Segundo análise da EQI Research divulgada nesta terça-feira (12), a tarifa total de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos, em vigor desde 6 de agosto de 2025 — resultado da soma de uma sobretaxa inicial de 10% com um adicional de 40% anunciado em 30 de julho — terá impacto econômico menor do que o temido inicialmente.
O motivo é a ampla lista de 694 itens isentos publicada na ordem executiva da Casa Branca, que corresponde a cerca de 36% das exportações do Brasil ao mercado americano, ou US$ 14,5 bilhões, conforme estimativas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
De acordo com a EQI Research, as exceções contemplam produtos como metais e minérios (ferro-gusa, minério de ferro, silício metálico), itens da aviação (aeronaves e motores), energia e derivados (carvão, eletricidade), fertilizantes e alguns produtos agrícolas, metais preciosos, polpas e resíduos de madeira e certos motores e geradores elétricos.
Setores como carne bovina e café ficaram de fora e passam a pagar a tarifa cheia de 50%. Para o café, a expectativa é de redirecionamento rápido para outros mercados, apesar de custos logísticos mais altos. No caso da carne bovina, o redirecionamento deve ser mais lento, pressionando margens no curto prazo.
Impactos nas empresas listadas, segundo a EQI Research
- Suzano (SUZB3) – Beneficiada pela inclusão da celulose nas isenções, evitando impacto relevante nas exportações aos EUA.
- Embraer (EMBR3) – Aeronaves e peças na lista de exceções preservam o acesso ao mercado americano. As ações subiram mais de 11% no pregão seguinte ao anúncio.
- Weg (WEGE3) – Grande parte de motores e geradores da companhia está isenta, minimizando riscos.
- Minerva (BEEF3) – Mais prejudicada entre as listadas, com cerca de 5% da receita vinda da exportação de carne bovina aos EUA, sujeita à tarifa cheia. Redirecionamento deve ser lento e com pressão sobre margens.
Menor impacto e cenário político travado
A EQI Research avalia que, no conjunto, o impacto sobre a balança comercial, preços internos e investimentos é bem menor do que o inicialmente projetado. No entanto, no campo político, as negociações seguem travadas. Uma reunião prevista para 13 de agosto entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, para discutir ajustes nas tarifas, foi cancelada unilateralmente pelos EUA.
Enquanto as conversas com a China avançam, com prorrogação de 90 dias da suspensão de tarifas para produtos chineses, o Brasil não registrou progresso. Apesar da retórica agressiva de Trump, a tarifa efetiva incide apenas sobre setores específicos, e o alívio foi sentido no câmbio e na Bolsa, com valorização do real e recuperação das ações.
Ainda assim, a EQI Research alerta que o ambiente global segue volátil, e que a experiência recente da China demonstra que tréguas comerciais não garantem estabilidade.
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