O BTG Pactual (BPAC11) reforça sua recomendação de compra para as ações da Embraer (EMBR3) após a fabricante brasileira divulgar, nesta terça-feira (5), a apresentação dos resultados referentes ao segundo trimestre de 2025 (2TRI25). O preço-alvo é de R$ 94.
A receita líquida da companhia soma US$ 1,8 bilhão, alta de 22% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, com a entrega de 61 aeronaves — sendo 19 comerciais e 38 executivas. O EBIT ajustado alcança US$ 192 milhões, 49% acima da estimativa do BTG e cerca de 50% acima do consenso de mercado. O EBITDA ajustado chega a US$ 246 milhões, avanço de 23% sobre as projeções do banco, com margens de 11% e 14%, respectivamente — bem acima dos 7% e 11% esperados.
O lucro líquido reportado é de US$ 79 milhões, mas o lucro ajustado, após contabilizar efeitos não recorrentes, ficou em -US$ 5 milhões, impactado principalmente por impostos diferidos. Apesar disso, analistas destacam que os dados operacionais mostram um desempenho resiliente e em linha com o planejamento anual da companhia.
BTG: Embraer (EMBR3) tem lucratividade sólida
O banco também chama atenção para a lucratividade sólida em todas as divisões da Embraer. A aviação executiva se destaca com margem EBIT de 15%, superior aos 11% registrados no mesmo período do ano anterior. No segmento de serviços e suporte, a margem atinge 16%, ainda que levemente abaixo dos 17% registrados no 2TRI24, impactada por provisões de crédito e efeitos não recorrentes.
Em defesa e segurança, a margem sobe para 9%, revertendo perdas operacionais anteriores, impulsionada pelo aumento nas entregas de A-29 e KC-390 e por um mix mais favorável de contratos. Já a aviação comercial mantém margem de 4%, mesmo patamar de um ano atrás, com recuperação frente ao desempenho negativo do primeiro trimestre.
A queima de caixa ajustada, desconsiderando os efeitos da Eve, foi negativa em US$ 162 milhões, mas bem inferior aos US$ 386 milhões do trimestre anterior. O resultado foi impactado por um aumento no capital de giro de US$ 312 milhões, refletindo a preparação para um maior volume de entregas no segundo semestre. A dívida líquida ajustada subiu para US$ 689 milhões, com alavancagem de 0,7 vez sobre o EBITDA ajustado — ainda considerada saudável pelo mercado.
Guidance mantido
A companhia manteve seu guidance para 2025 e encerrou o trimestre com uma carteira de pedidos recorde de US$ 29,7 bilhões. A Embraer também voltou a remunerar seus acionistas: pagou R$ 9 milhões em dividendos no segundo trimestre do ano, aprovou mais R$ 51 milhões para o exercício de 2024 e declarou R$ 143 milhões em juros sobre capital próprio em abril. A companhia também sinaliza que pretende, a partir de agora, explorar benefícios fiscais com pagamentos trimestrais de JCP, complementando-os com dividendos adicionais, se necessário, para atingir o mínimo legal de 25% do lucro líquido.
Com 44% do EBIT anual já entregue no primeiro semestre, o BTG avalia que a Embraer está no caminho para cumprir seu guidance, considerando a maior concentração de entregas no segundo semestre. O banco projeta a continuidade do bom momento operacional nos próximos trimestres, sustentado por demanda global aquecida nas divisões comercial, executiva e de defesa.