Essa pode ser a oportunidade ideal para você investir em dólar e produtos que pagam 10% mais a variação do câmbio.
No Brasil, o cenário macroeconômico atual tem se mostrado bastante desafiador. A cada semana, observa-se uma deterioração nas expectativas de inflação e, consequentemente, um aumento nas previsões de elevação da taxa Selic.
Tudo isso se alinha, como aponta a EQI Research, às decepções macroeconômicas do Brasil, em que a situação fiscal continua sendo o principal fator de preocupação para o mercado.
Não é à toa que muitos investidores têm voltado o olhar para o exterior, com o objetivo de escapar da volatilidade econômica interna e buscar novas opções de diversificação para suas carteiras. Essa tese foi reforçada na Carteira de Alocação Recomendada da EQI Research, na qual os analistas da casa sugerem que pelo menos 15% do patrimônio seja investido em ativos internacionais, independentemente do perfil do investidor.
Além disso, o mercado enxerga um cenário favorável no exterior, com oportunidades que oferecem retornos de 10% mais a variação do dólar.
A expectativa é de juros elevados nos EUA por um período prolongado, juntamente com a possibilidade de um dólar fortalecido durante o próximo mandato do presidente eleito, Donald Trump. O republicano promete adotar uma política mais protecionista em relação às importações e redução de impostos, o que pode resultar em um cenário inflacionário.
O investidor brasileiro pode se beneficiar dessa situação, aproveitando a alta dos juros americanos ao adquirir títulos com rendimentos mais elevados e também ganhando com a valorização do dólar frente ao real, que, nos últimos 12 meses, teve uma alta superior a 25%.
Esses são apenas alguns argumentos para considerar o investimento no exterior neste momento. No entanto, a principal aposta é a possibilidade rara de obter um retorno de 10% mais a valorização do dólar a seu favor.
Para entender como um brasileiro pode se beneficiar do contexto macroeconômico atual, continue lendo este artigo e se aprofunde nas principais informações sobre o cenário da economia global.
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Por que investir no exterior neste momento?
Para convencer que este pode ser o momento ideal para investir no exterior, é necessário aprofundar a análise e verificar se esta é uma janela para iniciar aportes fora do país ou ampliá-los.
Recentemente, os analistas da EQI Research e do BTG Pactual ($BPAC11) divulgaram relatórios apontando que o cenário favorece o fortalecimento do dólar e juros mais altos nos Estados Unidos.
Além disso, o portal EuQueroInvestir entrevistou William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, e Alexandre Viotto, head de câmbio da EQI Investimentos, para compreender as perspectivas econômicas dos EUA.
Governo Trump terá mais liberdade para agir
A cada início de ano, o lema “ano novo, vida nova” é sempre citado independentemente do contexto em que ele está sendo dito. Contudo, essa lógica se aplica ao contexto atual da economia global com expectativas de mudanças na geopolítica.
No dia 20 de janeiro, Donald Trump será empossado como presidente dos Estados Unidos. Seu retorno à presidência da maior potência mundial é politicamente favorável, especialmente após a vitória expressiva do Partido Republicano no Congresso, garantindo a maioria legislativa.
Ademais, os republicanos mantêm a maioria no Senado e na Suprema Corte, ambos de tendência conservadora.
William Castro Alves destaca que essa “onda vermelha” amplia as chances de Trump implementar suas promessas de campanha. O cenário político favorável oferece mais espaço para a aplicação de suas políticas.
Alexandre Viotto ressalta que uma das primeiras ações de Trump pode ser o aumento das tarifas de importação, com expectativa de elevações entre 10% e 20% para a maioria dos produtos e até 60% para itens provenientes da China.
“Se ele implementar essas tarifas, terá respaldo para seguir adiante, já que conta com maioria nas duas casas do Congresso, algo raro em governos republicanos”, comenta Viotto.
Ele ainda destaca a provável adoção da política “America First” no segundo mandato de Trump, favorecendo empresas que fabricam seus produtos nos Estados Unidos.
“Por exemplo, uma empresa como a Mercedes-Benz, que fabrica veículos em diversos países, poderia ser forçada a investir no mercado americano, estabelecendo fábricas locais. Isso redirecionaria investimentos, valorizando o dólar”, explica.
Castro Alves observa que essa estratégia reflete a proposta de crescimento econômico com o lema “Make America Great Again”.
Outra medida prevista é a redução de impostos. “Trump deve renovar a Tax Cuts and Jobs Act. Com impostos mais baixos, a carga tributária diminuiria, agradando empresas, mas gerando percepção de risco fiscal”, observa Castro Alves.
Viotto acrescenta que o tema fiscal é relevante, considerando a enorme dívida pública americana. Ele aponta que a combinação de tarifas de importação e cortes de impostos pode gerar inflação, uma vez que o aumento no custo das mercadorias tende a pressionar os preços.
Período inflacionário e juros mais altos
Trump ainda nem assumiu, e sinais de inflação já são percebidos nos Estados Unidos. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), alertou sobre a piora da inflação, após o corte da taxa básica de juros em 25 pontos-base.
