Com juros altos e perspectivas que fiquem em patamar elevado por um bom tempo, acessar a rentabilidade da renda variável, em 2023, exige estratégia.
Dado o cenário político-econômico atual, o investidor deve comprar, vender ou não fazer nada com as ações?
Para responder a isso, o estrategista da EQI Investimentos, Denys Wiese e o head de operações estruturadas, Valter Manfro, explicam como investir na bolsa de forma segura e como diversificar a carteira de investimentos.
Será que chegou a hora de aumentar a exposição a esses ativos? E como fazer isso da melhor forma?
Saiba agora quando investir em ações!
- Leia também: Investidor inteligente, é hora de comprar ações? Confira a coluna de Denys Wiese!
Bom momento da bolsa: desempenho é sustentável?
“O mercado de hoje está mais light para os países emergentes”, comenta Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos.
E, segundo ele, existem razões para isso, como a reabertura da economia chinesa pós-política de Covid zero e os índices que apontam um ritmo de queda na inflação nos EUA, embora o Fed – Banco Central americano -, ainda mantenha um discurso duro.
“O mercado acredita no cenário de pouso suave. Os juros menores nos EUA, significam um alívio monetário para o mundo todo. No entanto, na Europa, a situação é menos favorável, com inflação maior e juros em ascensão”, aponta Wiese.
Já aqui no Brasil, na opinião do estrategista, o desafio é a construção de confiança por parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Os discursos estão mais alinhados, mas ainda não tivemos uma semana completamente calma com relação às políticas econômicas”, pondera.
Mas, esses “respiros”, na composição da economia mundial indicam que o mercado deve seguir um upside em 2023? Na avaliação de Denys ainda é difícil dizer.
“A variação do Ibovespa em 2022 (ver gráfico abaixo), mostra que a bolsa andou de lado durante o ano todo. Nos meses que se seguiram após as eleições, tivemos uma elevação de 14% e uma reação acentuada nos últimos 15 dias do ano. Mas, ainda não temos nada concreto que indique que essa virada deve se sustentar”, aponta Wiese.
Variação Ibovespa 2022
Ações defensivas tiveram melhor desempenho em 2022
De acordo com Wiese, em um cenário mais volátil, como o vivido no último ano, é possível ver que as ações de setores como saneamento e energia (utilities), foram as que tiveram melhor resultado.
“As ações mais defensivas subiram cerca de 10%, ao passo que as mais alavancadas não foram bem. As Small caps, indústria e consumo foram mal nos últimos 12 meses. Os bancos e setor imobiliário ficaram no zero a zero”, aponta.
Variação Ibovespa por setor em 2022
“Sabemos o quanto é difícil a tomada de decisão visto que existem bons e maus resultados na bolsa de valores”, avalia.
Para fugir desse “sobe e desce”, Wiese recomenda que o investidor que tenha interesse em investir na bolsa, siga uma metodologia para não se perder em meio às notícias que, por vezes, podem transmitir ruídos, ao invés de indicar sinais claros.
É hora de comprar ações?
“De antemão, afirmo que ninguém possui essa resposta. E há várias provas que mostram isso, como o que pode ser observado nas manchetes das revistas especializadas”, aponta.
Na ilustração abaixo, por exemplo, é possível ver a relação entre o que é noticiado e o desempenho da linha Ibovespa:
Para o estrategista da EQI, essas publicações tendem a replicar uma movimentação defasada dos investimentos. “Quando a bolsa já subiu bastante, as revistas afirmam ‘vai subir mais’. Quando já caiu bastante, elas afirmam ‘tá feio, vem crise aí’”, analisa.
Agora, Wiese propõe o mesmo formato de análise para o Ibovespa. Na tabela abaixo, o especialista reuniu as projeções dos analistas quanto à pontuação terminal do índice entre os anos de 2005 e 2022.
Projeção bolsa brasileira 2005-2022
“É possível ver que na maioria dos anos, o erro é bastante relevante. Outra questão interessante é que não vemos previsão de queda, sempre de alta. Se compararmos o upside projetado com o absoluto – o que foi realizado – teremos uma margem de erro de 94% para mais ou para menos”, observa Wiese.
Quando investir em ações: previsão x estratégia
Para o estrategista, as análises que incorrem em erros, falham na tentativa de acertar preço e prazo.
“As casas de análises podem apontar quais empresas são boas, o que é fundamental para a decisão de investir ou não. Mas, o mercado é um consciente coletivo, que reage de acordo com os fatos à frente e que ainda desconhecemos. Não podemos depender de ‘previsão’ para ganhar dinheiro”, ressalta.
“Eliminando as subjetividades, sem tentar prever o futuro, o que sobra é agir com estratégia”, destaca.
Wiese cita as análises fundamentalistas e técnicas como exemplos de ferramentas. “A fundamentalista é capaz de indicar que uma empresa é boa, mas não indica em quanto tempo ela estará em alta. Já a análise técnica, é mais ajustada ao timing. Ambas podem ser complementares quando o investidor tem uma estratégia”.
Veja também:
- Análise fundamentalista, como usar na prática?
- Análise gráfica: saiba o que é e como utilizá-la nos seus investimentos.
É hora de comprar ou vender ações: qual a melhor ação para investir
Como é impossível “prever” com exatidão para onde o mercado irá se movimentar, o jeito é olhar para uma média do comportamento nos últimos meses para caminhar com um norte.
“A média móvel dos 200 dias serve como uma ‘bússola’ para o mercado. Na qual olhamos para a média aritmética como uma referência de períodos de alta e baixa”, comenta.
