Onde estão os melhores investimentos em outubro? Apesar dos indicadores econômicos e notícias que mostram que a economia brasileira está dando sinais de recuperação, o mundo vive um cenário desafiador com o aumento de taxas de juros.
E como isso pode impactar o Brasil? Como os investidores devem ajustar a carteira?
Para responder a isso, Denys Wiese, head de renda fixa da EQI Investimentos comandou o EQI Talks sobre o tema: O Brasil está imune à crise mundial?
Acompanhe agora os insights sobre os cenários econômicos no país e no mundo e as melhores oportunidades de investimentos em outubro ajustadas a cada um deles.
Eleições 2022: como fica o Brasil?
Não há como falar de investimentos em outubro sem citar as eleições. Para compreender o impacto das urnas junto ao mercado neste segundo turno, Denys Wiese, head de renda fixa da EQI, analisa as propostas de governo dos candidatos Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.
“Nunca vimos dois candidatos tão antagônicos em termos de propostas: Bolsonaro trabalha com maior liberdade econômica e tem como motor do desenvolvimento o empreendedorismo e a liberdade individual. Por outro lado, Lula defende que esse motor seja sustentado pelo estado”, resume o head da EQI.
Na visão de Wiese, o mercado financeiro como um todo, prefere a agenda mais reformista, com menor intervenção estatal, maior liberdade econômica, menos burocrática e com menos regulamentação.
“Dessa forma, o plano de governo mais alinhado a isso seria o bolsonarista. Contudo, o mercado também tem aceitado bem a possibilidade de eleição do candidato Lula, apostando que ele não deve conseguir colocar em prática o seu plano de governo devido à composição da Câmara e do Senado. Além disso, a expectativa é de que ele deve tocar uma agenda de reformas semelhante ao que já está sendo precificado”, acrescenta Wiese.
- Saiba mais: eleições presidenciais 2022: possibilidades políticas e investimentos. Confira a análise.
Nova Câmara e Senado são peças-chaves para a aprovação de uma agenda liberal
Para ele, a aposta que o mercado tem feito de dificuldade de cumprimento das propostas do candidato petista se confirmou com o resultado das urnas no primeiro turno, a partir da divisão entre Deputados e Senadores que foram eleitos.
Eleições 2022: nova composição da Câmara dos Deputados
“A nova composição de parlamentares mostra um aumento do percentual de conservadores, uma manutenção dos centristas e uma diminuição do percentual da esquerda. Sendo assim, a Câmara dos Deputados estará mais conservadora que antes. Por isso, que as ideias consideradas mais ‘extremistas’ terão muita dificuldade em tramitar”, aponta.
Eleições 2022: nova composição do Senado
Ainda de acordo com Wiese, no Senado, há uma grande mudança. “De 31% de parlamentares conservadores, o número passou para 44%. Eram 41% centristas, passando para 40%. Já os esquerdistas diminuíram de 18% para 16%. O mercado financeiro reagiu muito bem a isso”, informa.
Cenário macro eleitoral 2022 definido em outubro
Acompanhe os insights a partir do primeiro turno, de acordo com Wiese.
- Bolsonaro acelerou muito na reta final e chega em uma crescente para o segundo turno;
- Romeu Zema, governador reeleito de Minas Gerais, é peça chave para o segundo turno;
- Congresso: o grande destaque do primeiro turno foi a nova composição de centro-direita;
- Lula, se levar, terá o congresso mais difícil dentre todos seus mandatos com oposição forte;
- Bolsonaro, caso se reeleja, terá um mandato mais fácil, pois tem bancada suficiente para bancar a presidência do Senado;
- As expectativas agora são de uma grande “dança das cadeiras” do ‘Centrão’, que pode definir a eleição de 2022.
Cenário macroeconômico no mundo
Acompanhe os principais insights:
- O FED – Sistema de Reserva Federal americano – tem adotado uma postura bastante “hawkish” – mais austero -, após a alta de 0,75 p.p na taxa de juros do país, em setembro, elevando-a para 3-3,25% a.a;
- As projeções indicam que o início de uma queda de juros nos EUA ficará para final de 2023, ou início de 2024;
- Até lá, teremos um efeito recessivo forte, com tendência de baixa nos ativos de risco.
Cenário macroeconômico no Brasil para outubro
- Em setembro, vimos o encerramento do ciclo de alta da taxa Selic, em 13,75% a.a. Na ata do Copom, o tom foi austero, indicando que se necessário existirão novas altas;
- Em outubro teremos eleições, que determinarão o futuro da política econômica;
- O mercado parece não se importar, pois acredita que nenhum dos dois candidatos trará grandes mudanças.
