O economista-chefe da EQI Investimentos, Stephan Kautz, analisa o cenário econômico brasileiro e suas implicações para as oportunidades para 2026. Segundo ele, o crescimento do PIB deve se manter próximo de 5%, mas uma desaceleração mais consistente ajudaria o Banco Central a controlar a inflação.
“Deveríamos desacelerar um pouquinho projetado para o ano que vem para ajudar o Banco Central nessa expectativa de realmente fazer uma desaceleração da inflação mais sustentável”, afirmou Kautz.
O especialista destacou que o cenário fiscal continua sendo um fator de risco, com despesas públicas subindo e déficit previsto de 0,35% neste ano, podendo chegar a 0,50% em 2026. Um desafio adicional é o financiamento do Correios, que precisaria de R$ 20 bilhões, podendo impactar tanto o resultado primário quanto a dívida pública, dependendo da forma como o governo conduzir a operação.
Selic e juros altos: por que o Brasil ainda precisa de cautela
Para Kautz, embora haja espaço para cortes graduais da taxa Selic, os juros ainda permanecem elevados devido aos riscos fiscais e às políticas de crédito direcionado. “A Selic provavelmente poderia ir para mais baixo, talvez 10%, mas por causa do fiscal expansionista, vemos 12,5% como patamar consistente para a economia”, explicou.
Ele também ressaltou que aproximadamente metade do crédito no Brasil é direcionado, reduzindo o efeito da Selic sobre o custo médio do crédito. “Se você precisa subir um ponto a Selic, tem que subir quase 1,5 ponto para ter o mesmo efeito na inflação”, disse.
Diversificação e estratégias de investimento
Para quem busca oportunidades para 2026, a diversificação será essencial. No mercado de ações, os aportes recentes vieram majoritariamente de estrangeiros, aproveitando o real valorizado e a bolsa relativamente barata, enquanto investidores locais permanecem pouco alocados.
“Se a bolsa continuar subindo e a eleição trouxer mudança de governo, provavelmente teremos uma rodada grande de compra de fundos e institucionais, além do próprio investidor pessoa física”, afirmou.
Kautz também destacou o setor de inteligência artificial, aconselhando cautela com empresas de chips. “Não é que você vai perder o dinheiro, mas ele talvez não dê o retorno que o preço da ação sugere hoje”, disse. Alternativas, como energia e infraestrutura de data centers, podem oferecer exposição ao crescimento da IA de forma mais segura.
O economista reforça também a importância de manter cerca de 30% do patrimônio em ativos internacionais, em dólar ou outras moedas fortes. Sobre a moeda americana, ele projeta que a volatilidade será a característica principal em 2026, influenciada tanto por fatores externos quanto pelas eleições no Brasil.
“O dólar provavelmente terá muito mais volatilidade do que direção. Uma hora vai para 5,45-5,50, depois pode voltar para 5,20 ou 5,30”, explicou.
Terras raras e lítio: desafios ambientais e geopolíticos
Outro tema destacado foi a relevância das terras raras e do lítio, essenciais para a tecnologia e a eletrificação global. Kautz citou o livro The War Below, de Ernest Schider, que aborda a complexidade da extração desses minerais, impactos ambientais e a disputa geopolítica, especialmente da China.
“Você quer eletrificar o mundo, mas o efeito talvez não seja tão limpo assim; há uma questão ambiental significativa, especialmente na China”, afirmou.
O debate sobre como explorar esses recursos de maneira sustentável também deve se intensificar no Brasil, dada a presença significativa de minerais estratégicos no território nacional.
Riscos e oportunidades para 2026
O cenário econômico combina desafios e oportunidades. A desaceleração econômica e os riscos fiscais exigem cautela, mas a bolsa brasileira, setores estratégicos como inteligência artificial e a diversificação internacional oferecem caminhos de valorização.
Além disso, temas globais, como terras raras, lítio e a infraestrutura necessária para a eletrificação, representam novas fronteiras de investimento com potencial de crescimento de longo prazo.
Como destaca Kautz, a chave está na diversificação e no olhar atento aos riscos: “O cenário é desafiador, mas também oferece oportunidades claras para quem souber equilibrar prudência e estratégia”.
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