À medida que o ano se aproxima do fim, muitos investidores buscam ajustar suas carteiras para aproveitar as oportunidades e mitigar riscos. Mas afinal, como investir na reta final do ano?
Segundo Carolina Borges, head e analista de FIIs da EQI Research, ainda há muita incerteza no mercado, especialmente com as eleições nos EUA. Ela comenta: “Enquanto os EUA cortam juros, o Brasil aumenta, o que dificulta a alocação de recursos por aqui”.
Em meio a esse cenário, Carolina sugere que o investimento no exterior seja considerado por todos os perfis de investidores, pois oscilações menores e a valorização do dólar tornam esse tipo de investimento mais seguro do que em real.
Confira a seguir as melhores estratégias de alocação para diferentes perfis de investidor, assim como os principais setores e tipos de investimentos para se atentar na reta final do ano.
Perfil de investidor
Para escolher o que pode ser adequado para investir na reta final do ano, é essencial entender seu perfil de investidor. Isso influencia diretamente o nível de risco que você está disposto a assumir e, consequentemente, quais ativos devem ter maior peso em sua carteira.
A seguir, detalhamos as melhores alocações de ativos para perfis conservadores, moderados e arrojados, de acordo com indicações da EQI Research:
- Perfil conservador: Investidores com esse perfil buscam segurança e priorizam a preservação do capital. Aqui, é ideal apostar em títulos pós-fixados (59%), que oferecem liquidez e acompanham a taxa de juros. Também há espaço para títulos IPCA+ (22%) para proteção contra a inflação e uma pequena exposição ao mercado externo (10%) para diversificação. Investimentos pré-fixados (9%) podem ser interessantes em um cenário de possível queda de juros.
- Perfil moderado: Esse investidor aceita um pouco mais de risco para buscar retornos maiores. A alocação em IPCA+ (28%) e pós-fixados (26%) continua importante, mas há maior exposição em fundos imobiliários (20%) e investimentos no exterior (10%). As ações (5%) entram na carteira de forma modesta, enquanto os pré-fixados (11%) ganham destaque em um possível ciclo de queda de juros.
- Perfil arrojado: Para quem busca maximizar os ganhos, assumindo mais risco, a diversificação é a chave. Ações (15%) têm um peso maior, assim como fundos imobiliários (20%) e IPCA+ (25%). Os títulos pós-fixados (16%) e pré-fixados (14%) seguem na carteira, mas o foco principal são investimentos com maior potencial de valorização.
Renda Fixa
Os investimentos em renda fixa seguem sendo uma escolha sólida, especialmente no atual cenário de alta de juros no Brasil. Veja como diferentes tipos de títulos podem se comportar em 2024 e em quais compensa investir na reta final do ano:
- Pós-fixados: São ótimos para quem busca liquidez. Com a alta dos juros, os rendimentos nominais tendem a aumentar, fazendo com que esses títulos se tornem uma boa opção para quem quer manter uma carteira de baixo risco e com pouca volatilidade.
- Pré-fixados: Investir em títulos de prazo intermediário pode ser uma estratégia interessante, principalmente se houver uma expectativa de queda nos juros no futuro. O prêmio oferecido agora pode gerar bons retornos.
- IPCA+: Esses títulos oferecem proteção contra a inflação, garantindo um rendimento real. A volatilidade tende a ser maior em títulos de prazos longos, por isso, os de prazos curtos e intermediários são mais recomendados, pois possuem taxas bastante atrativas.

Renda Variável
Os investimentos em renda variável são ideais para investidores que aceitam mais riscos em troca de maiores retornos. Diferente da renda fixa, onde os rendimentos são mais previsíveis, a renda variável pode apresentar volatilidade. No entanto, ela é fundamental para o crescimento de uma carteira a longo prazo. Entre as opções de renda variável, as ações de setores defensivos ganham destaque, como bancos, petróleo e eletricidade.
Ações
Em tempos de incerteza, reforçar a exposição em ações mais defensivas é uma estratégia inteligente, aponta Carolina Borges. Isso inclui setores que costumam ser mais resilientes em crises econômicas, como:
- Bancos: Setor com alta rentabilidade e bom pagamento de dividendos, especialmente com bancos sólidos como Banco do Brasil ($BBAS3) e Itaú ($ITUB3; $ITUB4);
- Petróleo: Com a Petrobras ($PETR3 ; $PETR4) em uma posição de destaque, o setor de petróleo é atrativo devido à oferta limitada e à demanda constante no cenário global;
- Eletricidade: O setor elétrico, em especial transmissão e distribuição, oferece boa previsibilidade de receitas e pode ser um porto seguro em tempos de volatilidade.