“Brasil é a ‘bola da vez’”, com melhora de indicadores econômicos
- Em 2022, o PIB vem surpreendendo positivamente. Para 2023, é esperado um PIB “bem modesto em decorrência dos juros altos que estão sendo praticados atualmente;
- As expectativas de inflação seguem em queda, trazendo o provável fim do ciclo de alta da Selic;
- Porém, na ata do Copom ficou claro que, se precisar, haverá novos aumentos;
- A Selic encerrou seu ciclo de alta em setembro, mesmo com a inflação de 2023 fora da meta;
- O fluxo de estrangeiros entrando no Brasil é alto, o que segura a cotação do dólar.
Expectativas Câmbio: relatório Focus
Expectativa Selic: relatório Focus
Juros em alta, dólar forte e recessão à vista
- Em setembro, o Fed aumentou a taxa básica de juros em 0,75 bps, atingindo agora entre 3 a 3,25% a.a;
- Com os juros americanos cada vez mais altos, o dólar tem se fortalecido perante outras moedas.
- A alta dos juros está provocando uma recessão nos EUA;
- E a expectativa de recessão jogou o preço das commodities para baixo;
- Até os juros americanos não começarem a cair, os mercados (ações, bonds, commodities) continuarão pressionados.
Como a política de juros afeta o mercado
- A alta dos juros está provocando uma recessão nos EUA;
- A expectativa de recessão jogou o preço das commodities para baixo;
- Até os juros americanos não começarem a cair, os mercados (ações, bonds, commodities) continuarão pressionados.
PIB dos EUA: recessão a caminho
Variação global commodities
Ciclo econômico: outubro de 2022
Entenda para onde os investimentos estão caminhando.
Quando aumentar o risco da carteira?
Somente lendo e analisando o ciclo econômico, é possível determinar quando começar a aumentar o risco das carteiras, de forma mais sistemática, avalia Wiese. Para ele, ainda não é a hora certa de aumentar o risco”.
Na análise do head da EQI, os juros no Brasil começarão a cair perto de junho de 2023. Até lá, a recomendação é “focar em ativos de baixo risco, como prefixados, IPCA+, CDI, Fundos Imobiliários de papel e ações de valor”.
“Depois, quando a Selic começar a cair, a recomendação é reduzir as compras em CDI, pois os juros mais baixos diminuem a atratividade desse papel. Também será uma boa hora de comprar renda variável de forma mais consistente, comprar FIIs de tijolos e ações de crescimento”, comenta Wiese.
Nos EUA, o movimento está parecido, mas atrasado em relação ao Brasil, conforme a análise de Wiese.
“Os juros começarão a cair no final de 2023. Até lá, vamos focar em ativos de baixo risco como Bonds curtos e ações de valor. Quando os juros começarem a cair, é hora de começar a comprar Bonds longos, ações de crescimento e de tecnologia”, aponta.
Quais os riscos ainda temos pela frente?
O head da EQI destaca também outros pontos importantes, que precisam ser mapeados.
“Por mais que a inflação esperada para daqui a 12 meses seja de 4,2%, segundo projeções da EQI Asset, é bom ficarmos protegidos com IPCA+, pois poderemos ter problemas fiscais logo à frente”.
Segundo ele, não se pode perder de vista que o Brasil está inserido em um mundo inflacionário, de menor crescimento. Já as eleições presidenciais, irão determinar a responsabilidade fiscal do próximo governante.
“Com a recessão global, o preço das commodities tende a cair e, por isso, podemos ter receitas tributáveis menores. Além disso, em 2021 e 2022 tivemos ganhos tributários com a venda de ativos da União – como a Eletrobrás – lucros extraordinários da Petrobrás – que podem ser reduzidos – e com a inflação – ganho de senhoriagem. Tais receitas podem não existir nos anos seguintes”, pondera.
- Entenda: sua carteira é como um time de futebol. Entenda como escalar a melhor equipe de ativos em todos os cenários econômicos.
O Brasil está imune à crise internacional?
Para Deny Wiese, a resposta é com certeza, não. “Para capturar as melhores oportunidades, com o menor risco, é preciso ler e entender o ciclo econômico. É fazer o simples bem feito e ter paciência. É permanecer conservador o quanto for necessário e, depois, acelerar na hora certa”, ressalta.
Como estão os investimentos dentro deste cenário?
Desempenho dos principais ativos em setembro 2022
Desempenho dos ativos de janeiro a setembro de 2022
Carteira de ativos para o último semestre de 2022
Cada investidor tem um objetivo e um perfil investidor, que devem ser alinhados ao ciclo econômico. “É preciso saber o que fazer antes de acontecer”, comenta Wiese.
Oportunidades com juros: porquê comprar pré-fixados neste momento
De acordo com Wise, os juros estão no pico, considerando que a Selic parou de subir em setembro.
O gráfico abaixo mostra os juros futuros desde 2017:
“Desde 2017, nossos juros não estavam tão altos. A hora é boa pra comprar pré-fixados. Além disso, a inflação projetada está abaixo dos 5% a.a. Então, há um juro real bastante ‘gordo’ embutido em um bom prefixado”.
