Para 2023, as perguntas dos investidores seguem com foco na busca por ações pagadoras de dividendos e, naturalmente, como montar uma carteira que pague mais dividendos.
Essas dúvidas se tornam ainda mais atuais em virtude do cenário de juros altos, no qual, tradicionalmente, empresas de setores perenes e mais consolidados ganham destaque, como petróleo, energia elétrica e bancos.
A verdade é que 2023 reserva algumas mudanças que, se ocorrerem, podem chacoalhar o mercado, como é o caso da taxação dos dividendos.
Em um cenário como esse, como obter bons rendimentos e garantir uma renda passiva?
Acompanhe agora alguns insights de Luís Moran, head da EQI Research, Carol Borges, analista de Fundos Imobiliários e de Felipe Paletta, analista da Monett.
Ações pagadoras de dividendos em 2023: o que vem pela frente?
Para chegar até as ações pagadoras de dividendos em 2023, o investidor não deve olhar para o passado e sim, ficar atento ao que vem pela frente, literalmente. É o que recomenda Luís Moran, head da EQI Research.
“O passado recente não é um bom indicador para montar uma carteira com foco em ações pagadoras de dividendos: Não dá para olhar a carteira dessa forma, pois esse não é um bom indicador. Sempre se deve fazer investimentos olhando para frente”, destaca.
De acordo com ele, apenas considerar este indicador para encontrar as ações pagadoras de dividendos é, relativamente, um pouco pior em 2023 em razão de um segundo aspecto: a possibilidade de taxação dos dividendos de ações no Brasil.
Taxação das ações pagadoras de dividendos: o que esperar?
Conforme Moran reforça, a perspectiva de mudança tributária para os dividendos no âmbito da reforma tributária deve ficar no radar dos investidores.
“Devemos ver o assunto voltando à discussão, principalmente, o que deve gerar muito ruído no mercado. Inclusive, com impacto sobre os preços das ações pagadoras de dividendos”, reforça.
Dividendos das ações estão ameaçados com a reforma tributária?
Tema recorrente nas entrevistas que concede à imprensa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar em janeiro sobre a possibilidade de taxação de dividendos distribuídos aos acionistas.
“Nós precisamos fazer uma reforma tributária de verdade para que as pessoas mais ricas, para as pessoas que vivem de dividendos, para as pessoas que ganham mais dinheiro paguem mais Imposto de Renda, e as pessoas que ganham menos, paguem menos Imposto de Renda”, disse o presidente à jornalista Natuza Nery, do Grupo Globo.
O tema é uma das promessas de campanha de Lula, assim como a promessa de atualização da tabela de descontos do Imposto de Renda de Pessoa Física. A taxação de dividendos serviria, então, como compensação para as perdas na arrecadação.

Como será a tributação das ações pagadoras de dividendos?
Ainda não há uma definição clara de como se daria a taxação – se o valor seria debitado na fonte como tributação exclusiva, ou se seria incluído na declaração de Imposto de Renda do ano seguinte com possibilidade de restituição.
O tema deve entrar em debate apenas na segunda etapa da reforma tributária, que incluirá a tributação de renda.
Segundo os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), a primeira parte da discussão deve abordar os impostos sobre consumo.
Ações que mais pagaram dividendos em 2022: feito não deve se repetir em 2023
Segundo Luís Moran, as ações que mais pagaram dividendos em 2022 anteciparam o cenário à frente, considerando uma possível taxação de dividendos.
“Foi por isso que as empresas pagadoras de dividendos pagaram no ano passado montantes muito acima do histórico: para se adiantarem quanto à possível mudança na legislação tributária. Elas pagaram tudo o que elas conseguiram e meio que ‘zeraram o estoque’, por assim dizer”, analisa.
De acordo com ele, agora, o investidor deve esperar o que vai acontecer. “É preciso ter cuidado, pois, acima de tudo, nesse caso, o passado recente não deve se repetir no futuro”.
Setores que mais pagaram dividendos em 2022: quais foram?
A despeito do ano de 2022 ter sido considerado turbulento no Ibovespa e cheio de volatilidade, no quesito pagamento de dividendos, o resultado foi na direção oposta.
Em 2022, as empresas brasileiras anunciaram um total de R$ 301,2 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas entre janeiro e setembro.
Para se ter uma ideia, o montante representa mais de 96% dos R$ 313,014 bilhões distribuídos durante todo o ano de 2021.
Veja os setores que mais pagaram dividendos em 2022
- Petróleo;
- Agronegócio;
- Energia elétrica;
- Bancos;
- Mineração;
- Siderurgia;
- Industrial.
