“O ano de 2024 não deixa saudades para ações e FIIs, e as preocupações para 2025 permanecem as mesmas do ano anterior”. Essa foi a mensagem inicial do relatório de Alocação Recomendada de janeiro, elaborado pela EQI Research.
Assinado pelo analista de Renda Fixa João Neves, pelo estrategista de ações Felipe Reis e pela head da EQI Research Carolina Borges, o documento destaca que, no cenário macroeconômico, são necessárias sinalizações positivas do governo e do Congresso Nacional para possibilitar um alívio nos juros.
No entanto, fatores como os juros básicos elevados no Brasil continuam a causar decepções macroeconômicas e devem impactar o início de 2025.
Diante desse contexto, a EQI Research optou por não alterar a alocação macroeconômica neste início de ano. A decisão foi influenciada pelas movimentações realizadas em dezembro, que incluíram o aumento da exposição ao mercado externo e a redução da participação em Renda Variável brasileira.
Alocação Recomendada: entendo o contexto
Antes de apresentar a Alocação Recomendada, é preciso entender o contexto macroeconômico atual.
Os analistas citam que nos EUA, o Federal Reserve (Fed) anunciou, em dezembro, um corte de 25 pontos-base na taxa básica de juros, sinalizando um ritmo mais moderado de cortes a partir de agora.
Segundo a EQI Research, o presidente do Fed, Jerome Powell, ressaltou que a decisão foi amplamente debatida e que o processo de flexibilização monetária será gradual.
“Mantemos nossas projeções para 2025, esperando dois cortes de 25 pontos-base ao longo do ano“, afirma o relatório. Essa cautela reflete a necessidade de monitorar a evolução da inflação e da atividade econômica, bem como os impactos das medidas que serão adotadas pelo novo governo norte-americano.
Além disso, as promessas de campanha do novo governo, que deve começar a implementá-las em janeiro, podem adicionar pressão inflacionária no médio prazo. A EQI Research avalia que tais medidas têm potencial para influenciar o ritmo de cortes de juros pelo Fed.
“Projetamos uma taxa terminal de juros mais elevada do que o inicialmente esperado, considerando uma inflação mais alta no médio e longo prazo“, aponta o relatório.
Por aqui, a EQI Research salienta que o cenário é ainda mais desafiador. A trajetória dos juros futuros, que já vinha em alta nos últimos meses, acelerou após o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, sinalizando mais dois aumentos de igual magnitude nas próximas reuniões. Essa postura mais agressiva, no entanto, não trouxe o efeito esperado.
“Mesmo com essa decisão, a curva de juros futuros subiu consideravelmente, enquanto o câmbio sofreu uma depreciação significativa“, destaca a EQI Research.
Esse comportamento evidencia o aumento do risco percebido em relação à situação fiscal do Brasil e à sustentabilidade de sua dívida pública. A inflação corrente, que deve encerrar 2024 em torno de 5%, continua a pressionar as expectativas para os próximos anos.
“Essa dinâmica reforça a necessidade de elevação das taxas de juros no país“, afirma o relatório.
Apesar do cenário inflacionário, a atividade econômica no Brasil tem surpreendido, com um mercado de trabalho que desacelera lentamente e um alto volume de benefícios pagos à população, fatores que sustentam o consumo das famílias e mantêm o crescimento do PIB acima do esperado. A EQI Research alerta, no entanto, que questões como a situação fiscal, a desvalorização cambial e as expectativas de inflação permanecem como os principais pontos de atenção do mercado.
Por fim, a EQI Research projeta que a taxa Selic encerre o ciclo de alta em 15,25% e permaneça nesse nível ao longo de 2025. “Esse patamar busca ancorar as expectativas de inflação e alinhar as projeções do Banco Central à meta de 3% no horizonte relevante“, conclui o relatório.
Como está a Alocação Recomendada para janeiro?
O relatório de Alocação Recomendada de janeiro da EQI Research avalia que as preocupações macroeconômicas que marcaram 2024 continuam a influenciar o mercado no início de 2025. O cenário de juros básicos elevados no Brasil segue como uma das principais causas de decepção, e a expectativa é de que o ambiente econômico permaneça desafiador até que governo e Congresso apresentem sinais concretos de comprometimento fiscal.
Apesar do contexto adverso, a EQI Research optou por não realizar mudanças em sua alocação macro neste início de ano.
“Após as movimentações de dezembro, que aumentaram a exposição ao exterior e reduziram a alocação em renda variável doméstica, mantemos a mesma estratégia para 2025“, destaca o relatório.
- Leia também: EQI Research sugere maior exposição no exterior na Alocação Recomendada de dezembro
- Live EQI Research: onde investir em 2025?
Alocação sugerida por perfil
Para o perfil conservador, a recomendação é de 85% em Renda Fixa, enquanto perfis moderados e arrojados possuem uma maior diversificação, com destaque para a exposição de 15% ao exterior em todos os casos.
A renda variável doméstica, composta por ações e fundos imobiliários (FIIs), varia de 5% a 35% dependendo do perfil de risco.

Ações: foco em papéis defensivos
A EQI Research reforça que, após ajustes realizados no final de 2024, manteve a composição da carteira de ações para o início de 2025.
“Buscamos papéis defensivos, que sofrem menos ou até mesmo se beneficiam do cenário de juros elevados e câmbio depreciado“, afirma o relatório.
Fundos Imobiliários: oportunidades em papéis e tijolos
No segmento de FIIs, a EQI Research identifica oportunidades atrativas em fundos de papel de baixo a médio risco, com garantias reais.
“Esses fundos devem se consolidar como porto seguro, enquanto os FIIs de tijolo continuam negociando a preços convidativos“, avalia. Entre os destaques estão os fundos $HGRU11 (híbrido) e $HGBS11 (shoppings), que se beneficiam de portfólios robustos e gestão de alta qualidade.
Além disso, os Fundos de Fundos (FOFs), embora mais voláteis, são recomendados para alocações táticas, dada sua correlação com o índice IFIX.
Renda Fixa: carrego atrativo e proteção
A Renda Fixa continua sendo o pilar principal para a alocação em 2025, com foco em títulos pós-fixados, que oferecem proteção contra deteriorações adicionais do cenário local e contribuem para a estabilidade das carteiras.
“Com o ciclo de alta da Selic, esses títulos continuam a oferecer rendimentos reais atrativos e menor volatilidade“, ressalta o relatório.
Os títulos atrelados à inflação (IPCA+) também são recomendados, especialmente na parte intermediária da curva, por combinarem boas taxas de carrego com menor risco em relação a vencimentos longos.
“Os pré-fixados seguem sendo interessantes para capturar oportunidades de ganhos caso o cenário doméstico melhore“, afirma a EQI Research, mas pondera que os prêmios de longo prazo não justificam o risco adicional.
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