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Congresso tenta derrubar aumento do IOF via Projeto de Decreto Legislativo

Congresso tenta derrubar aumento do IOF via Projeto de Decreto Legislativo

Um movimento articulado por diversas frentes parlamentares tenta barrar no Congresso Nacional o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado recentemente pelo governo federal. A iniciativa foi formalizada na quarta-feira (28), com a apresentação de um pedido para que seja pautado o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 214/2025, que busca sustar a medida da equipe econômica.

A pressão contra o IOF recai sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que detém o poder de definir a pauta da casa. A articulação reúne a Coalizão de Frentes Parlamentares do Setor Produtivo, que inclui lideranças de setores como agropecuária, comércio, indústria e serviços.

O que é um Projeto de Decreto Legislativo?

Um Projeto de Decreto Legislativo é uma ferramenta que autoriza o Congresso a derrubar atos normativos do Executivo. Neste caso, a intenção é derrubar o decreto sobre o aumento do IOF.

Projeto de Decreto Legislativo contra o IOF: reações

Segundo o deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), o aumento do IOF foi mal recebido entre parlamentares e investidores.

“Foi um tiro no pé que o governo deu, traiu a confiança do mercado”, discursou o parlamentar.

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Na mesma linha, Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), classificou a decisão como “extremamente grave”. Para ele, a medida atinge “todos os setores da economia, de forma direta ou indireta”.

Já o deputado Júlio Lopes (PP-RJ), à frente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, afirmou que as alterações propostas representam “um atentado à competitividade brasileira”.

A coalizão é formada por nove frentes parlamentares:

  • Agropecuária
  • Empreendedorismo
  • Livre Mercado
  • Brasil Competitivo
  • Comércio e Serviços
  • Biodiesel
  • Gestão de Resíduos e Economia Circular
  • Saneamento Básico
  • Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável

Impactos e recuos do governo

O IOF incide sobre operações de crédito, câmbio e seguro. Com o aumento das alíquotas, a expectativa do governo era arrecadar R$ 61,5 bilhões entre 2025 e 2026. A repercussão, porém, foi negativa: o Ibovespa caiu 0,44% e o dólar subiu 0,32%, fechando a R$ 5,66.

Diante da reação adversa, o governo anunciou recuos. Uma das mudanças revertidas foi a taxação de 3,5% sobre aplicações de fundos nacionais no exterior, que agora voltam a ser isentas. Outro ajuste manteve a alíquota de 1,1% nas remessas de pessoas físicas ao exterior, contrariando a ideia inicial de aumento.

Pressão via Projeto de Decreto Legislativo: quais as chances?

O uso de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar atos do Executivo é raro, especialmente quando se trata de decretos presidenciais.

Desde 1999, o Congresso jamais conseguiu anular um decreto presidencial por meio de PDL, embora já tenha derrubado portarias, resoluções e acordos.

Mesmo assim, a ameaça de um PDL tem histórico de forçar recuos do governo. Em 2023, após a Câmara aprovar um PDL contra decretos que alteravam o marco legal do saneamento, o presidente Lula revogou as normas antes da votação no Senado. O mesmo aconteceu em 2024 com a proibição de clubes de tiro próximos a escolas.

No momento, já foram apresentados 22 PDLs para tentar anular o aumento do IOF — 20 na Câmara e 2 no Senado.

A crescente insatisfação entre deputados e senadores, inclusive em partidos da base, vem elevando o risco de desgaste político para o Planalto.

Histórico de derrotas e recuos

Recuos semelhantes ocorreram em governos anteriores. Jair Bolsonaro, por exemplo, revogou decretos sobre armas e sigilo de documentos após ações da Câmara e do Senado. Já Dilma Rousseff viu o Congresso votar pela derrubada de seu decreto sobre conselhos populares, embora a revogação só tenha ocorrido anos depois, já sob outra presidência.