20 empresas maiores pagadores de dividendos em 2022
Veja a seguir a relação:
Fonte: TradeMap
Setores mais afetados pelos taxação dos dividendos
No final de 2022, o banco BTG Pactual (BPAC11) divulgou um relatório sobre a possibilidade de taxação de dividendos.
As projeções consideram possibilidades com 15% de imposto sobre dividendos e fim do JCP em dois cenários: sem redução do imposto de renda corporativo e com redução de 5 p.p. do imposto de renda das pessoas jurídicas.
Bancos e telecomunicaçõe: dividendos menores com taxação
A conclusão do relatório foi que as empresas que pagam muito JCP, como bancos e empresas de telecomunicações sofreriam mais.
“No primeiro cenário, ambos os setores sofreriam uma queda de 17% em seus lucros em 2024. No segundo cenário, de cerca de 10%”, projeta o banco, com a estimativa de que esse trecho da reforma tributária só entre em vigor em 2024.
Outras empresas afetadas, de acordo com a análise do BTG, poderiam ser a Ambev, conhecida pelo forte pagamento de JCP, e as empresas de serviços básicos, como as distribuidoras de energia elétrica.
“Os dividendos perderiam competitividade em relação aos rendimentos dos títulos de renda fixa”, projetam os analistas.
Quem vai pagar mais dividendos em 2023?
De acordo com um levantamento do TradeMap, empresas como Petrobras (PETR4 e PETR3), Mahle Metal Leve (LEVE3), Banco do Brasil (BBAS3) e outras 17 companhias devem distribuir dividendos acima de 5% em 2023, conforme veiculado no portal E-Investidor.
As premissas para a seleção das empresas que mais devem pagar dividendos em 2023 são:
- Ações com volume financeiro médio diário superior a R$ 1 milhão por dia em 2022;
- Empresas que tenham distribuído dividendos nos últimos cinco anos (2018-2022);
- Empresas que tenham tido lucro no ano de 2021 e nos nove primeiros meses de 2022;
- Empresas que tenham tido lucro líquido nos nove primeiros meses de 2022 igual ou superior a 75% do lucro apresentado ao longo de 2021;
- Empresas que devem acumular lucro em 2022 igual ou superior ao de 2021.
Além disso, é importante reforçar que o levantamento considera a hipótese de que a política de dividendos de 2023 continue a mesma do ano passado. Por fim, foram eliminados os papéis cujo DY ficou abaixo de 5%.
Ações pagadoras de dividendos em 2023: veja a lista
Empresa | Código da Ação | DY real em 2022 | DY projetado para 2023 | Mediana DY em 5 anos (2018 a 2022) |
Petrobras | PETR4 | 58,65% | 68,32% | 5,59% |
Petrobras | PETR3 | 54,08% | 59,7% | 1,97% |
Metal Leve | LEVE3 | 13,47% | 13,66% | 7,52% |
Brasil | BBAS3 | 14,38% | 11,99% | 5,49% |
Ferbasa | FESA4 | 10,67% | 10,18% | 6,29% |
CPFL Energia | CPFE3 | 12,27% | 9,77% | 5,09% |
Santos Brp | STBP3 | 10,64% | 8,44% | 0,21% |
Engie Brasil | EGIE3 | 7,94% | 8,09% | 4,91% |
Klabin S/A | KLBN11 | 5,88% | 7,56% | 5,42% |
Klabin S/A | KLBN4 | 6,11% | 7,51% | 6,08% |
Klabin S/A | KLBN3 | 5,3% | 7,49% | 3,92% |
Direcional | DIRR3 | 9,41% | 7,48% | 9,41% |
Iochp-Maxion | MYPK3 | 5,59% | 7,07% | 4,28% |
Itausa | ITSA4 | 7,09% | 6,84% | 7,09% |
Itausa | ITSA3 | 6,82% | 6,54% | 6,82% |
Abc Brasil | ABCB4 | 8,08% | 6,51% | 6,5% |
Fleury | FLRY3 | 5,69% | 6,5% | 3,51% |
Csu Digital | CSUD3 | 6,15% | 6,35% | 3,56% |
SLC Agricola | SLCE3 | 6,88% | 5,91% | 4,52% |
BBSeguridade | BBSE3 | 9,5% | 5,82% | 7,36% |
Tegma | TGMA3 | 7,51% | 5,79% | 5,71% |
Wilson Sons | PORT3 | 6,69% | 5,59% | 6,53% |
Fonte: TradeMap
Ações pagadoras de dividendos x renda passiva dos Fundos Imobiliários
Se a tributação das ações parece firme no horizonte, uma alternativa viável para quem está buscando uma renda passiva pode estar nos Fundos Imobiliários, conforme aponta Luís Moran.