“Essas medidas podem gerar pressão inflacionária no médio prazo, influenciando o ritmo de cortes de juros pelo FOMC”, destaca a EQI Research.
Os especialistas ouvidos pelo portal EuQueroInvestir concordam que a inflação elevada exige juros mais altos, o que pode atrair investidores e fortalecer o dólar.
“Também mantemos nossas expectativas de uma taxa terminal de juros mais elevada do que o inicialmente projetado no início do ciclo de cortes, refletindo uma inflação mais alta no médio e longo prazo”, complementou.
Os especialistas destacam que o aumento da inflação nos EUA pressiona o Federal Reserve a adotar uma política monetária mais restritiva, elevando as taxas de juros. Essa dinâmica busca controlar os preços no médio e longo prazo, ao mesmo tempo que atrai investidores, contribuindo para o fortalecimento do dólar.
Viotto ressalta que as restrições fiscais dificultarão a redução dos juros pelo Fed, ampliando o impacto inflacionário. “Com juros altos, mais investidores alocarão recursos nos EUA, fortalecendo ainda mais o dólar”, afirma.
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Dólar fortalecido
Castro Alves explica que juros elevados reduzem o diferencial de juros em relação a outros países, fortalecendo o dólar, especialmente frente a moedas de mercados emergentes.
“A perspectiva de crescimento econômico, com o lema ‘Make America Great Again’, atrai investimentos, valorizando a moeda americana”, complementa.
Viotto pondera que, no longo prazo, o dólar pode ser pressionado por medidas para conter a inflação, como a redução de impostos corporativos e incentivos locais. No entanto, no curto prazo, a expectativa é de valorização da moeda, com o dólar oscilando bem acima dos R$ 6 devido às questões fiscais no Brasil e aos fatores externos.
Dólar mais forte pode chegar a R$ 7,10?
De acordo com um relatório do BTG Pactual, elaborado pela economista Iana Ferrão, o dólar pode atingir R$ 7,10 em 2025 em um cenário adverso, considerando o risco fiscal no Brasil e a condução da política econômica. No cenário-base, a moeda deve encerrar 2025 em R$ 6,25, podendo recuar para R$ 5,20 em um contexto mais favorável.
Ferrão destaca que ações que desrespeitem o orçamento ou enfraqueçam a credibilidade monetária podem pressionar o dólar acima de R$ 7, enquanto políticas que reforcem a sustentabilidade fiscal podem valorizar o real.
É possível ganhar dólar mais 10%?
Diante do cenário apresentado, este pode ser o momento ideal para dolarizar sua carteira de investimentos, aproveitando boas oportunidades de mercado. Com os juros americanos em patamares elevados, diversos produtos oferecem taxas de retorno robustas.
Uma dessas oportunidades é o Bond de Renda Fixa do Citigroup, que conta com um cupom estimado em 6,174% ao ano, com pagamento semestral de juros nos meses de maio e novembro. É importante destacar que os juros são pagos em dólar, o que significa que, além da taxa anual de 6,174%, o retorno está atrelado à valorização da moeda norte-americana.
Para quem busca rentabilidades ainda mais atrativas, o mercado de crédito privado oferece opções como o BlackRock Private Credit Fund iCapital Offshore Access Fund e o Morgan Stanley North Haven Private Income iCapital Access Fund A.
Fundo Morgan Stanley North Haven Private Income
O fundo de crédito privado da Morgan Stanley IM é gerido por uma equipe com mais de 25 anos de experiência no setor e possui mais de US$ 16,1 bilhões em ativos sob gestão (AUM) dedicados ao crédito privado, sendo US$ 5,6 bilhões relacionados à estratégia específica do fundo.
Este fundo investe em uma carteira diversificada, composta por mais de 100 títulos de empresas de médio porte (middle market) que atuam em setores não cíclicos e defensivos. Essas empresas apresentam um EBITDA médio de US$ 189 milhões.
O fundo oferece um rendimento (distribution yield) de 9,5% ao ano e tem um histórico sólido, sem registro de inadimplência (default), mesmo com o default médio da classe de ativos sendo de 3,2%.
Fundo BlackRock Private Credit Fund
Lançado em 2022, o BlackRock Private Credit Fund (BDEBT) também investe em crédito privado, com foco principal em empréstimos diretos (direct lending) para empresas de médio porte com EBITDA entre US$ 25 e 75 milhões. O fundo busca aproveitar oportunidades de mercado em setores resilientes.
Ele possui uma duration de 4,7 anos e oferece um distribution yield de 11,07% ao ano, com os pagamentos também realizados em dólares.
Fundo Fasano Miami da JHSF
Outra alternativa exposta ao mercado internacional é o Fasano Miami, da JHSF. Este fundo realiza pagamentos de juros semestrais com uma taxa de 3% ao ano em dólar e uma rentabilidade estimada de dólar + 10% ao ano.
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