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Na mira do governo: saiba quem é Roberto Campos Neto e por que ele vem sendo criticado

Na mira do governo: saiba quem é Roberto Campos Neto e por que ele vem sendo criticado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, tem estampado manchetes de jornais por conta de sua gestão à frente da instituição financeira, considerada proativa, e também devido a uma indisposição por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe ministerial para com o viés da instituição no que tange aos juros da economia brasileira.

Acontece que a política de juros do BC não está do agrado do Poder Executivo e, assim, criou-se uma animosidade entre as partes, a ponto de a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) declarar que ele deve deixar a instituição ou ser demitido.

Na opinião da parlamentar, o patamar dos juros praticados pelo BC trabalha contra a própria economia brasileira, encarecendo o crédito e dificultando a vida de empresas e famílias.

Para defender o posicionamento do BC, que diz respeito a controlar a inflação por meio dos juros, Campos Neto deu declarações que entraram em rota de colisão com o presidente Lula.

Na prática, pode-se dizer que o governo quer que o BC baixe os juros “à forceps”, enquanto a instituição pretende mantê-los em patamar elevado para, assim, segurar a elevação dos preços e do custo de vida.

Imagem mostra o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em audiência pública.

Roberto Campos Neto e Lula

A equipe econômica do BC compreende que um movimento brusco, para baixo, pode ser maléfico para a saúde financeira do país.

E, enquanto o BC tenta pressionar os juros de forma moderada, de maneira que a taxa ceda, aos poucos, o Palácio do Planalto quer mais recursos para aportar no social e menos preocupação com o fiscal.

Vale destacar que a taxa básica de juros no Brasil, hoje, está em 13,75% ao ano, conforme decisão do Comitê de Política Econômica. Enquanto isso, a inflação no país está em 5,79% no acumulado de 2022, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O indicador ficou abaixo dos 10,06% acumulados em 2021, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entretanto, a elevação dos preços e o custo de vida no Brasil têm preocupado as autoridades políticas. Muito por conta da pressão popular.

Lula afirmou recentemente que o economista “não foi eleito para nada” e, portanto, o Brasil não pode ser refém dele. Com isso, a permanência de Campos Neto à frente do BC ficou ameaçada.

Quem mais apoia a queda dos juros?

Recentemente, o presidente do Banco Inter (INBR32) criticou a alta dos juros no país. Rubens Menin é empresário de Minas Gerais, dono da MRV (MRVE3), da Rádio Itatiaia, da CNN Brasil e dirigente do Atlético Mineiro.

Para ele, o Brasil, as empresas, as famílias e os governos são sacrificados pelas altas taxas de juros. “Tem uma heresia que eu brinco que é a de que os juros compostos são as armas mais poderosas do universo. E, de fato, são. O pessoal não olha muito, mas uma empresa, para fazer investimento, é juros; para fazer uma PPP, uma concessão, para fazer uma rodovia, é juros; quando fala competitividade, é juros. Tudo no Brasil é muito mais caro por conta dos juros. Os juros altos são o cerne do problema brasileiro”, disse em entrevista ao Neofeed.

Um grupo de economistas heterodoxos, dentre eles o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, e o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também lançaram manifesto pela queda dos juros.

Autonomia ou independência do BC

Outro ponto de discussão entre ambos diz respeito à autonomia ou independência do BC.

Na prática, o termo correto seria autonomia, visto que, segundo alguns dos mais consagrados economistas do país, de maneira alguma o Banco Central pode ser independente do Poder Executivo.

Esta é, por exemplo, a opinião do economista André Lara Resende, que é um dos “pais” do Plano Real, implementado em 1994. Ele explica que se o BC for independente do Poder Executivo, ele se torna, então, um “Quarto Poder”.

Neste cenário, os poderes se dividiriam assim: Executivo, Legislativo (2º Poder), Judiciário (3º Poder), e agora, em tese, o Banco Central (4º Poder).

Isso mostra, segundo Resende, que o Banco Central tem que ter sua autonomia assegurada, mas ainda assim ele é uma extensão do Primeiro Poder e deve prestar contas a este.

Quem é Roberto Campos Neto?

O carioca de 53 anos é um dos executivos públicos mais experientes do país, visto que traz consigo 18 anos de atuação em um banco internacional, o Santander, bem como o privilégio de ser filho e neto de dois economistas que contribuíram com o país em décadas anteriores.

Acontece que Campos Neto é filho de Roberto de Oliveira Campos Filho e neto por parte de pai de Roberto de Oliveira Campos, que foi o segundo ministro do Planejamento do Brasil, nos anos 1970. Também foi presidente do BNDES nos anos 1950 e Senador da República.

Campos Neto graduou-se em economia com especialização em Finanças pela Universidade da Califórnia em meados de 1993. Ele trabalhou, ainda, no Banco Bozano Simonsen nos cargos de operador de Derivativos de Juros e Câmbio, operador de Dívida Externa, operador da área de Bolsa de Valores e também como executivo da Área de Renda Fixa Internacional.

Em 2004, foi gerente de Carteiras na Claritas Investimentos e em 2005 ingressou no Santander como operador, tornando-se chefe do setor de trading logo em seguida. Na sequência, passou a ser responsável pela área de Tesouraria e Formador de Mercado Regional e Internacional.

Ele é casado com a advogada Adriana Buccolo de Oliveira Campos, com quem tem dois filhos.

Campos Neto praticou jiu jitsu por um bom tempo, mas, atualmente, se dedica mais à corrida (cooper) e ao tênis. Seu mandato à frente do BC se encerra em 2024.

Próxima decisão da Selic tem manifestação contra Campos Neto

A taxa Selic é definida pelo Banco Central por meio de seu Comitê de Política Monetária, o Copom

A reunião do Comitê acontece a cada 45 dias e a decisão sobre a taxa Selic é resultado dos estudos sobre a atividade econômica brasileira e os níveis de inflação.

A taxa definida pelo Copom baliza o mercado para transações financeiras como um todo.

A Selic, taxa básica de juros da economia, está hoje em 13,75% ao ano

Este referencial foi definido no dia 1 de fevereiro, primeira reunião do Copom em 2023.

A decisão de manter a taxa em 13,75%, pela quarta vez consecutiva, interrompeu um ciclo de 12 altas , após um período da taxa em seu piso histórico (2%), ao longo da pandemia.

O site do BC informa a evolução da taxa de juros do Brasil e esta pode ser conferida aqui!

A próxima reunião do Copom acontece dias 21 e 22 de março e a intenção do governo é que a pressão sobre Campos Neto resulte em alguma sinalização de baixa dos juros no comunicado deste encontro.

Para aumentar a “pressão”, centrais sindicais e movimentos sociais realizam na segunda-feira que antecede o encontro, dia 20, a primeira manifestação do novo governo, pedindo a queda dos juros e a saída de Campos Neto do cargo.

gráfico com taxa Selic
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