“Estamos mais otimistas com os dividendos de Fundos Imobiliários, pois eles tendem a manter o tratamento tributário atual, o que a gente já não acha que vai acontecer com as ações”, observa.
Na visão dele, fazer uma carteira de ações que pagam dividendos, talvez, não seja a melhor opção nesse momento de 2023. “Acredito que seja melhor esperar um pouco e ter mais certeza a respeito do que vai acontecer”, recomenda a head da EQI Research.
Fundos Imobiliários serão tributados?
Felipe Paletta, analista de Fundos Imobiliários da Monett, acredita que a tributação de dividendos será o alvo do novo governo, na mesma medida em que já vinha sendo discutida no governo Bolsonaro.
“Quando houve o levantamento dessa questão no governo anterior, houve um ativismo muito grande da indústria de Fundos Imobiliários, que mostrou que seu poder de arrecadação é pequeno, perto dos desincentivos que podem ser gerados dentro de um contingente que conta hoje com algo em torno de 2 milhões de investidores”, reitera Paletta.
Contudo, para o analista, essa é uma discussão que não deve afetar os Fundos Imobiliários, pelo menos, não de forma imediata, se estendendo para o segundo trimestre de 2023.
A analista da EQI Research, Carol Borges, se mantém em alinhamento com a opinião de Paletta.
“Eu não colocaria os Fundos Imobiliários na mesma cesta de taxação de dividendos do mercado de renda variável no geral, pois os FIIs são muito diferentes. São investimentos essencialmente negociados por Pessoas Físicas, sendo que o volume por CPF não é muito alto. Dessa forma, essa possível taxação de dividendos não viria para uma chamada ‘classe alta da sociedade”, explica Carol.
O que são dividendos?
Os dividendos são proventos pelos quais as empresas e os fundos imobiliários distribuem parte de seu lucro entre os acionistas/cotistas. Esse valor é depositado diretamente em conta corrente e não tem incidência de tributação.
A distribuição de dividendos é obrigatória para as empresas listadas na B3, mas não existe uma norma sobre o percentual dos lucros que deve ser distribuído.
Algumas empresas são conhecidas por uma política agressiva de distribuição desses lucros, o que torna suas ações atraentes especialmente aos investidores que buscam uma renda extra periódica.
Como esse valor é auferido após o pagamento de impostos, a cobrança de impostos foi suspensa na década de 90 sob a alegação de que estava havendo dupla tributação – sobre a empresa e depois sobre as pessoas físicas.
Outra possibilidade de ganho para o acionista é o JCP, sigla para juros sobre capital próprio. Mas, ao contrário dos lucros, ele se refere ao faturamento da empresa antes do pagamento de taxas e impostos.
O JCP é registrado como despesa no balanço da empresa e usado para reduzir a tributação, o que transfere ao acionista a obrigação de contribuir: são 15% descontados na fonte, na hora do pagamento, por regime de tributação exclusiva, sem direito a reembolso.
Como montar uma carteira de ações pagadoras de dividendos?
Viver de renda é um dos principais objetivos de quem investe, sendo que quem pensa em montar uma carteira de ações pagadoras de dividendos tem como principal objetivo foco no longo prazo.
No entanto, há uma série de detalhes importantes que devem ser observados.
Escolher empresas que paguem bons dividendos é uma tarefa que pode exigir alguma dedicação da parte do investidor, pois são necessárias análises dos fundamentos dessas empresas e, também, de alguns indicadores.
Os principais indicadores são o DY (Dividend Yield) e o DP (Dividend Payout).
Ações pagadoras de dividendos: como escolher?
Além dos indicadores acima, outra análise importante que o investidor com foco na montagem de uma carteira pagadora de dividendos deve fazer diz respeito aos fundamentos da empresa escolhida.
Em suma, essa análise serve para encontrar as empresas com bons fundamentos no mercado, ou seja, que geram valor a seus investidores.
Em regra, tal análise deve levar em consideração alguns indicadores da companhia, como, por exemplo, o seu lucro anual, o controle de sua dívida e o seu fluxo de caixa.
No geral, as empresas líderes de cada segmento da economia costumam ter melhores fundamentos. A sua posição no mercado, já consolidada, ajuda bastante nisso.
Essas empresas normalmente não precisam gastar muito dinheiro para reinvestir na própria atividade, uma vez que são negócios já bem desenvolvidos. Por isso, podem pagar dividendos maiores a seus investidores.
As empresas que estão em crescimento costumam reinvestir bastante o seu lucro em seus próprios negócios, portanto, na visão de especialistas, são desaconselháveis em uma carteira de investimentos focada em dividendos.
Veja também:
Como são pagos os dividendos
- Mais: acompanhe Luís Moran, Carol Borges e Felipe Paletta no Portal EuQueroInvestir.
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