Setores de investimento
Para investir na reta final do ano, é fundamental observar o desempenho de diferentes setores econômicos e como alocá-los estrategicamente na carteira. Saiba a agora quais são as recomendações da EQI Research.
O setor de consumo básico, como o de supermercados, enfrenta desafios com a alta nos preços dos alimentos e aumento da concorrência. Empresas muito alavancadas podem sofrer, mas companhias com melhor estrutura operacional ainda possuem potencial de crescimento.
Já no consumo discricionário, o aumento dos juros impacta diretamente as varejistas, principalmente as de moda, que dependem fortemente de crédito. Embora a Renner ($LREN3) tenha uma estrutura mais sólida, o ambiente competitivo e o endividamento das famílias devem frear o crescimento no curto prazo. Ainda assim, as varejistas voltadas para o público de alta renda tendem a ser mais resilientes.
No setor bancário, Banco do Brasil e Itaú se destacam pela alta rentabilidade e pelo crescimento de suas carteiras de crédito. São boas opções para investidores que buscam bons dividendos e expansão de múltiplos. Já Bradesco ($BBDC3; $BBDC4) e Santander ($SANB3; $SANB4; $SANB11) enfrentam desafios maiores, como a recuperação da rentabilidade e a reconquista da confiança do mercado.
O setor de utilidades, que abrange saneamento, transmissão e distribuição de energia, também merece atenção. No saneamento, a privatização da Sabesp ($SBSP3) impulsiona o setor, enquanto a transmissão enfrenta um cenário desafiador, com a alta dos juros prejudicando a valoração dessas empresas. No entanto, o segmento de distribuição de energia oferece perspectivas positivas de crescimento orgânico e boas oportunidades de investimento, com empresas como Equatorial ($EQTL3)e Copel ($CPLE6) mostrando valuations atrativos.
O setor de geração de energia tem potencial de crescimento, especialmente devido à escalada nos preços de energia, impulsionada por uma perspectiva de chuvas abaixo da média e o acionamento das térmicas. Empresas como Eletrobras ($ELET3; $ELET6), Copel e Eneva ($ENEV3) estão bem posicionadas para se beneficiar dessa situação.
No segmento de petróleo, a Petrobras continua sendo uma das apostas mais seguras, com uma forte geração de caixa e boas perspectivas de desempenho tanto no mercado local quanto internacional. O setor de siderurgia e mineração depende da eficácia dos estímulos anunciados pelo governo chinês, que podem melhorar a percepção do mercado sobre essas empresas. No entanto, ainda há incerteza sobre a efetividade dessas medidas no longo prazo.
O setor agropecuário também se mostra promissor, embora o impacto de eventos recentes, como as queimadas no Brasil, deva ser monitorado de perto. No mercado de proteínas, o setor de frango continua aquecido, mas a carne bovina, especialmente da América do Sul, deve continuar a se beneficiar de uma maior oferta de animais para abate em comparação aos Estados Unidos.
Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs)
Há boas oportunidades em diversos subsegmentos dos fundos imobiliários de tijolo, já que o desempenho operacional desses FIIs tem se mantido estável e sem grandes surpresas.
No entanto, é necessário cautela na alocação, pois algumas teses de investimento podem demorar mais para maturar.
Um dos principais riscos para os FIIs de tijolo está relacionado a situações de alavancagem ou ao descasamento entre indexadores de receitas e despesas, o que pode ser mais prejudicial do que vacâncias pontuais em bons imóveis.
Em termos de desempenho anual, o setor de lajes corporativas apresentou uma queda de 8,65%, seguido pelos fundos de fundos (FOFs), que caíram 5,54%, e o setor de shoppings, com recuo de 3,45%.
Os galpões logísticos, por outro lado, estão quase estáveis, com uma leve queda de 0,39%. Segundo a analista Carolina Borges, “os galpões costumam ter contratos mais longos, indexados ao IPCA, o que garante um crescimento de receita alinhado com a inflação”.
Em contrapartida, os fundos de papel, que investem em CRIs e outros ativos de renda fixa, estão com um desempenho positivo, subindo 3,61% neste ano. Carolina Borges acrescenta: “A maior parte dos fundos de papel com boas carteiras de crédito está entregando resultados acima desse percentual no acumulado do ano.”
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