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Faria Lima desceu para BC: Humans of Faria Lima

Faria Lima desceu para BC: Humans of Faria Lima

De paletó e capacete, o investidor e influenciador Arthurito Faria Lima subiu ao palco para dar início ao painel “Humans of Faria Lima – Papo Reto com quem Vive o Mercado”, em plena Money Week, em Balneário Camboriú. Um deslocamento simbólico, como ele mesmo explicou: “A Money Week ajuda a mostrar que o mercado vai muito além do eixo Rio-São Paulo.”

Arthurito, conhecido pelo perfil @arturito.farialima nas redes sociais, começou seu projeto de forma anônima, fazendo graça com o mundo das finanças, mas também contando histórias reais através do quadro “humans of Faria Lima”. Criou um canal onde os bastidores do sucesso são expostos sem glamour, revelando como as trajetórias profissionais são mais sobre desvios, tombos e reinvenções do que sobre fórmulas prontas.

Nesse espírito, Arthurito conduziu o papo com dois profissionais que representam bem essa complexidade: Ilana Bobrow, ex-sócia da XP e cofundadora da Vitreo e da benup; e Álvaro Schocair, fundador da Link School e ex-Tarpon. Apesar de trajetórias diferentes, os dois compartilharam algo essencial: a disposição de seguir seus instintos, mesmo quando isso significava romper com o caminho mais “seguro” do mercado financeiro tradicional.

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Entre planos frustrados e descobertas inesperadas

Quando Arthurito provocou os convidados sobre os planos de carreira que tinham na faculdade, as respostas já escancararam a mudança de mentalidade que ambos viveram. Ilana foi direta: “Eu queria ser presidente da Goldman Sachs no Brasil.” Álvaro não ficou atrás na sinceridade: “Eu sabia o que queria ser: rico.”

Mas os caminhos tomaram rumos inesperados. Ilana começou na área macroeconômica do Credit Suisse, passou pela Goldman e chegou à XP, até que a maternidade e a vontade de criar algo seu a impulsionaram para o empreendedorismo. “Sou de uma família de empreendedores. Descobri que gosto de problema, de desafio, de levar algo do zero para o um.”

Álvaro, por outro lado, nem chegou a seguir o roteiro corporativo. “Passei em estágios no Citibank, no Banco Patrimônio, mas larguei tudo para fundar uma startup em 1998.” Em menos de dois anos, vendeu a empresa e foi atraído para o mercado financeiro por uma conversa com Luiz Alves Paes de Barros. “Ele era simples, sozinho numa sala lendo balanços. Saí de lá decidido. Era isso que eu queria aprender.”

O valor de sujar a mão na operação

Mesmo com históricos distintos, ambos encontraram no empreendedorismo um tipo de realização que a estrutura tradicional do mercado não oferece. Ilana, após vender a Vitreo para o BTG Pactual, cofundou a benup e voltou à rotina intensa de startup. “Eu gosto de ouvir o cliente, de fechar venda, de ver o que está funcionando na prática. É muito diferente do que vivia como equity sales na Goldman, que era muito intangível.”

Álvaro fez o caminho oposto: depois de anos como gestor de recursos na Tarpon, fundou a Link School of Business, uma faculdade com foco exclusivo em formar empreendedores. “Percebi que o Brasil não tinha um lugar onde o jovem pudesse construir algo com acesso a capital, mentorias e liberdade para testar.” Hoje, já são mais de mil alunos e 123 startups criadas dentro da escola.

Ambos destacam como as experiências anteriores, mesmo em ambientes corporativos ou altamente estruturados, agregam repertório para os novos negócios. Ilana lembra: “Tudo que vivi na Goldman – processos, cultura, estrutura – aplico hoje na benup. Isso nos dá vantagem desde o início.”

Do centro para as bordas: o novo mercado financeiro

O título do painel não era só provocação. “Faria Lima desceu para BC” representa o deslocamento geográfico e simbólico do mercado. Ilana refletiu sobre a tendência de descentralização: “Você vê players regionais como a EQI ganhando força. Isso é resultado de uma vontade de empreender, de fazer diferente.”

Ela também vê esse movimento como uma consequência direta da cultura das fintechs. “A Vitreo nasceu para tirar intermediários do caminho. Queríamos fazer investimento acessível, digital, direto ao ponto. Isso forçou até os bancões a se mexerem. E quem ganha com isso é o investidor.”

Arthurito reforçou que o mercado está mais plural, e que as redes sociais também contribuíram para quebrar a aura elitista da Faria Lima. Com seu canal @humansfl, ele tornou acessível o que antes era fechado.

A geração que não quer só salário

Encerrando o papo, Arthurito provocou Álvaro sobre a nova geração: “Essa galera ainda sonha em virar executivo de banco ou já mudou a cabeça?” A resposta veio com força: “Hoje a garotada quer construir. O jovem não quer mais só trabalhar pra deixar um banqueiro mais rico. Quer propósito, quer impacto.”

Álvaro fez questão de lembrar que muitos talentos acabam sumindo nas estruturas engessadas das grandes corporações. “Chamo isso de Triângulo das Bermudas: bancos, consultorias, multinacionais. Ali, muitos sonhos se perdem.”

Ilana, por sua vez, trouxe a responsabilidade para os líderes: “Como posso fazer meu time se sentir parte? Como posso dar espaço para ideias novas, especialmente dos jovens? Se você escuta, valoriza e compartilha propósito, dá para criar algo grande.”

Humans of Faria Lima: sem molde, sem manual

A plenária mostrou que “humans of Faria Lima” são, na verdade, sobre gente que escolhe seus próprios caminhos. Com erros, improvisos e decisões que, à primeira vista, parecem malucas – mas fazem sentido com o tempo. Arthurito, Ilana e Álvaro não seguiram um script. Criaram seus próprios.

E se o mercado está se reinventando, talvez seja hora de as pessoas também pararem de procurar uma fórmula e saber que a única constante é o movimento.

O painel ocorreu durante a Money Week, evento da EQI Investimentos, realizado em 1 de agosto em Balneário Camboriú – e você pode acompanhar a cobertura completa clicando no botão abaixo.

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