Assista a Money Week
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
O que esperar da última reunião do Copom sob Campos Neto?

O que esperar da última reunião do Copom sob Campos Neto?

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia nesta terça-feira (10) sua última reunião de 2024, marcada por expectativas de aumento na taxa básica de juros, a Selic.

Este também será o encerramento do mandato de Roberto Campos Neto como presidente do colegiado. Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto será substituído, a partir de janeiro de 2025, por Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Copom e Selic: cenário econômico desafiador

O encontro ocorre em meio a pressões inflacionárias significativas. A meta de inflação para 2024, definida em 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, está ameaçada.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulado em 12 meses até outubro, atingiu 4,76%, superando o teto da meta. Além disso, a valorização do dólar, que ultrapassou R$ 6, e preocupações com o cenário fiscal aumentam a complexidade do momento.

A expectativa predominante no mercado é de que o Copom eleve a Selic em 75 pontos-base, para 12% ao ano, mas uma alta mais agressiva, de 100 pontos-base, também é cogitada, o que levaria a taxa a 12,25%. A decisão será anunciada na quarta-feira (11), por volta das 18h30.

Publicidade
Publicidade

Efeitos e críticas sobre a política monetária

Uma elevação na Selic busca conter a inflação ao desaquecer o consumo e os investimentos, tornando o crédito mais caro e desacelerando a economia. Entretanto, essa política enfrenta críticas, principalmente de lideranças ligadas ao governo. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, acusou o Copom de praticar uma “sabotagem” à economia ao manter os juros elevados.

Já Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central, sinalizou recentemente que as condições econômicas atuais — como a desvalorização cambial e o crescimento econômico acima do esperado — justificam uma política monetária mais restritiva.

Projeções para a Selic e os desafios futuros

O mercado financeiro não espera que a Selic caia abaixo de dois dígitos durante o governo Lula, que termina em 2026. Segundo o relatório Focus, as estimativas apontam para taxa a 13,5% em 2025; 11% em 2026 e 10% em 2027.

A EQI Asset, por sua vez, revisou suas previsões para a taxa Selic, indicando que ela pode alcançar 14,25% ainda no primeiro semestre de 2025, devido a pressões inflacionárias e fiscais persistentes.

Crescimento econômico e risco inflacionário

Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre reforçam a visão de uma economia ainda aquecida. Com alta de 0,9% em relação ao trimestre anterior e crescimento de 4% frente ao mesmo período de 2023, o setor de serviços liderou o avanço. Contudo, o crescimento baseado em consumo, sem aumento significativo de produtividade, eleva o risco de inflação prolongada.

Impactos externos e cenário fiscal

No plano externo, a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA intensificou a volatilidade do mercado cambial. Trump já sinalizou medidas protecionistas, como tarifas sobre importações de México, Canadá e China, o que pode manter o dólar valorizado globalmente.

Internamente, o pacote fiscal anunciado pelo governo brasileiro foi considerado insuficiente pelo mercado, gerando dúvidas sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal. A proposta de isenção de imposto de renda para rendas de até R$ 5 mil também levanta preocupações sobre impactos na demanda e no crescimento econômico.

Legado de Campos Neto e desafios para Galípolo

Roberto Campos Neto encerra seu mandato em um momento de tensões econômicas e críticas à condução da política monetária. Gabriel Galípolo assume o Banco Central com o desafio de equilibrar a busca pelo controle da inflação, a sustentabilidade fiscal e o crescimento econômico.

O novo presidente terá um mandato até 2028 e, à frente do BC, enfrentará o desafio de navegar um cenário doméstico e internacional incerto. A última reunião do Copom em 2024 para definir a Selic é, assim, um marco na transição de lideranças.