O CRA Seara é a nova oferta de Renda Fixa isenta de imposto de renda que tem chamado a atenção dos investidores mais atentos. Emitido com lastro na gigante do setor alimentício JBS (JBSS3), o título oferece rentabilidade real acima de IPCA+ 7% ao ano, pagamentos semestrais e classificação de risco AAA.
Na prática, é uma oportunidade de aplicar em um produto com forte apelo de retorno e respaldo de uma das maiores empresas do agronegócio do mundo.
Mas antes de se aprofundar nos detalhes da oferta, é importante entender o que é um CRA, como funciona esse tipo de investimento e por que ele pode ser vantajoso em relação a outros produtos de Renda Fixa.
O que é um CRA e por que ele pode ser uma boa alternativa na renda fixa?
O CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) é um título de Renda Fixa emitido por securitizadoras e que representa créditos originados no setor do agronegócio — como financiamentos a produtores ou empresas do setor alimentício.
Em termos simples, ao investir em um CRA, você está “emprestando” dinheiro para que uma empresa do agro financie suas operações, e em troca, recebe juros pelo período combinado.
Esse tipo de ativo costuma atrair o interesse de investidores por diversos motivos. Um dos principais é a isenção de imposto de renda para pessoas físicas, o que tende a turbinar a rentabilidade líquida, especialmente em períodos de inflação elevada.
Além disso, CRAs de empresas bem estruturadas, como no caso da Seara, carregam um grau de risco mais controlado — embora não sejam isentos de riscos.
Existem dois tipos principais de CRA:
- CRA com pagamento periódico: realiza pagamentos semestrais ou anuais de juros e amortizações;
- CRA bullet: paga tudo no vencimento, o que pode interessar quem busca prazos mais longos com acúmulo de rentabilidade.
Apesar da atratividade, é preciso entender que esses títulos não têm liquidez garantida no curto prazo. Ou seja, se o investidor quiser vender antes do vencimento, dependerá do apetite do mercado secundário.
Os CRAs também não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o que reforça a importância de avaliar bem a empresa emissora e a estrutura da operação.
CRA Seara: detalhes da nova oferta da gigante alimentícia
Com captação de até R$ 800 milhões, o CRA Seara é uma nova emissão lastreada em recebíveis da marca de alimentos da JBS. A operação é dividida em duas séries voltadas ao investidor qualificado e apresenta rentabilidades que se destacam entre os produtos de Renda Fixa com lastro em inflação.
A 2ª série oferece rentabilidade de NTN-B 2045 + 0,25%, com teto de IPCA+ 7,70% ao ano, enquanto a 3ª série projeta NTN-B 2055+ 0,50% ou até IPCA+ 7,80% — sempre valendo a maior entre as duas referências.
Os títulos não permitem resgate antecipado direto com o emissor, mas podem ser negociados via CETIP21 no mercado secundário.
Os pagamentos de juros são feitos semestralmente, sem período de carência.
A 2ª série conta com amortização anual nos últimos cinco anos do papel (do 16º ao 20º ano), enquanto a 3ª série é do tipo bullet, ou seja, paga o valor total apenas no vencimento. Ambos os papéis são corrigidos pela inflação (IPCA) e possuem duração média de 10 anos (2ª série) e 12 anos (3ª série), com vencimentos finais em 2045 e 2055, respectivamente.
Outro ponto de destaque é o rating AAA (Fitch), o mais alto na escala de risco de crédito, além da estrutura chamada de “clean”, sem garantias reais atreladas — o que torna a solidez da empresa ainda mais relevante na análise.
No resumo, os detalhes da oferta são:
- Volume total da emissão: até R$ 800 milhões
- Taxas indicativas:
- 2ª série: NTN-B45 + 0,25% (ou IPCA+7,70%, o que for maior)
- 3ª série: NTN-B55 + 0,50% (ou IPCA+7,80%, o que for maior)
- Prazo:
- 2ª série: 20 anos (duration de 10,05 anos)
- 3ª série: 30 anos (duration de 12,08 anos)
- Amortização:
- 2ª série: anual nos últimos 5 anos
- 3ª série: bullet
- Pagamento de juros: semestral, sem carência
- Isenção de IR para pessoa física
- Rating: AAA (Fitch)
- Público-alvo: investidor qualificado
- Investimento mínimo: R$ 1 mil
- Negociação: via CETIP21
Avaliação da EQI Research: baixo risco e oportunidade de ganho com o CRA da Seara
Para João Neves, analista de Renda Fixa da EQI Research, a nova emissão de CRA da Seara reflete o sólido perfil de crédito da JBS, controladora da empresa. Segundo ele, a companhia se destaca por sua atuação global no setor de alimentos, com presença em mais de 20 países e marcas consolidadas como Swift, Friboi, Pilgrim’s Pride e a própria Seara.
De acordo com Neves, a JBS consegue mitigar riscos financeiros graças à sua diversificação geográfica e à atuação em diferentes tipos de proteína.
“A empresa possui um excelente perfil de crédito, com amplo acesso ao mercado, tanto local quanto internacional”, afirmou.
O analista também chamou atenção para o potencial de valorização da terceira série da emissão.
“As taxas propostas nessa emissão de CRA refletem o baixo risco desses títulos. No entanto, o carrego oferecido na 3ª série é atrativo, especialmente devido à duration elevada, além de proporcionar uma oportunidade interessante de ganhos de capital em caso de queda na curva de juros das NTN-Bs”, avaliou.