Para efeitos de cálculo, ele compara: “Se comprarmos um prefixado de 15% a.a., menos a inflação projetada de 4,2% a.a., teremos um rendimento real de 10,8% a.a. É bastante coisa”, analisa o head da EQI.
Oportunidades em pré-fixados em outubro
IPCA e os investimentos: como acertar
Muitos investidores ficaram preocupados com os baixos rendimentos dos títulos IPCA nos últimos meses.
Isso ocorreu diante da deflação nos meses de julho e agosto. Com isso, os títulos IPCA+ marcaram rendimentos baixos ou até negativos.
“A boa notícia é que, muito provavelmente, nos próximos meses não veremos mais deflação. Isso porque, o que ocasionou a deflação, principalmente, foi o corte dos impostos do preço dos combustíveis. E esse evento é transitório. Nos próximos meses, já projetamos inflação positiva, e a marcação nos títulos vai melhorar”, comenta.
Segundo Wiese, há duas possibilidades opostas, que justificam a compra de bons IPCA+ nesse momento. “Mesmo apesar das estimativas mais baixas para a inflação nos próximos meses, devem ser considerados dois cenários: um otimista e um pessimista”, pondera.
“Se o Brasil piorar, a desglobalização avançar, o dólar se valorizar, a política fiscal e monetária forem negligenciadas, as guerras e os problemas de energia persistirem: se tudo isso acontecer, a inflação irá disparar novamente. E serão os papéis IPCA+ que nos protegerão, pois serão os que mais irão render nesse cenário”, destaca.
De acordo com o head da EQI, também é possível que ocorra um outro cenário, mais positivo, que espera que o fluxo de capital estrangeiro continue entrando, o decréscimo do risco país após as eleições e que o resultado do PIB continuará surpreendendo.
“Se tudo isso acontecer, os juros reais, que representam o risco Brasil, irão ceder e, com isso, os papéis IPCA +, se vendidos antecipadamente, irão se valorizar significativamente. É um ganha-ganha: o IPCA+ é o lateral que marca e ajuda a defesa e sobe para o ataque, muitas vezes, fazendo gol”, explica.
Papéis IPCA rendem mais que CDI
De acordo com o head da EQI, em uma simulação de investimento de 100 mil, é possível ver os investimentos datados em janeiro de 2010.
“Observe que os papéis IPCA+8% e IPCA+6% são os que mais renderam no período, superando o CDI e o CDI+2% aa. No longo prazo, os papéis IPCA+ rendem mais do que o CDI. Por isso, é importante manter bons IPCA em carteira”, analisa Denys Wiese.
Oportunidades IPCA em outubro
Pós-fixados em outubro: faz sentido agora?
E como investir nos pós-fixados? Faz sentido para a carteira agora? O head da EQI explica que sim.
“O CDI está em um patamar bastante alto, 13,65% aa, e tudo indica que ficará assim até junho de 2023. Para aplicações de prazos curtos de 3, 6 ou até 12 meses, o CDI, provavelmente, será a melhor opção, mais rentável, entre as rendas fixas”, avalia.
Já para investimentos um pouco mais longos, segundo ele, existem outros motivos, que não a alta rentabilidade, para investir em bons pós- fixados. Entre eles:
- É um investimento defensivo que se beneficia em cenários ruins para a economia brasileira;
- No curto prazo, o rendimento é mais atrativo que de outras classes;
- Os pós-fixados não possuem ou possuem muito pouco risco de mercado e, por isso, possuem maior liquidez.
“Se o investidor tem um pós-fixado na mão e o cenário piora muito, a venda antecipada será mais fácil do que um prefixado ou um IPCA+ em cenário de alto estresse”.
- Saiba mais: entenda o mercado secundário e como vender ativos.
Oportunidades no Agronegócio
Para finalizar o giro pelas oportunidades de investimentos em outubro, Wiese comenta sobre os ganhos do agronegócio através do mercado financeiro.
“O agro é o setor que mais cresce no país. A participação do PIB vem crescendo ano a ano. Hoje, já corresponde por 27,6% do PIB brasileiro. Há 7 anos atrás, esse número estava em 20%. O crédito subsidiado do BNDES está mostrando sinais de esgotamento. Os grandes players estão tendo que captar recursos no mercado, para viabilizarem as suas operações”, comenta.
De acordo com ele, esse contexto se mostra favorável para os FIAGROs, fundos semelhantes aos FIIs, que compram fazendas, CRAs, e empresas do agronegócio.
“Como a taxa de juros ainda não começou a cair no Brasil, estamos indo devagar nas alocações em renda variável. Por esse motivo, nesse momento, o ideal é investir em FIAGROs, que compram renda fixa, os CRAs”, finaliza Wiese.
Oportunidade FIAGRO em outubro
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