O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta segunda-feira (11) que a reunião prevista para esta semana com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, não acontecerá mais. Segundo o ministro, a decisão foi comunicada um ou dois dias após o anúncio do encontro e teria sido influenciada por articulações da oposição.
As tratativas para uma nova reunião começaram em 21 de julho, mas não avançaram. “Aguardamos, até a semana passada, o e-mail marcando o dia e a hora”, relatou. O que chegou, de acordo com o ministro, foi apenas a mensagem de cancelamento do encontro, inicialmente previsto para quarta-feira.
“Argumentaram falta de agenda. Uma situação bem inusitada. O que fica claro para nós é que a questão comercial não está em foco”, afirmou.
Após tratativas, Haddad vê “outro motivo”
Haddad declarou que, após um mês de tentativas para remarcar a conversa, ficou claro que o motivo não era a falta de tempo na agenda. “A sensação que nós temos hoje é que a situação com o Brasil é completamente diferente”, disse.
Ele defendeu que o Congresso adote medidas em relação a parlamentares que, em sua avaliação, defendem interesses estrangeiros. “O que estou dizendo é que se cumpra a lei”, ressaltou, lembrando que o Brasil possui legislação de reciprocidade e que o chanceler Mauro Vieira avalia possíveis retaliações dentro das práticas internacionais.
Medida de apoio a exportadores
Diante do impasse, o ministro anunciou um conjunto de medidas para apoiar exportadores afetados pela recente escalada comercial com os Estados Unidos. A Medida Provisória, que será analisada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê duas reformas estruturais: uma mudança no Fundo de Garantia para Exportadores (FGE) e a autorização para compras governamentais de produtos que tiveram vendas canceladas para o mercado norte-americano.
De acordo com Haddad, a MP terá flexibilidade para atender cerca de 10 mil empresas de diferentes setores. O plano foi recalibrado após avaliação detalhada por CNPJ para contemplar todos os segmentos atingidos. “Nós acreditamos que o plano que estamos apresentando neste momento é suficiente para enfrentar a situação”, afirmou, reforçando que o governo também buscará abrir novos mercados para reduzir a dependência dos Estados Unidos.
O ministro ainda relembrou que, em maio, havia discutido com Bessent a tarifa de 10% imposta aos produtos brasileiros. Na ocasião, argumentou que não fazia sentido taxar um país com o qual os EUA mantêm superávit comercial, recebendo como resposta: “Você tem um ponto”.