Entre os pontos positivos, Neves destacou a resiliência da JBS diante da ciclicidade do setor, a expectativa de melhora nas margens com a recuperação do ciclo bovino nos EUA e a facilidade de captação da empresa no mercado de crédito.
Por outro lado, ponderou que a volatilidade das margens e a postura agressiva nos investimentos podem aumentar a alavancagem e, consequentemente, o risco financeiro do grupo.
Quem é a Seara, empresa por trás da emissão?

A Seara é uma das principais marcas da JBS, gigante global da indústria de alimentos. A empresa atua com forte presença no processamento de aves e suínos e se consolidou como uma das líderes do segmento alimentício no Brasil e no exterior.
Hoje, a Seara opera 30 unidades de aves e 8 unidades de suínos, com capacidade de processar mais de 5 milhões de aves e 30 mil suínos por dia. A marca também é destaque no mercado de alimentos plant-based e ocupa a segunda colocação entre os líderes de alimentos preparados no Brasil.
Segundo o balanço do 1º trimestre de 2025 (1TRI25) da JBS, a Seara registrou receita líquida de R$ 12,6 bilhões, um avanço de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior. O EBITDA ajustado somou R$ 2,5 bilhões, com margem EBITDA de 19,8% — a maior já registrada pela unidade para um primeiro trimestre.
Os resultados reforçam o papel da Seara como um dos braços mais resilientes e rentáveis da JBS, com forte presença tanto no mercado interno quanto nas exportações.
Segundo a JBS, o desempenho da Seara foi impulsionado pelo crescimento foi impulsionado por maior foco em produtos de valor agregado, ganho de eficiência operacional e fortalecimento da marca no varejo.
Já a JBS, controladora da Seara, registrou receita líquida de R$ 114,1 bilhões no 1TRI25, um crescimento de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior. O EBITDA ajustado somou R$ 8,9 bilhões, com margem de 7,8%, refletindo a força da plataforma global e a recuperação de margens em diversas unidades de negócio.
A companhia está presente em mais de 400 unidades produtivas ao redor do mundo e conta com cerca de 240 mil colaboradores, reforçando sua relevância como uma das maiores empresas de alimentos do planeta e o peso institucional por trás do CRA Seara.
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Perguntas frequentes sobre o CRA Seara
O CRA Seara é um Certificado de Recebíveis do Agronegócio emitido com lastro nas operações da Seara, empresa do grupo JBS. Trata-se de um investimento de renda fixa voltado para investidores qualificados, com isenção de imposto de renda e remuneração atrelada à inflação.
Para investir no CRA Seara, é preciso ter conta em uma corretora que ofereça a oferta e ser classificado como investidor qualificado. O aporte mínimo costuma ser de R$ 1 mil, com prazos longos e liquidez baixa.
O CRA Seara possui classificação de risco AAA pela Fitch Ratings, mas é um título sem garantia real (clean), o que significa que, apesar da solidez da empresa emissora, o investidor assume o risco de crédito. Além disso, o papel não conta com a proteção do FGC.
CRA com isenção de IR significa que pessoas físicas não pagam imposto de renda sobre os rendimentos recebidos, o que torna o investimento mais vantajoso quando comparado a outros ativos de renda fixa tributados.
A nova emissão do CRA Seara oferece rentabilidades entre IPCA+ 7,30% e IPCA+ 7,80% ao ano, dependendo da série. São taxas consideradas agressivas para um ativo com isenção de IR e nota de crédito elevada.
As séries da nova oferta do CRA Seara têm vencimentos de 20 e 30 anos, com duration média de 10 e 12 anos. São prazos longos, o que exige planejamento e visão de longo prazo por parte do investidor.
O CRA é emitido por uma securitizadora e tem como garantia os recebíveis do agronegócio — como contratos de exportação ou venda futura de produtos. No caso do CRA Seara, o lastro vem das operações comerciais da Seara com seus clientes.
Não há resgate antecipado garantido. O investidor pode tentar vender o papel no mercado secundário, mas a liquidez costuma ser baixa, e pode ser necessário aceitar descontos para encontrar compradores.
A Seara é uma marca controlada pela JBS, a maior empresa de proteína animal do mundo. Portanto, embora a emissão esteja ligada à Seara, o grupo por trás da operação é a própria JBS, o que agrega solidez ao investimento.
Vale a pena investir no CRA Seara?
O CRA Seara é uma alternativa atrativa para investidores qualificados que buscam Renda Fixa atrelada à inflação, com isenção de IR, rentabilidade elevada e exposição ao agronegócio brasileiro — setor historicamente sólido e exportador.
A ligação com a JBS/Seara adiciona credibilidade à emissão, especialmente considerando o rating AAA atribuído pela Fitch. No entanto, é importante considerar o prazo longo do investimento e o risco de liquidez — ou seja, a possibilidade de dificuldade para vender o papel antes do vencimento.
Além disso, como se trata de uma emissão “clean”, o investidor deve confiar principalmente na saúde financeira da empresa emissora.
Por isso, o CRA Seara pode fazer sentido dentro de uma carteira diversificada, com foco em retorno real de longo prazo e exposição a ativos de crédito privado de alta qualidade.