Durante a Money Week, evento promovido pela EQI Investimentos em 1º de agosto, em Balneário Camboriú (SC), o painel “Investimento em tijolo, retorno em dólar: O real estate americano para brasileiros” reuniu Douglas Strabelli, fundador e CEO da Sagewood Corporation, e Leonardo Guimarães Corrêa, CFO da Resia e conselheiro de diversas empresas, com mediação de Luís Mangini, gestor de fundos imobiliários da EQI Asset.
O debate apresentou um panorama sobre o mercado imobiliário dos Estados Unidos e estratégias para investidores brasileiros que buscam diversificação e rentabilidade em moeda forte.
Mercado profissionalizado e segurança jurídica
Leonardo Corrêa destacou que o mercado americano de aluguel é altamente profissionalizado, com empreendimentos planejados especificamente para locação.
Segundo ele, essa estrutura traz liquidez e previsibilidade, características fundamentais para investidores que buscam retorno em dólar.
“O mercado possui dados abundantes sobre oferta, demanda e preços, o que garante transparência e facilita decisões”, afirmou.
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Corrêa ressaltou ainda que contratos são cumpridos com rigor, a segurança jurídica é sólida e o mercado secundário oferece grande liquidez, tanto para ativos de luxo quanto para o segmento multifamily, voltado à classe média americana.
Eficiência construtiva como diferencial
Douglas Strabelli observou que, apesar de ser uma indústria tradicional, a construção civil nos EUA enfrenta desafios de custo e disponibilidade de mão de obra, frequentemente composta por imigrantes.
Para reduzir prazos e despesas, a Sagewood desenvolveu processos construtivos industriais, como a fabricação de módulos prontos — banheiros e cozinhas — em fábricas especializadas, que chegam aos canteiros de obras totalmente acabados e são instalados com poucas conexões.
“Isso aumenta a velocidade, reduz riscos e melhora a taxa interna de retorno, que é altamente sensível ao fator tempo”, explicou Strabelli.
Demanda crescente e foco regional
Corrêa ressaltou que a base da pirâmide de renda nos EUA está se expandindo, criando demanda consistente por moradias acessíveis para famílias com renda anual entre US$ 80 mil e US$ 100 mil.
Essa tendência, somada a movimentos migratórios internos — como a saída de residentes de Nova York e Califórnia para estados como Flórida e Texas —, impulsiona a procura por empreendimentos bem localizados.
“Analisamos minuciosamente cada região, entendendo quem é o cliente, sua renda e preferências. Até detalhes como o tipo de geladeira podem impactar o valor do aluguel e, no fim, o retorno em dólar para o investidor”, disse Corrêa.
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Liquidez e atratividade para o capital institucional
O segmento multifamily representa cerca de 15% do mercado imobiliário americano, que por sua vez responde por metade dos ativos financeiros do país.
Grande parte desses empreendimentos é detida por fundos, endowments e REITs, garantindo liquidez e atratividade para o capital institucional.
Para Strabelli, padronizar projetos e avaliar com rigor terrenos, custos e demanda final é essencial para assegurar que o ativo seja desejado tanto por locatários quanto por compradores.
Proteção e gestão de riscos
O painel também abordou práticas de mitigação de riscos, como seguros wrap-up, que cobrem desde a incorporação até a construção, além de contratos específicos com subcontratados para proteger todas as partes envolvidas.
“O importante é estruturar o projeto para que seja financeiramente viável, juridicamente seguro e operacionalmente eficiente”, pontuou Strabelli.