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ETFs: vale a pena investir?

ETFs: vale a pena investir?

Imagine poder investir na bolsa arriscando um pouco, mas sem arriscar demais. O mercado de ETF já é muito conhecido e desenvolvido em países como Estados Unidos e Canadá. No Brasil, só foi regulamentado em 2002, mas apenas nos últimos anos passou a ganhar mais relevância na carteira dos investidores. 

Vamos tirar as principais dúvidas sobre essa espécie de atalho para investir na bolsa.

O que é ETF

ETF (Exchange Traded Funds) são um conjunto de ações composto por empresas com ações na bolsa e que representam algum índice. Não entendeu? Bem, em resumo, ETFs são fundos de investimento, isto é, uma espécie de “condomínio” de pessoas que visam investir o seu capital em conjunto. Porém, eles têm algumas diferenças fundamentais que os distinguem dos fundos mais tradicionais.

A primeira delas é que os ETFs estão sempre ligados a índices de referência, conhecidos como subjacentes. Na prática, isso quer dizer que o gestor de algum desses fundos adotará alguma estratégia de ação de modo a replicar a do indicador de referência, isto é, ajustar a composição do ETF de uma maneira em que ele possua a mesma aparência que o índice em questão e que, por consequência, entregue resultados muito semelhantes ao dele.

Digamos que no mercado de ações você comprou o BOVA11. Isso quer dizer que o fundo em que você investiu seguirá o movimento do índice Bovespa. Se o índice cair ou subir, o conjunto das ações que compõem o seu ETF seguirá esse movimento. Esse movimento acontece, pois o papel do gestor do fundo, nesse caso, será o de alocar os investimentos financeiros nas mesmas ações e na mesma proporção que constam na carteira do índice.

Em segundo lugar, a negociação do ETF é feita no pregão da bolsa de valores da mesma forma que é feita a negociação de ações. Então, você pode comprar e vender ETF da mesma forma como faz com as suas ações, através das plataformas de investimento. Para tanto, basta digitar o código do ETF e indicar o valor que você deseja realizar a operação.

O desempenho desse fundo oscilará respondendo à oferta e à demanda pelas cotas no mercado, além, é claro, da já mencionada performance das ações que fazem parte do ETF.

De acordo com um estudo conduzido pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) em 2019, os ETFs já estão presentes no mercado internacional desde o início da década de 1990, destacando-se a proeminência dos mercados de países como Estados Unidos e Canadá.

Já no Brasil, esse tipo de produto de investimento teve sua regulamentação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) somente em 2002, tendo sido o primeiro ETF, o PIBB11, lançado somente em 2004.

O PIBB11 (Papéis de Índice Brasil Bovespa) tem como referência o IBrX-50, índice formado pelas 50 ações mais negociadas e representativas da bolsa brasileira. Ele foi criado para estimular o acesso dos pequenos investidores ao mercado de ações e é atualmente administrado pelo Itaú.

Segundo o Investment Company Institute (2022), o mercado global movimentou em 2021 cerca de US$ 7,2 trilhões alocados em ETFS, sendo que o mercado norte-americano representa 71% deste volume; a Europa, 15%; a Ásia, 11%; e o resto do mundo, apenas 3%.

Para se ter uma noção, no Brasil, em 2018, o volume de recursos investidos em ETFs era de cerca de R$ 7 bilhões, representando somente 0,2% do montante investido em fundos de investimento no país, de acordo com dados obtidos pela FGV.

Apesar disso, no mercado brasileiro, o interesse por esse tipo de investimento vem crescendo, e, nos últimos anos, uma série de novos ETFs foram lançados. Em 2018, havia no país somente 15 ETFs, sendo todos de renda variável e nenhum de renda fixa. Atualmente, existem 79 ETFs de renda variável e 9 ETFs de renda fixa negociados na bolsa de valores brasileira, a B3.

Muitos desses fundos de renda variável estão referenciados em índices como Ibovespa, Índice de Governança Corporativa (IGC), Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), Índice de Dividendos (IDIV) e até S&P 500, um dos principais índices do mercado americano de ações. Já os ETFs de renda fixa estão geralmente associados ao IMA-B, que acompanha o desempenho de títulos públicos atrelados à inflação. 

ETF vale a pena

Dizer se um investimento vale a pena não é uma ciência exata. Cabe a cada investidor obter conhecimento sobre o mercado financeiro e analisar se determinado investimento entra como uma boa estratégia para a sua carteira.

Em termos de rentabilidade, a lógica será muito semelhante à do índice, conforme apontado acima: se ele subir ou cair, seu ETF seguirá o mesmo caminho.

Ao contrário das ações, o ETF possui uma taxa a ser paga para o gestor do fundo. Apesar de não ser tão alta, essa taxa é o “pagamento” pelo serviço de atualizar a composição do ETF de acordo com o índice.

Além disso, existe outro motivo para que o seu ETF não devolva a mesma rentabilidade do índice e que diz respeito às operações em si feitas no ETF.

