A Klabin (KLBN11) divulgou na terça-feira (5) os resultados do segundo trimestre de 2025 (2TRI25), evidenciando resiliência em meio a um cenário global ainda adverso para o setor de papel e celulose. Com lucro líquido de R$ 585 milhões — alta de 86% frente aos R$ 315 milhões registrados no mesmo período do ano passado — a companhia reforça seu perfil defensivo e mantém sua atratividade na carteira de dividendos, segundo análise de João Zanott, da EQI Research.
Lucro da Klabin: Resultados sólidos em um ambiente desafiador
Apesar do ambiente de preços pressionados, especialmente para a celulose de fibra curta, a Klabin entregou uma receita líquida ligeiramente acima do consenso de mercado. O desempenho foi impulsionado principalmente por volumes maiores de vendas e pela desvalorização do real frente ao dólar, que ajudaram a compensar a queda nos preços internacionais.
Um dos principais destaques positivos foi o aumento da participação da celulose fluff na composição da receita. Por ser usada em produtos de higiene pessoal como fraldas e absorventes, a celulose fluff possui preços historicamente mais resilientes, o que contribuiu para suavizar os impactos negativos do ciclo desfavorável da commodity.
Houve também crescimento no volume de vendas de fibra curta, além de uma leve recuperação trimestral dos preços da celulose em dólar. Ainda assim, na comparação anual, os preços da celulose de fibra curta seguem em queda expressiva — mais de 20% — refletindo o excesso de oferta no mercado global.
Klabin: Pressão nos custos e ajuste tático da produção
Se por um lado o volume e o câmbio trouxeram alívio à receita, o custo caixa de produção pesou negativamente sobre os resultados. O aumento do custo de aquisição de madeira foi o principal fator de pressão, resultado de um maior uso de madeira comprada no mercado spot, problemas logísticos provocados pelo excesso de chuvas nas regiões operacionais e parada programada da planta de ácido sulfúrico.
A elevação no preço de insumos químicos, como clorato e soda cáustica, também contribuiu para o aumento dos custos operacionais.
Como resposta ao cenário desafiador, a Klabin optou por hibernar temporariamente a máquina de papel reciclado MP29, na unidade de Paulínia. A medida faz parte da estratégia da companhia de ajustar sua produção de forma tática, priorizando operações mais rentáveis conforme a demanda de mercado.
Menor alavancagem e dividendos reforçados
A trajetória de desalavancagem da companhia segue como um pilar fundamental da tese de investimento em Klabin. Apesar de a dívida em dólares ter permanecido relativamente estável, a valorização do real contribuiu para a redução do endividamento em reais. No trimestre, a geração de caixa livre ajustada foi de R$ 513 milhões — o que, se anualizado, representa um yield de aproximadamente 9%, um número bastante atrativo segundo Zanott.
Esse cenário permite à companhia não apenas sustentar investimentos, mas também reforçar sua política de remuneração ao acionista. Prova disso é o anúncio, feito junto ao resultado trimestral, de um novo pagamento de dividendos no valor de R$ 306 milhões. As ações passarão a ser negociadas “ex-dividendos” a partir de 11 de agosto, com pagamento previsto para o dia 19 do mesmo mês.
Klabin: uma ação defensiva com bom potencial de retorno
Na avaliação da EQI Research, a Klabin mantém-se como uma das principais posições na carteira de ações voltadas para dividendos. Com operação verticalizada, menor exposição ao ciclo da celulose que suas concorrentes e valuation considerado atrativo — negociando abaixo da média histórica de 6,5x EV/EBITDA — a empresa se destaca como uma opção defensiva com perspectiva de aumento nos proventos nos próximos trimestres.
Mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador, Klabin mostra capacidade de adaptação, geração consistente de caixa e foco na rentabilidade — combinação que a coloca no radar dos investidores que buscam estabilidade e retorno via dividendos no longo prazo.