locais e sob a ótica da governança corporativa. 

Dificuldades do Nubank

Para o site Valor Investe, Larissa Quaresma, analista da Empiricus, cita que o Nubank possui três pontos de atenção desde o seu IPO:

  • valor excessivo da ação na largada;
  • aumento da inadimplência;
  • dificuldade de monetização dos usuários.

Valor excessivo

O Nubank estreou na bolsa como o banco mais valioso da América Latina, com um valor de mercado de US$ 41,5 bilhões.

Manchete da Forbes sobre o Nubank se tornar o banco mais valioso da América Latina
Fonte: Forbes Money

Apesar disso, Quaresma destaca que o papel operava a mais de 10 vezes o valor do seu patrimônio. Em menos de um mês, o NU perdeu o posto de mais valioso com o início da derrocada das ações do “roxinho”.

Manchete da CNN Brasil de que o Nubank deixou de ser o banco mais valioso da América Latina
Fonte: CNN Brasil

Embora as ações tenham desvalorizado mais de 70% em um ano, Quaresma ainda entende que o papel opera com um múltiplo alto, considerando o patrimônio líquido e o preço da ação. Neste momento, a proporção entre valor da ação e patrimônio caiu para 4,6 vezes o patrimônio líquido (PL).

Dados do balanço do Nubank feito pelo BTG Pactual
Fonte: BTG Pactual

Entretanto, para a analista da Empiricus, o preço justo deveria ser de 2,5 vezes o PL. Mesmo com essa redução ideal, Quaresma avalia que as ações do Nubank ainda estão mais valorizadas do que os seus pares, como o Banco Inter (INBR32), que opera a 0,7 vez, e o Banco Pan (BPAN4), a 1,5 vez.

Juros altos e inadimplência

O ano de 2022 foi complicado para as fintechs, com o mundo sofrendo com a pressão inflacionária mais elevada dos últimos 40 anos, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Este fenômeno provocou uma reação generalizada dos bancos centrais das principais economias do planeta em elevar as taxas de juros. O Fomc, ligado ao Federal Reserve (Fed), decidiu elevar a taxa de juros dos EUA em 0,50 ponto percentual, seguindo as projeções de mercado, para o intervalo entre 4,25% a 4,50%.

Manchete do portal EuQueroInvestir sobre o aumento da taxa de juro feito pelo Fomc
Fonte: EuQueroInvestir

A alta nos juros dos Estados Unidos, local onde estão listadas as ações do Nubank, afeta o desempenho das empresas de tecnologia, que têm um histórico de crescimento rápido e acima da média. Assim, o seu valor depende do lucro futuro. Essas companhias são conhecidas como empresas de “growth”, sendo que o Nubank é um dos casos mais explícitos deste fenômeno. 

Aliado a isso, os juros altos afastam os investidores da bolsa. Além do mais, o risco de recessão aumenta a aversão ao risco, o que prejudica as empresas menores.  

Junto com os preços altos, a inadimplência preocupa os investidores do Nubank. Segundo o balanço do 3TRI22 da fintech, a taxa de atrasos superiores a 90 dias subiu para 4,7%, de 4,1% no 2TRI22.

A taxa do Nubank é superior à da média dos grandes bancos brasileiros. Isso ocorre porque a fintech tem uma carteira de crédito focada apenas em cartão de crédito e crédito pessoal, que são consideradas linhas mais arriscadas, sem garantia. Geralmente, essas modalidades geram mais atrasos nos pagamentos. 

A taxa de inadimplência do Nubank tem crescido com mais agilidade do que nos grandes bancos brasileiros, como Itaú, Santander e Banco do Brasil (BBAS3).

Outro fator sobre o Nubank é a metodologia de inadimplência. O banco digital exclui da sua base inadimplente todos os contratos com atrasos superiores a 120 dias, enquanto outros bancos usam a janela de 365 dias. 

Larissa Quaresma relatou, para o Valor Investe, que a alteração da metodologia prejudica a comparabilidade do indicador de inadimplência com trimestres anteriores, além de reduzir o percentual de provisões contra calotes feitas pelo banco.

Dificuldade de monetização dos usuários

O que já foi uma virtude, hoje pode ser um empecilho: a quantidade de clientes. 

No balanço do 3TRI22, a base de clientes do NU chegou a 70 milhões e 57 milhões de clientes ativos, com destaque para as contas PJs, especialmente PMEs (pequenas e médias empresas), que cresceram 92% na comparação ano a ano. 

“Nas operações mexicanas e colombianas, suas bases de clientes atingiram 3 milhões (aumento de 43% t/t e 4x a/a) e 439 mil clientes (+108% t/t), respectivamente”, diz o BTG Pactual no relatório sobre o balanço do NU.

Arte sobre o aumento no número de clientes do Nubank
Fonte: Nubank RI

Analistas do mercado citam que a grande quantidade de clientes cria um paradoxo, apesar de uma base robusta, o Nubank tem dificuldade de continuar crescendo, justamente pelo tamanho da sua base. 

Além disso, mesmo com o volume de clientes e uma operação gigante, o NU deu lucro somente no 3TRI22. 

O que diz o BTG Pactual sobre o NU?

Após a publicação do balanço do Nubank, a equipe de Research do BTG Pactual divulgou um relatório recomendando a neutralidade sobre as ações da fintech. Apesar da recomendação, os analistas relatam que os resultados foram bem recebidos pelo mercado. 

No geral, os números ficaram muito em linha com o que a empresa havia indicado em reuniões recentes. Mas, dadas as crescentes preocupações em torno da qualidade dos ativos no segmento de baixa renda, sentimos que os resultados do NU foram definitivamente melhores do que se temia”, diz o BTG. 

A principal preocupação dos analistas é relacionada à valuation. No momento da publicação do relatório do BTG, os papéis do NU estavam sendo negociados a quase 5 vezes, com o valor de mercado acima de US$ 20 bilhões. “O valuation implica que a empresa continuará crescendo a um ritmo muito alto e entregará lucratividade muito alta”, complementa.

Em contrapartida, o BTG relata que ainda vê uma assimetria de risco desfavorável para a ação, sobretudo em um ambiente de altas taxas de inflação, que atinge principalmente o segmento de baixa renda, público-alvo do Nubank. 

De fato, temos uma classificação Neutra (e não uma venda como tínhamos quando a ação estava sendo negociada pelo dobro do preço atual) porque achamos que o Nu merece o benefício da dúvida”, afirma o BTG.

  • Quer mais informações se vale investir no Nubank (NUBR33)? Preencha este formulário para um assessor da EQI Investimentos entrar em contato.