O gestor de um determinado fundo pode ter dificuldade para replicar exatamente a composição do índice de referência em determinados momentos. Isso acontece em função de algumas circunstâncias específicas, como uma redução da liquidez dos papéis que deveria ter na carteira ou variações abruptas que possam ocorrer no mercado. Com isso, a rentabilidade do ETF pode acabar ficando ligeiramente diferente do indicador. Contudo, isso não é nada que deva gerar dor de cabeça aos investidores, dado que essas diferenças são circunstanciais.

Vejamos algumas das principais vantagens que os ETFs oferecem aos investidores.

  • Menores corretagens em relação à compra direta de ativos financeiros;
  • É possível reproduzir índices do mercado com um único ETF, em vez de comprar todos os ativos que o compõem;
  • Negociação em bolsa de valores, o que pode propiciar alto nível de liquidez ao produto.
  • Menores custos em relação aos fundos de investimento. A maioria dos ETFs é passiva, evitando os custos da gestão ativa.

Além disso, a alta liquidez, as taxas baixas, a transparência e o potencial benefício tributário, além da ampla variedade de ofertas, faz com que a base de investidores em ETFs venha crescendo globalmente.

Para quem está começando a investir, um ETF pode ser uma boa escolha. Isso porque ele acaba sendo uma forma de deixar a carteira diversificada em várias empresas com um único movimento através do home broker. À medida que você tiver recursos maiores e mais conhecimento, terá acesso a fundos mais interessantes, uma vez que muitos fundos têm uma exigência de investimento mínimo maior.

Principais ETFs do mercado brasileiro

BOVA11

O BOVA11 é o Exchange Traded Fund que está indexado no Ibovespa, o principal índice de ações do mercado brasileiro. Tendo sido lançado em 2008, atualmente, são mais de R$ 145 milhões de cotas disponíveis para negociação. O fundo é composto por ações de empresas que correspondem a mais de 80% do volume de negociações da bolsa.

Ao comprar o BOVA11, você está investindo em 94 ativos simultaneamente (atualizado em novembro de 2022). A composição desse índice muda a cada quatro meses. A cotação desse ETF em 21 de novembro de 2022 está em 106,08, e a taxa de administração, de 0,3% ao ano.

IVVB11

Esse é outro ETF muito procurado, pois acompanha um índice norte-americano S&P 500, cujas operações alocam recursos nas 500 maiores empresas dos Estados Unidos. Fazem parte da composição algumas das maiores companhias do mundo, como Facebook, Amazon, Microsoft, Apple, Google, entre outras. É um queridinho dos investidores brasileiros por ser uma forma fácil de ter contato com investimentos internacionais sem precisar se expor aos trâmites de abrir uma conta em um país estrangeiro. Na prática, o IVVB11 é um ETF no Brasil que investe no ETF norte-americano IVV.

A contrapartida desse investimento é a taxa. Além da taxa de administração de 0,24% ao ano da IVVB11, você também terá que arcar com a taxa de administração de 0,04% da IVV.  Na atualização de 21 de novembro de 2022, o IVVB11 fechou em 231,40.

HASH11

Trata-se do primeiro ETF de cripto no Brasil listado na B3. Foi criado em 2021 pela empresa Hashdex, que começou suas operações em 2017. Com a Nasdaq, a Hashdex criou um índice chamado NCI (Nasdaq Crypto Index), seguido pelo ETF HASH11.

Majoritariamente, esse fundo é composto por Bitcoin (cerca de 64%) e Ethereum (cerca de 33%), além de outros ativos com menos de 1% cada um. Uma vantagem é que o HASH11 faz um rebalanceamento automático trimestral, e você pagará a taxa de administração de 1,3%, que inclui 0,3% do HASH11 + 1,0% do master offshore. No dia 22 de novembro de 2022, a cota desse ETF está em R$ 15,29.

DEBB11

O DEBB11 é um ETF de debênture, sendo o primeiro fundo desse tipo de crédito privado do país. Ele replica o Índice Teva Debêntures DI, cujo objetivo é medir o retorno de um investimento por meio de uma carteira teórica rebalanceada mensalmente e ponderada pelo valor de mercado das debêntures.

O índice utiliza os seguintes parâmetros:

  • Debêntures com emissão superior a R$ 300 milhões;
  • Volume mensal de negociação igual ou superior a R$ 10 milhões;
  • Possuir no mínimo 40% de presença em dias de negociação.

É também uma boa opção, pois se trata de uma forma de obter índice com ativos emitidos por companhias com bom acesso ao mercado de capitais, normalmente de grande porte e cujas emissões contam com boa liquidez e negociações frequentes no mercado. Tenha sempre em mente quais são os melhores investimentos em 2022.

QBTC11

Esse ETF, também conhecido como QR Bitcoin, é o primeiro ETF latino-americano a investir exclusivamente na criptomoeda Bitcoin.