A partir disso, o investidor pode adotar uma estratégia de balanceamento para saber quando deve se movimentar na bolsa. “Nenhuma estratégia é perfeita, mas é possível saber se a bolsa está mais para compra ou venda, tirando o psicológico da frente”, observa o estrategista da EQI Investimentos.
Quando investir em ações: divisão da carteiras de investimentos
Para o investidor da bolsa, Wiese recomenda a criação de duas carteiras: uma mais agressiva e outra defensiva. O tamanho do montante aplicado, segundo ele, irá variar de acordo com o perfil do investidor.
“Na carteira agressiva, podemos compor small caps, fundos de ações, fundos small caps, carteira de dividendos, fundos de dividendos, operações estruturadas e multimercados de alta volatilidade, com objetivo de te, oportunamente, forte ganho de capital”, explica.
Já a carteira defensiva vai em uma direção diferente. “O objetivo é prover liquidez para aproveitar momentos de forte queda da bolsa e, enquanto isso não acontece, obter ganhos moderados de capital”, destaca.
Nesta última, ele aponta a composição de produtos como IFIX, dólar, ouro, CDI, fundos multimercados de média e baixa volatilidade e operações estruturadas que limitem a perda. “A ideia é se perder, perder pouco, muito menos do que a própria bolsa”.
Entenda os objetivos de cada carteira:
Carteira agressiva
– Acompanhar e/ou superar a alta da bolsa;
– Exposição direcional à bolsa
– Beta positivo em relação ao ibov (IBOV, IDIV, SMLL);
– Sem uso de stop com relação de altas e baixas.
Carteira defensiva
-Pode haver exposição direcional, mas tem que ter limitação de risco (stop);
-Beta baixo, em relação ao Ibov ou até beta negativo (dólar, CDI, Ifix, ouro).
Saber quando investir em ações é uma questão de lógica
E como devem atuar as duas carteiras em uma estratégia de investimento na bolsa? Para Wiese, se trata de uma questão lógica, já utilizada em diversas situações do nosso dia a dia: comprar quando está barato e vender quando está caro.
“Quanto mais barata estiver a bolsa, mais exposição a risco podemos ter, a partir da carteira agressiva. Quanto mais cara estiver a bolsa, menos exposição a risco, e mais exposição da carteira defensiva”, calcula.
“À medida que o Ibov sobe, significa que as ações estão ficando mais caras. No sentido oposto, conforme o Ibov cai, os preços estão mais descontados”, observa.
Contudo, Wiese adverte que essa é uma estratégia de longo prazo, sendo necessário que o investidor permaneça firme em suas posições.
Rebalanceamento da carteira: estratégico para investir em ações em 2023
Na prática, a estratégia de rebalanceamento funciona conforme a média móvel dos 200 dias, aplicada dentro de uma metodologia explica o especialista.
“Se o Ibovespa estiver em cima da média, podemos montar uma carteira dividida entre 50% agressiva e 50% defensiva. Se subir 20% acima da média, a divisão ideal seria estar 25% posicionado de forma agressiva e 75% defensiva. Se o mercado subir 40% acima da média, zeramos a posição agressiva, mantendo 100% da carteira defensiva. Se a média cair, a lógica é a mesma”.
Mas, então, acompanhar o Ibov e rebalancear a carteira irá exigir que o investidor esteja 100% dedicado aos investimentos, acompanhando as movimentações do mercado durante boa parte do seu dia? Na verdade, não.
Conforme Denys Wiese explica, a tomada de decisão ocorre em momentos bastante pontuais. “Se considerarmos como exemplo um espaço de tempo de 20 anos, foram necessários 44 rebalanceamentos nesse período, uma média de 2,14 por ano”
- Leia também: Rebalanceamento da Carteira, os melhores ativos, na quantidade certa.
Composição das carteiras: e as melhores ações
Carteira agressiva
Em um exemplo de carteira agressiva, o head de operações estruturadas da EQI Investimentos, Valter Manfro, aponta como alternativas:
- Carteira recomendada de ações da EQI Research; “A carteira muda mês a mês a partir da análise de especialistas dedicados ao mercado, poupando o investidor deste tipo de função”, comenta.
- Fundo de small caps;
- Fundos de ações.
- Veja também: Fundos de ação: como investir em ações de forma prática.
Carteira defensiva
Já no exemplo de carteira defensiva, Manfro aponta como alternativas:
- Smart Hegde: uma operação estruturada com ações, que traz o benefício do capital protegido. “Se a bolsa cair muito, o investidor não perde, se subir muito acima da média, o ganho é comparado ao CDI”, informa Manfro.
- Carteiras administradas: produtos criados com a intenção de oferecer gestão ativa e calibragem oportunista de ativos.
Esse tipo de estratégia oferece atendimento de wealth management – específico para gestão de fortunas –, mas acessível a qualquer investidor e a preço de varejo: o aporte mínimo é de R$ 100 mil.
“Essa é uma alternativa para o investidor que poderá contar com um gestor dedicado aos relabanceamentos”, complementa Manfro.
A EQI Asset possui duas classes de carteiras administradas:
- Carteira recomendada de Fundos Imobiliários: “Assim como na carteira de ações, a de Fundos Imobiliários muda mês a mês a partir da análise de especialistas dedicados ao mercado”, comenta.
- Veja também: carteira recomendada de FIIs: confira selecionados para dezembro, segundo EQI Research.
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