Ele acompanha o indexador CME CF Bitcoin Reference Rate, a referência para a variação diária do preço do Bitcoin em dólares americanos. O QBTC11 tem a obrigação de investir pelo menos 95% do seu patrimônio em ativos relacionados ao índice de referência, e os 5% restantes podem ser aplicados em outros ativos financeiros. Na atualização do dia 22 de novembro de 2022, o valor da cota estava em R$ 5,58.

Diferença entre ETFs e fundos de investimento tradicionais

Conforme apontado anteriormente, um ETF é um fundo de investimento. A diferença está no tipo de gestão.

Tipicamente, o ETF é um fundo de índice, o que significa que a gestão será do tipo passiva. Como os índices em geral são montados e revisados periodicamente, além de ficarem abertos ao público, para um gestor administrar um fundo ETF, ele precisa ter uma equipe de administração mais simples, encarregada apenas de comprar ações na mesma proporção que representa aquele índice, sem precisar fazer grandes pesquisas ou outros serviços, como calcular a rentabilidade. Por essa razão, o custo de administração do fundo é mais baixo.

Quando falamos em fundo de ações, a estratégia passa a ser ativa. O gestor de um fundo desse tipo selecionará as ações de acordo com o que ele acredita, das perspectivas que ele tem do mercado e da economia. Nesses casos, o sucesso do fundo está muito atrelado à capacidade de pesquisa da equipe, custando caro, logo, as taxas de administração também costumam ser mais caras. É claro que o resultado esperado de um fundo de ações que tenha sucesso é maior do que o de um ETF.

O investimento em um fundo de ações normalmente ocorre através de uma plataforma de investimentos, não necessariamente do home broker. Nesses casos, você tem o valor na sua conta, seleciona o fundo e direciona o valor e não tem negociação com outro investidor.

Como escolher em qual investir?

A escolha do investimento certo, segundo o head de Produtos da EQI Internacional, Rodrigo Samaia, passa pela clareza sobre o objetivo, prazo para atingi-lo e tolerância ao risco do investidor. 

Em um segundo momento, de acordo com ele, o investidor deve observar a alocação estrutural entre as classes de ativos e, posteriormente, os produtos que podem ser utilizados para atingir este objetivo.

Para quem é recomendado?

Rodrigo Samaia reforça que esse tipo de investimento pode ser uma alternativa para todo perfil de investidor. Isso porque, ele é apenas o veículo, o que é importante é onde ele investe. 

“Dependendo, pode ser composto por ativos de Renda Fixa mais seguros do mundo, como títulos do governo americano, até um focado em empresas de tecnologia na Ásia, muito mais arriscado”, observa.

Contudo, o profissional insiste na importância de o investidor conhecer bem o seu perfil antes de comprar qualquer classe de ativo. “Tem uma frase que diz que se você não se conhece, o mercado financeiro é o local mais caro para fazê-lo”. 

Qual o risco?

Para o head da EQI Internacional, a maior parte do retorno vem da alocação, e não do stock picking. Ele explica que investir é mais sobre estar na classe certa na hora certa em vez de selecionar um ativo dentro de uma classe. 

“O investidor consegue, de forma simples, se expor a uma classe de ativos e eliminar um determinado risco específico”, reitera.

Desvantagens

Por outro lado, esses fundos também apresentam algumas desvantagens:

Liquidez

Apesar de serem negociados na bolsa, nem sempre é tão fácil vender as cotas. O motivo é que o volume de negociação desses fundos ainda é pequeno se comparado a outros ativos.

Assim, em alguns momentos, isso pode prejudicar a liquidez desses investimentos.

Tributação 

Diferentemente das ações, esses investimentos não possuem isenção de imposto de renda para as vendas abaixo de R$ 20 mil. Nesse sentido, eles seguem as regras dos fundos de índices, ou seja, sua alíquota é de 15% sobre o lucro da operação.

Dividendo 

Para quem não investia por não pagar dividendos, agora existe uma novidade lançada pela B3 (B3SA3) em janeiro de 2023, que autorizou a listagem e a negociação de ETFs que pagam dividendos de ações locais e internacionais.

Os dividendos poderão ser distribuídos, no mínimo, de forma mensal, respeitando a periodicidade e a política estabelecida no regulamento do fundo. 

Sobre a tributação, esses proventos terão a incidência do Imposto de Renda de 15% sobre os ganhos. 

Qual valor mínimo para investir?

Atualmente, há no mercado cotas a partir de R$ 100.

Em 2020, houve modificações nas regras, que diminuíram o volume inicial exigido para a negociação. Nesse sentido, o lote mínimo passou de dez para uma unidade, o que torna o investimento mais acessível para o público em geral.

Ao adquirir um ETF, é como se o investidor negociasse vários ativos por meio de uma só operação. Então, os custos operacionais desse investimento, como taxas de corretagem, são menores se comparados à compra de várias ações, por exemplo.

Além disso, esse tipo de investimento possuem uma gestão passiva, o que reduz a taxa cobrada pelo gerenciamento dos ativos desses fundos.